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Há boas cidades para se viver. E há as melhores

Pegue-se em 140 cidades de todo o mundo, passe-se-as pelo crivo de cinco critérios, estabeleça-se uma pontuação e… eis a lista das melhores cidades para se viver. Uma conceituada publicação internacional voltou a fazer este exercício anual — e tanto o lugar da vencedora como o de várias outras não é assim tão óbvio, incluindo o de Lisboa. 2:59 JORNALISMO DE DADOS PARA EXPLICAR O PAÍS

Nova Iorque, Paris, Londres ou Tóquio.

São cidades modernas que inspiram músicas, aparecem em filmes e são facilmente reconhecidas como as grandes capitais do mundo. Muitos de nós sonham visitá-las e, quem sabe, um dia lá morar. Mas terão estes ícones urbanos a qualidade de vida que projetamos? E é lá que se vive melhor?

O último ranking da Economist Intelligence Unit pegou em 140 cidades e avaliou-as mediante cinco critérios: estabilidade, educação, cuidados de saúde, cultura & ambiente e infraestruturas.

A cidade vencedora é surpreendente. Mas já lá vamos…

Olhando agora para o lote das melhores classificadas, constatamos que há três cidades australianas, três canadianas e duas japonesas.

E em 10º lugar, ficou Adelaide, na Austrália, logo seguida da dinamarquesa Copenhaga. Depois, Tóquio, a capital do Japão, e duas cidades canadianas, Toronto e Vancouver.

Em 5º lugar, ficou a cidade da ópera ao pé da baía, Sidney. E em 4º, a canadiana Calgary.

Mas antes de subirmos ao pódio, vejamos algumas curiosidades.

Todas estas cidades tiveram pontuação máxima no índice da educação.

Ao nível dos cuidados de saúde, só Copenhaga ficou abaixo dos 100 pontos.

Já no capítulo cultura & ambiente, apenas Vancouver conseguiu a pontuação máxima.

Descubramos então quais são as cidades que melhores condições reúnem para se viver.

A medalha de bronze foi atribuída a… Osaka. Nos guias turísticos, a cidade japonesa cativa por ter um dos melhores aquários do mundo, pelo seu castelo e templos budistas e também pelo bairro de Dotonbori, repleto de lojas, restaurantes e néons. Este estudo realça uma melhoria ao nível da qualidade e quantidade de transportes públicos e um declínio consistente nas taxas do crime. Osaka só fica aquém ao nível das infraestruturas e no capítulo da cultura e ambiente.

Subamos um degrau no pódio. E no segundo posto, surge a australiana Melbourne. Durante sete anos consecutivos, a cidade com quase 5 milhões de habitantes, que pode ser observada do topo da Torre Eureka, vinha sendo a líder incontestada deste ranking. Só que em 2018, foi especialmente penalizada no critério estabilidade.

É então chegado o momento de revelar quem arrecadou o título de melhor cidade para se viver. E parabéns… Viena.

A capital da Áustria é um reconhecido centro de música erudita que seduz também pelas suas belezas arquitetónicas ou por aprazíveis espaços de lazer como o Prater, onde se situa o parque de diversões mais antigo do mundo.

Entre as 140 cidades avaliadas, também está Lisboa. A capital portuguesa aparece muito longe dos primeiros lugares, mas ainda assim na primeira metade da lista. Curiosamente, à frente de cidades como Roma e Nova Iorque.

Episódio gravado por Cristina Pombo.

(FOTO A famosa Roda Gigante, no parque do Prater, é um dos ícones de Viena WIENER RIESENRAD)

Artigo publicado no “Expresso Online”, a 21 de fevereiro de 2019. Pode ser consultado aqui

E a melhor cidade do mundo para se viver é… (e a pior?)

