O número de refugiados sírios ultrapassou o dos afegãos, apurou as Nações Unidas. Conflitos no Médio Oriente e Norte de África deslocaram para essas regiões a maior população de refugiados que, até 2014, era oriunda da Ásia-Pacífico

Os sírios ultrapassaram os afegãos e são, atualmente, o segundo maior grupo de refugiados, atrás dos palestinianos. Segundo o relatório das Nações Unidas “Mid-Year Trends 2014“, com mais de três milhões de refugiados registados em junho do ano passado, os sírios correspondem a 23% do universo de refugiados — sensivelmente 13 milhões de pessoas em todo o mundo, a maior cifra desde 1996.
A população que recebe assistência do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) integra ainda 26 milhões de deslocados internos.
“Enquanto a comunidade internacional continuar a falhar na busca de soluções políticas para os conflitos existentes e que previnam novos conflitos, continuaremos a lidar com consequências humanitárias dramáticas”, denunciou António Guterres, secretário-geral do ACNUR.
Segundo a ONU, os sírios que abandonaram o país para escapar à guerra, que já provocou mais de 200 mil mortos desde março de 2011, procuraram refúgio em mais de 100 países. Os países vizinhos — Líbano, Iraque, Jordânia e Turquia — são os que sofrem o maior impacto.
Líbano sob pressão
O Líbano é mesmo o país que regista a maior densidade de refugiados, com 257 em cada 1000 habitantes. No mundo industrializado, a Suécia é aquele que acolhe mais refugiados, com uma relação de 12 por 1000 habitantes.
Segundo o relatório do ACNUR, durante o primeiro semestre de 2014, 5,5 milhões de pessoas fugiram de casa na sequência de conflitos sobretudo no Médio Oriente e no Norte de África. Cerca de 1,4 milhões abandonaram mesmo os seus países.
Na lista de refugiados por nacionalidades, após palestinianos e sírios, surgem afegãos (com 2,7 milhões), somalis (1,1 milhões), sudaneses (670.000), sul-sudaneses (509.000), congoleses (493.000), birmaneses (480.000) e iraquianos (426.000).
Os alertas de Guterres
“O custo económico, social e humano da ajuda aos refugiados e aos deslocados internos está a ser suportado sobretudo pelas comunidades pobres, aquelas que têm menos condições para o pagar”, afirmou António Guterres.
“Mais solidariedade internacional é uma necessidade, se quisermos evitar o risco de termos cada vez mais pessoas vulneráveis e sem apoio.”
O Paquistão é, em termos absolutos, o país que acolhe mais refugiados. Só afegãos vivem lá 1,6 milhões.
Com cerca de 5 milhões de refugiados, os palestinianos lideram a lista de refugiados, tendo as Nações Unidas, inclusive, criado uma agência própria (UNRWA) para lidar com o problema.
Artigo publicado no “Expresso Online”, a 7 de janeiro de 2015. Pode ser consultado aqui
