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Um protetorado que custou sete anos de guerra

Avizinha-se o fim do conflito na Síria. Mas a presença militar da Rússia e do Irão está para durar

O fim da guerra na Síria está à distância de uma batalha. Idlib, uma província no noroeste, é o último quinhão de terra em posse de grupos rebeldes, alguns de orientação secular, a maioria islamitas. Por estes dias vive-se uma trégua na área, ditada por um acordo assinado a 17 de setembro entre a Rússia (o principal apoio do regime sírio) e a Turquia (o país vizinho mais exposto ao conflito).

O pacto prevê a criação de uma zona tampão de 15 a 20 quilómetros entre Lataquia e Alepo, províncias que ladeiam Idlib. Se tudo correr como planeado, essa zona desmilitarizada, desenhada para afastar forças governamentais e rebeldes, ficará estabelecida até à próxima segunda-feira.

Se, num primeiro momento, esta pausa nos combates teve o condão de conter uma ofensiva militar sírio-russa que parecia iminente sobre o último reduto rebelde, falta perceber se o silêncio das armas é o princípio do fim do conflito ou a calmaria que antecede a tempestade.

“Em Idlib alcançou-se uma trégua precária para evitar uma crise humanitária de consequências incalculáveis, já que nessa província vivem dois milhões e meio de pessoas”, comenta ao Expresso Ignacio Álvarez-Ossorio, professor de Estudos Árabes e Islâmicos na Universidade de Alicante (Espanha). “Mas nas próximas semanas poderá desencadear-se uma ofensiva militar para tentar quebrar a resistência.” Em todo o caso, “parece evidente que se está a entrar na última fase do conflito sírio”.

Bashar al-Assad controla atualmente dois terços do território da Síria e governa três quartos da população. Além de Idlib, também a área a norte do rio Eufrates — cerca de um quarto do país — escapa ao seu controlo. A zona está em paz, mas nas mãos de forças curdas, as chamadas Unidades de Proteção Popular (YPG), que contam com o apoio dos Estados Unidos. Os norte-americanos têm ali pelo menos 2000 efetivos.

A incógnita curda

Terminada a guerra, o futuro desta região será uma grande incógnita. “As milícias curdas aproveitaram a luta contra o autodenominado Estado Islâmico (Daesh) para estenderem a sua influência para lá das zonas de maioria curda”, recorda o académico espanhol. “Chegaram a controlar a cidade árabe de Raqqa [os curdos não são árabes], cujos arredores acumulam uma grande riqueza em hidrocarbonetos.” Raqqa foi, durante anos, a capital do ‘califado’ decretado pelo temido e impiedoso Daesh em vastas áreas da Síria e do Iraque.

À semelhança do que aconteceu no Iraque, onde o fim da era de Saddam Hussein significou para a minoria curda mais autonomia do que aquela que tinha conquistado após a Guerra do Golfo (1990-91), os curdos sírios vão querer transformar as conquistas da guerra em ganhos políticos.

“O Partido da União Democrática curdo [PYD] vai tentar aproveitar esta posição de força sobre o terreno para arrancar concessões ao regime e conseguir que este aceite o estabelecimento de um Estado federal, como aconteceu no Iraque”, diz Álvarez-Ossorio. “Julgo que o mais provável é que Assad e os curdos não se enfrentem diretamente e alcancem uma solução negociada que obrigue o regime a conceder ampla autonomia aos curdos”, prossegue o docente.

A evolução da questão curda fará com que a Turquia — que combate, dentro de portas, um projeto separatista curdo — continue a seguir a situação na Síria com rédea curta. Neste conflito, “a Turquia apostou no campo perdedor e dificilmente manterá o enclave que controla, juntamente com o Exército Livre Sírio, a norte de Alepo. A intervenção militar turca justificou-se pela necessidade de evitar que as milícias curdas, que Ancara acusa de darem apoio ao Partido dos Trabalhadores do Curdistão [PKK, turco], controlassem a fronteira. Mal o regime sírio seja capaz de dominar a fronteira, a Turquia poderá retirar os efetivos mediante garantias de segurança”.

