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Portugal saúda o novo Governo palestiniano

O Governo português está disponível para trabalhar com as novas autoridades palestinianas, afirma o ministro dos Negócios Estrangeiros em comunicado

O Executivo português congratulou-se, esta quarta-feira, com a formação do novo Governo de unidade nacional palestiniano, que tomou posse há dois dias. 

“Portugal sempre apoiou a reconciliação palestiniana, sob a liderança do Presidente Abbas e desde que o Governo de unidade respeite o princípio da não violência e os acordos anteriores no âmbito do processo de paz, incluindo o reconhecimento do Estado de Israel”, afirmou, em comunicado, o ministério dos Negócios Estrangeiros. 

“O Governo Português congratula-se, assim, com a declaração do Presidente Abbas assegurando que o novo Governo respeitará estes princípios e reafirma a disponibilidade para trabalhar com as novas autoridades comprometidas com a paz”, continuou o comunicado.

Chefiado pelo primeiro-ministro Rami Hamdallah e composto por tecnocratas, o novo executivo decorre do acordo de reconciliação celebrado entre as duas principais fações palestinianas, Fatah (do Presidente Mahmud Abbas) e Hamas (que não reconhece Israel).

“A reconciliação palestiniana é um passo necessário para a solução de dois Estados, Israel e Palestina”, concluiu o Governo de Lisboa “É agora urgente que as partes retomem as negociações no âmbito do processo de paz.”

Artigo publicado no “Expresso Online”, a 4 de junho de 2014. Pode ser consultado aqui

Novo Governo na Palestina. Conseguirá governar?

Fatah e Hamas formaram um Governo de unidade nacional que tomou posse esta segunda-feira. O Executivo é composto por independentes e tecnocratas

Fatah e Hamas ultrapassaram divergências que duravam há sete anos e formaram um Governo de unidade nacional que tomou posse esta segunda-feira, em Ramallah.

As duas principais fações políticas palestinianas negociaram um Executivo de personalidades tecnocratas e politicamente independentes, chefiado por Rami Hamdallah, o atual primeiro-ministro da Cisjordânia.

O ministério dos Assuntos dos Prisioneiros foi a pasta mais disputada, levando as negociações até ao último minuto. O executivo tem 17 ministros, cinco dos quais oriundos da Faixa de Gaza. Hamdallah é também ministro do Interior.

A principal tarefa do novo Governo é a organização de eleições gerais dentro de seis meses. As últimas eleições presidenciais na Palestina realizaram-se em 2005 e últimas legislativas um ano depois. 

“Hoje, com a formação de um Governo de consenso nacional, anunciamos o fim de uma divisão palestiniana que tem prejudicado muito a nossa causa nacional”, afirmou o Presidente palestiniano, Mahmud Abbas. 

Em Israel, o anúncio foi recebido com hostilidade. O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu apelou aos líderes mundiais que não se apressem a reconhecer o novo Governo. “O Hamas é uma organização terrorista que defende a destruição de Israel, e a comunidade internacional não deve apoiá-lo. Isso não reforçaria a paz, isso fortaleceria o terror”, disse.

Israel tinha já suspendido as conversações de paz com a Autoridade Palestiniana após a celebração da reconciliação nacional Fatah-Hamas, a 23 de abril passado.

A sombra do passado

Desde 2007 que as duas fações palestinianas têm governado os dois territórios palestinianos separadamente — a Fatah (moderada) na Cisjordânia, através da Autoridade Palestiniana, e o Hamas (islamita) na Faixa de Gaza.

O Hamas vencera as eleições legislativas palestinianas no ano anterior, das quais saíra uma coligação governamental com a Fatah. Esse status quo — ou seja, a participação do Hamas nesse Governo — não foi reconhecido internacionalmente, levando Estados Unidos e outros países ocidentais a reter milhões de dólares de ajuda aos palestinianos.

O crescente isolamento internacional da Palestina levou à rutura. O Hamas depôs a Fatah na Faixa de Gaza, acentuando a liderança bicéfala palestiniana.

As pazes são feitas sete anos depois, com as mesmas preocupações internacionais de então. Num telefonema feito no domingo para o Presidente palestiniano, o secretário de Estado norte-americano John Kerry disse que o novo Governo tem de “comprometer-se com os princípios da não-violência, reconhecimento do Estado de Israel, e aceitação dos acordos prévios” celebrados com os israelitas.

Artigo publicado no “Expresso Online”, a 2 de junho de 2014. Pode ser consultado aqui