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Noruega vai acolher tropas norte-americanas

Um total de 330 militares dos Estados Unidos serão destacados para aquele país escandinavo a fim de participarem em exercícios previstos para janeiro. A Noruega não permitia tropas estrangeiras no seu território desde 1949

O Parlamento norueguês aprovou, na segunda-feira, o destacamento temporário de 330 soldados norte-americanos no país. A decisão tem contornos históricos já que o país escandinavo não acolhe tropas estrangeiras no seu território desde 1949.

O dispositivo ficará estacionado na zona de Vaernes (centro), informou o ministério norueguês da Defesa e tem como objetivo a participação em exercícios militares previstos para janeiro. Este destacamento “terá implicações positivas na nossa já de si forte relação bilateral”, defendeu o ministro da Defesa, Ine Eriksen Søreide.

“Este não é um bom sinal que nós damos”, contrapôs o líder da oposição, Audun Lysbakken, líder do Partido da Esquerda Socialista. “Enfrentamos um clima político frio que requer previsibilidade por parte da Noruega.”

A decisão tomada pelo Governo liderado pela conservadora Erna Solberg procovou nervosismo na Rússia — com quem a Noruega partilha uma fronteira de quase 200 quilómetros — que mostrou surpresa num comunicado enviado à agência France Presse.

“Levando em consideração múltiplas declarações feitas por responsáveis noruegueses relativos à ausência de uma ameaça da Rússia em relação à Noruega, gostávamos de compreender por que razão a Noruega está tão desejosa de aumentar o seu potencial militar”, afirmou Maxime Gourov, porta-voz da embaixada russa em Oslo.

Artigo publicado no “Expresso Online”, a 25 de outubro de 2016. Pode ser consultado aqui

Tentativa de golpe de Estado em curso na Turquia

Primeiro-ministro confirma que há movimentação de militares nas ruas de Ancara e Istambul. As fronteiras estão encerradas, ninguém entra ou sai do país

Está em curso uma tentativa de golpe de Estado na Turquia. A confirmação foi dada pelo primeiro-ministro, Binali Yıldırım, ao começo da noite desta sexta-feira. As movimentações de militares terão começado por volta das 20h50 (hora de Lisboa).

“Esta é uma tentativa de golpe de Estado. Estamos a considerá-la como um levantamento militar, que não vamos deixar ter sucesso. Aqueles que fazem esta tentativa vão pagar um preço pesado”, disse o líder do Executivo aos jornalistas, citado pela imprensa turca.

Em comunicado, a fação militar que iniciou o golpe de Estado, afirma ter tomado “total controlo do país”. Segundo as forças armado, no texto citado pela agência turca Dogan, o objetivo é “reinstalar a ordem constitucional, a democracia, os direitos humanos, a liberdade, garantir que o Estado de direito volta a reinar no país e que a lei e ordem sejam reinstaladas”.

Ninguém pode sair ou entrar no país. “É oficialmente declarado agora que um golpe militar está a acontecer. Todas as fronteiras estão fechadas”, avança a estação de televisão governamental TRT.

O acesso às redes sociais foi restringido, escreve a Reuters.

Segundo testemunhas, vários aviões estão a sobrevoar Ancara a baixa altitude e tanques militares estão a bloquear parcialmente as duas pontes sobre Bósforo e o aeroporto. Al Jazeera acrescenta que também o aeroporto de Istambul foi encerrado e os voos cancelados.

Há informações que apontam para a ocorrência de uma explosão na Academia da Polícia e na sede dos Serviços Secretos turcos. Existem ainda rumores de que alguns sectores militares entraram em confronto com as forças da polícia.

No entanto, os golpistas deverão tentar neutralizar a polícia que é predominantemente pró-governo.

Artigo escrito com José Pedro Tavares, correspondente em Ancara, Liliana Coelho e Marta Gonçalves.

Artigo publicado no “Expresso Online”, a 15 de julho de 2016. Pode ser consultado aqui

ONU quer drones a proteger as suas missões

Em 2013, morreram 106 capacetes azuis. As Nações Unidas querem investir em aparelhos não tripulados para proteger o seu ‘staff’

Em média, morre um ‘capacete azul’ a cada 30 dias, alertam as Nações Unidas. Os soldados da paz estão no terreno desde 1948, mas segundo Hervé Ladsous, chefe do Departamento de Operações de Manutenção de Paz da ONU, é urgente que a organização atualize a tecnologia ao serviço das suas missões.

O francês apela mesmo ao investimento em drones (aviões não tripulados) para reduzir riscos e proteger as equipas no terreno. “Precisamos deles em países como o Mali, a República Centro-Africana e, claramente, o Sudão do Sul”, disse na quinta-feira, durante a cerimónia de atribuição da Medalha Dag Hammarskjöld – o secretário-geral da ONU morto em funções, num acidente de viação suspeito na então Rodésia do Norte (atual Zâmbia), em 1961 – dada a título póstumo a trabalhadores mortos em missões da ONU. 

“Em pleno século XXI, não podemos continuar a trabalhar com ferramentas do século XX”, acrescentou Hervé Ladsous, recordando que “nalguns casos, o uso de tecnologia pode ser necessário para não termos tantos militares no terreno”, disse em Nova Iorque.

Em missão e em risco

A ONU tem usado drones na República Democrática do Congo. Os aparelhos são considerados vitais para monitorizar as movimentações de grupos armados e proteger populações vulneráveis, o que já aconteceu com 90 mil civis no conflito no Sudão do Sul.

Desde 1948, mais de um milhão de pessoas já serviram em mais de 70 operações em quatro continentes. Mais de 3200 morreram, incluindo 106 no ano passado (e também 22 civis), a maioria em África e particularmente no Darfur e no Sudão do Sul.

Atualmente, mais de 116 mil capacetes azuis, oriundos de 120 países, servem em 16 operações de manutenção da paz espalhadas por todo o mundo, “com grandes riscos pessoais”, afirma o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon.

As Nações Unidas instituíram o dia 29 de maio como Dia Internacional das Forças de Manutenção da Paz da ONU.

Artigo publicado no “Expresso Online”, a 30 de maio de 2014. Pode ser consultado aqui