Mas se a presença turca na Síria tem os dias contados, a Rússia e o Irão estão no país para durar. “A sua saída colocaria Assad numa situação vulnerável”, prevê Álvarez-Ossorio, autor do livro “Siria — Revolución, sectarismo y yihad” (publicado em 2016 e não traduzido em português). Acresce que o exército sírio está esgotado, “numa situação de extrema debilidade, pelo que continuará a precisar, durante muito tempo, do apoio das milícias xiitas enviadas pelo Irão [o Hezbollah libanês e grupos iraquianos, afegãos e paquistaneses] e também da polícia militar russa”.

A sombra da Líbia

Esta necessidade de uma ajuda militar externa duradoura e, sobretudo, a proliferação de grupos armados que agem em obediência à agenda de quem os financia — dos Estados Unidos aos Países do Golfo — obriga a uma comparação com a Líbia, onde, após o desaparecimento de Muammar Kadhafi (em 2011, ano em que deflagrou a guerra síria), a lei que se impôs no país foi a das milícias. Esta semana Ghassan Salame, chefe da missão da ONU na Líbia (UNSMIL), disse que ainda há 200 mil milicianos em ação no país. “Recebem salário do Estado, mas só recebem ordens de senhores da guerra”, disse.

“São casos muito diferentes”, explica Álvarez-Ossorio. “Na Líbia não existe um Estado central capaz de impor a sua autoridade sobre a totalidade do território, que está em mãos de diferentes milícias que controlam os poços de petróleo, o comércio e as rotas migratórias. No caso da Síria, o regime desarmou todas as milícias rebeldes à medida que restabelecia a sua autoridade sobre as partes de território que escapou ao seu controlo durante o conflito.”

Descida aos infernos

A guerra que se aproxima do fim espalhou a morte e condenou milhões de sobreviventes a um êxodo desesperado, internamente e através da fronteira. Arrasou o país e descaracterizou-o: perseguida pelos grupos radicais, a minoria cristã, por exemplo, passou de 10% para 3% da população. Em termos políticos, tornou subserviente uma entidade que já foi o centro do mundo árabe. Entre os anos 661 e 750, Damasco foi a capital do califado omíada, o segundo de quatro califados islâmicos estabelecidos após a morte de Maomé, que ia da Península Ibérica ao Afeganistão.

“A Síria de Assad converteu-se num protetorado russo-iraniano”, conclui Ignacio Álvarez-Ossorio. “Além das milícias xiitas comandadas pelo Irão, a Rússia aproveitou a conjuntura para ampliar a sua base naval de Tartus e construir a base aérea de Al-Hamaymin, que controlará durante os próximos 49 anos.”

REPRIMIU E RESISTIU. SERÁ JULGADO?

Bashar al-Assad recorreu a métodos brutais para reprimir o povo. Rússia e China protegem-no da perseguição da justiça

Do rol dos países mais fortemente afetados pelo movimento de contestação popular conhecido como Primavera Árabe, a Síria foi o único a manter o líder no poder. Ben Ali (Tunísia) desertou, Hosni Mubarak (Egito) foi afastado, Muammar Kadhafi (Líbia) foi morto na rua e Ali Abdullah Saleh (Iémen) saiu pelo próprio pé. Na Síria, Bashar al-Assad escapou inclusive à fúria de Donald Trump que, segundo “Medo: Trump na Casa Branca”, de Bob Woodward (sai em novembro na Dom Quixote), terá defendido o seu assassínio, porventura para marcar a diferença em relação a Barack Obama, que poupou Assad apesar de este ter pisado a “linha vermelha” (o uso de armas químicas), indiciando assim que talvez fosse “um mal menor”.

“Durante todos estes anos de guerra, praticaram-se muitos crimes de guerra e crimes contra a Humanidade por parte dos vários atores: assassínios, deportações, torturas, violações, desaparições, bombardeamentos sobre civis, destruição de hospitais, utilização de armas químicas…”, recorda Ignacio Álvarez-Ossorio, da Universidade de Alicante. “Segundo diferentes estimativas, o regime sírio e seus aliados são responsáveis por 90% das vítimas civis, repartindo-se as restantes entre o Daesh e os grupos rebeldes.”

90% das vítimas civis da guerra da Síria são atribuídas às forças afetas ao regime de Bashar al-Assad e seus aliados. Aos jiadistas do Daesh e demais grupos rebeldes são imputadas as restantes

Para Assad — que castigou o seu povo sitiando povoações, cortando abastecimentos, recorrendo a uma estratégia de terra queimada nas zonas rebeldes e a armas devastadoras para reprimir o mínimo resquício de contestação, como as bombas de barril (compostas por fragmentos metálicos e explosivos TNT) —, foi crucial a entrada em cena da Rússia. Os caças russos começaram a bombardear a 30 de setembro de 2015, quando Damasco acumulava perdas significativas.