Pela primeira vez, uma cidade europeia foi considerada a melhor do mundo para se viver, obtendo pontuação máxima ao nível de cuidados de saúde, qualidade da educação e infraestruturas. Em 140 cidades, Lisboa surge depois do primeiro terço da tabela… mas ainda assim à frente da “capital do mundo”

Durante sete anos, Melbourne reinou na tabela anual da Economist Intelligence Unit como “a melhor cidade do mundo para se viver”. Na lista deste ano, divulgada esta terça-feira, a cidade australiana caiu para segundo lugar, destronada por Viena.

As duas cidades obtêm pontuação máxima nos índices “saúde”, “educação” e “infraestruturas”. A cidade australiana tem melhor registo no capítulo “cultura e ambiente”, apesar da autoridade vienense em matéria de música clássica. Mas o que faz a diferença — e dá a vitória final à capital austríaca — é a “estabilidade”. No total, Viena somou 99,1 pontos, num total de 100, e Melbourne ficou-se nos 98,4.

Pela primeira vez, este índice anual de 140 cidades, reconhecido internacionalmente como uma ferramenta credível de apoio a investidores, é liderado por uma cidade europeia. Segundo os autores do estudo, a liderança de Viena reflete “um relativo regresso à estabilidade em grande parte da Europa”, com uma melhoria dos índices de segurança em várias cidades da Europa Ocidental.

Penalizadas anteriormente por terem sido palcos de atentados terroristas, Paris (19º) e Manchester (35º) foram as cidades que mais recuperaram no ranking. “Apesar de terem sido alvo de ataques terroristas de grande repercussão nos últimos anos, que abalaram a estabilidade e levaram a medidas de segurança incómodas, ambas as cidades mostraram resiliência perante a adversidade”, diz o relatório.

Numa evolução inversa, San Juan, em Porto Rico, atingida em cheio, no ano passado, pelo mortífero furacão Maria, caiu 21 lugares, para a posição 89.

Entre os “dez mais”, para além de Viena, o Velho Continente regista apenas mais uma presença: Copenhaga, a capital dinamarquesa, no 9º lugar. A inevitável Londres, que, como o comprova o incidente desta terça-feira, em Westminster, continua a ser fustigada por ameaças à segurança, não vai além do 48º lugar.

No tradicional duelo espanhol, Barcelona (30º) leva a melhor sobre Madrid (39º). Ao nível das cidades portuguesas, Lisboa surge sem companhia, no 54º posto, um lugar antes de Roma.

O Japão é o país ascendente, com duas entradas diretas no top-10, graças a um declínio nas taxas de crime e a uma melhoria da qualidade dos transportes públicos em Osaca e Tóquio. Já Nova Zelândia, Finlândia e Alemanha perderam o seu representante entre os melhores — Auckland, Helsínquia e Hamburgo, respetivamente.

No território da maior economia do mundo — os Estados Unidos —, a cidade com melhor registo é… Honolulu (23º), no Havai. A cosmopolita Nova Iorque surge apenas no 57º lugar, depois de 13 outras metrópoles norte-americanas.

Ásia e África contribuem abundantemente para o lote das cidades que ocupam os últimos lugares, com graves carências ao nível do desenvolvimento, grande instabilidade política, situações de guerra aberta e vulnerabilidade ao terrorismo.

Cidades como Bagdade e Cabul, no centro de duas grandes guerras do século XXI — Iraque e Afeganistão —, não são avaliadas. Já Damasco é a que fecha a lista. Herdeira de um passado esplendoroso, a capital da martirizada Síria foi, entre os anos 661 e 750, a capital do califado omíada, o segundo de quatro califados islâmicos estabelecidos após a morte de Maomé e que se estendeu da Península Ibérica ao atual Afeganistão.

(FOTO Palácio Belvedere, em Viena, na Áustria DIEGO DELSO / WIKIMEDIA COMMONS)

Artigo publicado no “Expresso Diário”, a 14 de agosto de 2018 e rpublicado no “Expresso Online”. Pode ser consultado aqui e aqui