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A caminho da Coreia do Norte “de olhos bem abertos”

Um grupo de jornalistas ocidentais e chineses viajou para a Coreia do Norte para cobrir o encerramento de um local onde se realizaram testes nucleares. Apesar de previamente convidados, os repórteres sul-coreanos ficaram em terra

Cerca de 20 jornalistas ocidentais e chineses embarcaram, esta terça-feira, rumo à Coreia do Norte para testemunharem o desmantelamento do sítio de Punggye-ri, onde foram realizados seis testes com armas nucleares. Para Pyongyang, o encerramento do local é uma demonstração de boa fé e seriedade em relação à desnuclearização da península coreana.

Entre os órgãos de informação que receberam visto da Coreia do Norte estão a agência Associated Press, as televisões americanas CNN e CBS, a agência russa TASS, a televisão Russia Today e a televisão chinesa CCTV.

“Vamos entrar com os olhos bem abertos e veremos o que acontece”, disse o repórter da CNN Will Ripley, no Aeroporto Internacional de Pequim, de onde partiu o voo da Air Koryo rumo à Coreia do Norte. “Esperamos que os norte-coreanos sejam transparentes como dizem que são e nos mostrem o local de testes nucleares e o seu desmantelamento.”

Previamente, os Estados Unidos apelaram a “um encerramento permanente e irreversível que possa ser inspecionado e totalmente contabilizado”, mas a comitiva não inclui técnicos que possam, com o seu conhecimento específico, atestar que o que efetivamente acontece é aquilo que Pyongyang apregoa.

A 12 de maio, a Coreia do Norte endereçou convites a jornalistas de cinco países — Coreia do Sul, China, Rússia, Estados Unidos e Reino Unido. Cinco Estados apenas, “devido ao espaço confinado do local”, informou, no Twitter, um dos repórteres bafejados com um visto.

https://twitter.com/willripleyCNN/status/995298752213565440?ref_src=twsrc%5Etfw%7Ctwcamp%5Etweetembed%7Ctwterm%5E995298968077680640%7Ctwgr%5E%7Ctwcon%5Es2_&ref_url=https%3A%2F%2Fexpresso.pt%2Finternacional%2F2018-05-22-A-caminho-da-Coreia-do-Norte-de-olhos-bem-abertos

Chegados à hora de embarque, porém, os sul-coreanos ficaram em terra, sem autorização para subirem a bordo.

Em comunicado, o Ministério da Unificação da Coreia do Sul lamentou o revés na decisão de Pyongyang. “No entanto, o Governo [de Seul] presta a devida atenção ao facto de a promessa do Norte em desmantelar o local de testes nucleares de Punggyeri, uma primeira medida no sentido da desnuclearização, estar a decorrer como planeado, e espera que tal ação conduza à realização com sucesso da cimeira entre a Coreia do Norte e os EUA”.

Apesar da histórica cimeira entre as duas Coreias, a 27 de abril passado, a relação bilateral continua vulnerável. A realização, esta semana, dos exercícios militares anuais conjuntos entre os EUA e a Coreia do Sul foi sentida, em Pyongyang, como uma provocação. Os norte-coreanos endureceram o discurso e ameaçaram cancelar a anunciada cimeira entre os líderes dos EUA e da Coreia do Norte, Donald Trump e Kim Jong-un, a 12 de junho em Singapura.

Artigo publicado no “Expresso Online”, a 22 de maio de 2018. Pode ser consultado aqui