A proteção russa à Síria estende-se à ONU. “Em 2016, a Assembleia Geral aprovou a criação de um mecanismo internacional para julgar os responsáveis pelos crimes desde março de 2011”, recorda o professor. “Não avançou grande coisa por falta de colaboração das autoridades e pelas reticências colocadas por Rússia e China [com poder de veto no Conselho de Segurança], temendo que o precedente se voltasse contra elas próprias no futuro.”

Pária no Ocidente, Assad terá escancaradas as portas de Moscovo, Teerão e Pequim.

JOGO REGIONAL

IRÃO — A sobrevivência de Assad (alauita, xiita) é quase uma questão de segurança nacional. Como o Hezbollah no Líbano, Assad garante a extensão da influência iraniana na região

ARÁBIA SAUDITA — Fomentou o wahabismo (sunismo conservador) apoiando grupos rebeldes. Derrotar Assad seria ganhar terreno ao arquirrival xiita Irão

TURQUIA — Com 910 quilómetros de fronteira com a Síria, está exposta ao conflito. Quer evitar a autonomia curda

QATAR — Contribuiu para fortalecer a frente extremista ao financiar grupos salafitas, como o Exército do Islão

ISRAEL — Enfrentou diretamente a Síria pela última vez em 1973. As manobras do Hezbollah e do Irão junto à fronteira obrigam a um alerta permanente

(Imagem: NICOLAS RAYMOND / FLICKR) 

Artigo publicado no Expresso, a 13 de outubro de 2018 e republicado parcialmente no “Expresso Online”, no dia seguinte. Pode ser consultado aqui

Rússia, “prepara-te”, avisa Donald Trump

O Presidente dos Estados Unidos alertou a Rússia, esta quarta-feira, para um ataque militar iminente na Síria. Trump diz também que a relação bilateral entre Washington e Moscovo está pior do que nos tempos da Guerra Fria

O Presidente dos Estados Unidos avisou a Rússia, esta quarta-feira, que “se prepare” para um ataque na Síria. A ameaça surge na sequência de um alegado ataque com armas químicas contra a população de Duma, nos arredores de Damasco, cuja autoria Washington atribui ao regime de Bashar al-Assad, que tem sobrevivido à guerra graças ao apoio da Rússia.

“A Rússia promete derrubar todo e qualquer míssil disparado contra a Síria. Prepara-te Rússia, porque eles estão a chegar, bons, novos e ‘inteligentes’! Vocês não deveriam ser parceiros de um Animal que Mata com Gás, que mata o seu próprio povo e desfruta!”, escreveu Donald Trump, no Twitter, esta quarta-feira.

Trump comentou, diretamente, a saúde das relações entre os Estados Unidos e a Rússia, países em lados opostos da barricada no conflito sírio.

“A nossa relação com a Síria está pior agora do que alguma vez antes, incluindo durante a Guerra Fria. Não há razões para isto. A Rússia precisa da nossa ajuda a nível económico, algo que seria muito fácil de fazermos, e nós necessitamos que todos os países trabalhem juntos. Parar com a corrida às armas?”, escreveu o chefe de Estado do pais que mais armas exporta em todo o mundo.

Há sensivelmente um ano, após serem divulgadas imagens de mulheres e crianças a asfixiarem e a espumarem da boca, após um bombardeamento à cidade de Khan Sheikhoun, na província de Idlib, Trump ordenou um ataque a posições militares sírias.

Artigo publicado no “Expresso Online”, a 11 de abril de 2018. Pode ser consultado aqui

“Prepara-te Rússia, porque eles estão a chegar, bons, novos e ‘inteligentes’!”

“Prepara-te Rússia!” Foi nestes termos que, esta quarta-feira, o Presidente dos Estados alertou a Rússia, fiel aliado de Bashar al-Assad, para um ataque iminente com mísseis norte-americanos a alvos na Síria. Donald Trump admitiu também que a relação entre Washington e Moscovo está pior do que nos tempos da Guerra Fria

Há sensivelmente um ano, Donald Trump demorou 63 horas entre ameaçar com um ataque na Síria e concretizá-lo. A 4 de abril de 2017, o mundo conhecera mais um ataque com armas químicas na Síria, então na província rebelde de Idlib (noroeste), na sequência de um bombardeamento à cidade de Khan Shaykhun, que provocou a morte de 86 pessoas, incluindo 30 crianças, e inundou as redes sociais com imagens de pessoas a asfixiar e a espumar da boca.

Contrariamente a Barack Obama — que traçara uma “linha vermelha” na Síria (o uso de armas químicas) que, se ultrapassada, forçaria os EUA a intervir (o que não aconteceu) —, Donald Trump deu ordem de fogo contra posições militares sírias. Mostrava a Damasco que o uso de armas químicas não era aceitável em tempos de guerra e provava que, ao contrário do seu antecessor, ele, sim, era um homem de palavra, e de ação.

Esta quarta-feira, na sequência de notícias de um ataque químico, no sábado, na região de Ghouta Oriental (arredores de Damasco), o líder norte-americano ameaçou voltar a atacar a Síria, alertando, para tal, o fiel aliado de Bashar al-Assad: “A Rússia promete derrubar todo e qualquer míssil disparado contra a Síria. Prepara-te Rússia, porque eles estão a chegar, bons, novos e ‘inteligentes’! Vocês não deveriam ser parceiros de um Animal que Mata com Gás, que mata o seu próprio povo e desfruta!”, escreveu no Twitter.

Esta quarta-feira, a Organização Mundial de Saúde confirmou as suspeitas, informando que 43 pessoas tinham morrido em Douma, com “sintomas consistentes” decorrentes da “exposição a químicos altamente tóxicos”, e que mais de 500 pessoas tinham recebido tratamento.

Pior do que durante a Guerra Fria

Para já, e apesar de, para “preparar a resposta dos EUA” – que o levaria ao Peru (para a Cimeira das Américas) e à Colômbia -,Trump ter cancelado a sua primeira visita oficial à América Latina, o mais recente braço de ferro entre Washington e Moscovo não tem passado de uma intensa batalha retórica.

Esta quarta-feira, após os “tweet” de Trump, o Ministério dos Negócios estrangeiros da Rússia respondeu, no Facebook, que “mísseis inteligentes deveriam voar na direção de terroristas, não contra o governo legítimo”, aludindo aos rebeldes sírios e ao regime de Assad, respetivamente.

No aviso que fez à Rússia, Donald Trump não se furtou a comentar os danos que a questão síria estão a provocar na relação bilateral entre Estados Unidos e Rússia, países em lados opostos da barricada nesta questão.

“A nossa relação com a Síria está pior agora do que alguma vez antes, incluindo durante a Guerra Fria. Não há razões para isto. A Rússia precisa da nossa ajuda a nível económico, algo que seria muito fácil de fazermos, e nós necessitamos que todos os países trabalhem juntos. Parar com a corrida às armas?”, escreveu o chefe de Estado do país que mais armas exporta em todo o mundo.

Os Estados Unidos não estão sós nesta decisão de atacar a Síria: França e Reino Unido apoiam-nos. Na terça-feira, Donald Trump, o Presidente francês, Emmanuel Macron, e a primeira-ministra britânica, Theresa May, conversaram ao telefone, separadamente. Todos concordaram que “a comunidade internacional precisa de responder para defender a proibição mundial do uso de armas químicas”, lê-se num comunicado do Governo de Londres.

No mesmo dia, a Eurocontrol, organização europeia de segurança na navegação aérea, divulgou uma “advertência rápida” às companhias aéreas a operar no leste do Mediterrâneo contra “o possível lançamento de ataques aéreos com mísseis ar-terra e/ou de cruzeiro”, contra a Síria, “nas próximas 72 horas”.

São já demasiados indícios para que o som dos tambores da guerra não resulte num ataque militar. Mas, a concretizar-se nos mesmos moldes do ataque de há um ano, não trará grandes consequências para o regime — nem paz para os sírios.

Artigo publicado no “Expresso Diário”, a 11 de abril de 2018. Pode ser consultado aqui

Rússia diz que acusações de ataque visam justificar “potenciais ataques militares externos”

O Governo de Moscovo alertou ainda para “as mais graves consequências” que podem decorrer de uma “intervenção militar baseda em pretextos falsos”

O Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia considerou, este domingo que, as notícias relativas a um ataque com armas químicas levado a cabo por forças governamentais sírias, nos arredores de Damssco, são “falsas”.

“O objetivo destas especulações falsas, que não se baseiam em quaisquer factos, é dar cobertura a terroristas e à oposição radical irreconciliável, que se opõe a um entendimento político, e simultaneamente tentar justificar potenciais ataques militares externos”, defendeu o ministério russo da diplomacia, em comunicado.

O Governo de Moscovo alertou ainda para “as mais graves consequências” que podem decorrer de uma “intervenção militar baseda em pretextos falsos e fabricados na Síria, onde os efetivos russos estão a pedido do Governo legítimo” e que, a acontecer, será “absolutamente inaceitável”.

No Twitter, Dmitry Polyanskiy, vice Primeiro Representante Permanente da Rússia nas Nações Unidas denunciou “uma provocação” preparada pelos “terroristas entrincheirados” em Duma, “com a ajuda dos Capacetes Brancos”.

“Eu faço uma pergunta simples: por que razão as forças sírias, que têm a iniciativa militar e que em breve libertarão completamente Duma, têm necessidade de usar armas químicas, mesmo que as tivessem, o que Damasco nega? Não tem lógica! Pelo contrário, os terroristas têm todas as razões para encenar uma provocação destas para atrair atenção. Métodos sujos, como antes!”

Artigo publicado no “Expresso Online”, a 8 de abril de 2018. Pode ser consultado aqui

Liberdade entre as ruínas da guerra

Em zonas da Síria onde as armas já se calaram, os locais esforçam-se para que a vida regresse à normalidade. Sem grandes alternativas de divertimento, muitos jovens percorrem os escombros ao estilho dos melhores acrobatas

Usam as cicatrizes da guerra para passar o tempo e se divertirem. Edifícios bombardeados, paredes esventradas, telhados desfeitos, ruas esburacadas. Correm, saltam, trepam paredes, lançam o corpo em movimentos artísticos dignos dos melhores ginastas.

Em algumas regiões da Síria, onde as armas já se calaram, muitos jovens, que viram os seus últimos sete anos de vida condicionados e ameaçados pela guerra, dão asas à liberdade entregando-se ao parkour.

Esta técnica combina várias habilidades físicas com o objetivo de levar o praticante a percorrer uma distância de forma o mais rápida possível, ultrapassando com aparente facilidade os obstáculos que vão surgindo pelo caminho. Para estes jovens sírios, é também uma forma de celebrarem a paz no seu país.

Parkour em Inkhil, cidade da região de Daraa, sudoeste da Síria ALAA FAQIR / REUTERS
Daraa chegou a ter escolas dirigidas pelo Governo de Assad, outras pelos rebeldes e outras ainda pelo Daesh ALAA FAQIR / REUTERS
Acrobacias em Alepo, a cidade síria mais populosa GEORGE OURFALIAN / AFP / GETTY IMAGES
O governo sírio retomou o controlo sobre Alepo em dezembro de 2016 GEORGE OURFALIAN / AFP / GETTY IMAGES
“Magia” numa rua de Alepo, para espanto dos mais novos GEORGE OURFALIAN / AFP / GETTY IMAGES
Acrobacias sobre um veículo militar sírio ALAA FAQIR / REUTERS
Parkour “nos céus” de Alepo GEORGE OURFALIAN / AFP / GETTY IMAGES
Saltos e acrobacias nas ruas… GEORGE OURFALIAN / AFP / GETTY IMAGES
… e sobre os telhados também GEORGE OURFALIAN / AFP / GETTY IMAGES
Em Inkhil, os buracos transformaram-se em desafios ALAA FAQIR / REUTERS
Parkour sobre um bidão pintado com as cores de uma bandeira da oposição ao regime de Bashar al-Assad, em Daraa ALAA FAQIR / REUTERS
Enquanto uns atuam, outros alimentam o sonho de os imitar GEORGE OURFALIAN / AFP / GETTY IMAGES
“Homens aranha”, em Alepo GEORGE OURFALIAN / AFP / GETTY IMAGES
Diversão em Alepo, junto a uma parede onde são visíveis buracos de bala GEORGE OURFALIAN / AFP / GETTY IMAGES
O risco é relativo onde, outrora, caíram bombas GEORGE OURFALIAN / AFP / GETTY IMAGES
Alepo, 7 de abril de 2018 GEORGE OURFALIAN / AFP / GETTY IMAGES

Artigo publicado no “Expresso Online”, a 8 de abril de 2018. Pode ser consultado aqui