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Quem era Abu Bakr al-Baghdadi, o líder do Daesh

Voltamos a publicar o perfil de Abu Bakr al-Baghdadi escrito em julho de 2014, quando o líder radical exigiu obediência a todos os muçulmanos e deu fôlego ao Daesh

A recente aparição pública de Abu Bakr al-Baghdadi numa mesquita de Mosul (norte do Iraque) causou alarido por várias razões. No pulso, o líder da milícia radical Estado Islâmico do Iraque e do Levante (EIIL) [Daesh] — que quer transformar em país as terras que controla na Síria e no Iraque — usava um Rolex. Algo surpreendente num líder islâmico que prega uma vida austera.

Depois, porque é raro Al-Baghdadi deixar-se observar. Até então, eram conhecidas apenas duas fotos suas. Uma delas constava do arquivo do Centro Nacional de Contraterrorismo dos EUA e foi usada em outubro de 2011 para Washington anunciar uma recompensa de 10 milhões de dólares (7,3 milhões de euros) pelo fornecimento de informações que conduzissem à captura ou morte do “terrorista Abu Du’a”, um dos seus pseudónimos.

A outra é uma fotografia tipo passe, divulgada em janeiro de 2014 pelo Ministério do Interior iraquiano, em que Al-Baghdadi surge com pouco cabelo, de barba curta e de fato e gravata escuros. Por essa altura, já o jihadista — agora autodenominado “califa do Estado Islâmico” — era visto como uma ameaça à estabilidade do Médio Oriente.

É o próprio Abu Bakr al-Baghdadi a alimentar a aura de mistério. Não dá entrevistas nem grava vídeos com mensagens, como Osama bin Laden ou o sucessor deste, Ayman al-Zawahiri. Por isso, entre os seus, ganhou a alcunha de “xeque invisível”.

Um dos líderes anteriores do movimento pagou com a vida os descuidos da exposição pública. O jordano Abu Musab al-Zarqawi — então líder da Al-Qaeda do Iraque (AQI), antecessora do EIIL [Daesh] — foi localizado e abatido pelos Estados Unidos em 2006.

Crê-se que Abu Bakr al-Baghdadi (este é, na realidade, o seu nome de guerra) tenha nascido em 1971, na cidade iraquiana de Samarra, a norte de Bagdade. Aos 18 anos, Ibrahim Awwad Ibrahim Ali al-Badri al-Samarrai (nome real) foi viver para Tobchi, um bairro pobre de Bagdade, habitado por sunitas e xiitas. “Era uma pessoa sossegada e muito educada”, disse Abu Ali, um residente do bairro, à reportagem do jornal britânico “The Telegraph”.

Enquanto estudante na Universidade Islâmica da capital, Al-Baghdadi vivia num quarto anexo à pequena mesquita de Tobchi e fazia parte da equipa de futebol da instituição. “Era o nosso Messi”, diz Abu Ali. “Era o nosso melhor jogador.” Abu Ali recorda também um episódio revelador de um “conservadorismo salafita” (fundamentalismo) na forma como Al-Baghdadi encarava o exercício do Islão. “Lembro-me de haver um casamento e de homens e mulheres dançarem e saltarem alegremente na mesma sala.

Ele ia na rua, viu a situação e gritou: ‘Como é possível homens e mulheres a dançarem alegremente desta maneira? Isto não é religioso.’ E logo acabou com a dança.”

Um estratego silencioso

Após a invasão norte-americana de 2003, que derrubaria o ditador Saddam Hussein, Al.Baghdadi não exibiu uma hostilidade particular aos Estados Unidos, diz Abu Ali. “Ele não ferve em pouca água. Foi sempre um estratego silencioso.” Outro residente em Tobchi diz que Baghdadi costumava liderar orações na mesquita local. “Era calmo e reservado”, diz Ahmed al-Dabash. “Passava algum tempo sozinho. Era discreto.

Ninguém reparava nele.” Episódio importante na radicalização do “califa do Estado Islâmico” foram os quatro anos que passou em Camp Bucca, um centro de detenção dos EUA no sul do Iraque, por onde passaram vários comandantes da Al-Qaeda. Foi libertado em 2009 e, no ano seguinte, subiu à liderança do Estado Islâmico do Iraque (ex-AQI), depois de o líder ser morto por forças americanas e iraquianas.

Al-Baghdadi saltou para as notícias em abril de 2013 quando anunciou a fusão do seu grupo com a Frente al-Nusra, a maior milícia islamita anti-Bashar al-Assad, a qual rejeitou a proposta aliança. Ao fazê-lo, criou o EIIL [Daesh] e abriu uma guerra com a Al-Qaeda mãe, cujo líder, o egípcio Ayman Zawahiri, queria que o EIIL [Daesh] se dedicasse ao “Iraque ferido” e deixasse a Síria para a Nusra.

“Tendo de escolher entre a lei de Deus e a lei de Zawahiri”, disse então Al-Baghdadi, “escolho a lei de Deus.” O desafio à Al-Qaeda granjeou-lhe prestígio entre os combatentes mais extremistas e tornou o EIIL [Daesh] atrativo para milhares de novos jihadistas.

O seu modus operandi inclui ataques suicidas, raptos, vergastadas, decapitações, crucificações e execuções sumárias. Com estes métodos bárbaros, o califa — título que não existia desde a abolição do Império Otomano, em 1924 — reclama-se “líder de todo e qualquer muçulmano”. E nessa condição quer incentivar a luta até à conquista… de Roma.

Curdos deixam governo de Maliki

Os políticos curdos não gostaram que o primeiro-ministro iraquiano, Nouri al-Maliki, acusasse a sua comunidade de dar abrigo a rebeldes islamitas na capital regional, Erbil. Resolveram, por isso, suspender a participação no Governo iraquiano, disse à agência Reuters, na quinta-feira, o ministro dos Negócios Estrangeiros, o curdo Hoshiyar Zebari. Também são curdos o vice-primeiro-ministro e os titulares do Comércio, Migrações e Saúde.

Os curdos continuarão a desempenhar as funções de deputados, mas a notícia não augura nada de bom para a tentativa de formar um governo de união que fortaleça o combate contra os radicais do Estado Islâmico do Iraque e do Levante. Zebari teme uma desintegração do país caso não seja formado um Executivo de união. “O país está literalmente dividido em três Estados: o curdo, o Estado negro (EIIL) [Daesh] e Bagdade”.

Artigo publicado no “Expresso Online”, a 27 de outubro de 2019. Pode ser consultado aqui

Religiões são alvos fáceis para semear o medo

O terrorismo matou e feriu, em tempos recentes, judeus, muçulmanos e cristãos. Guerra de religiões à vista?

Em apenas seis meses, as três religiões monoteístas foram atacadas em locais de culto. A 21 de abril, no Sri Lanka, suicidas visaram três igrejas católicas. A 15 de março, em Christchurch (Nova Zelândia), um atirador investiu contra uma mesquita. E a 27 de outubro de 2018, o terror atingira uma sinagoga de Pittsburgh (EUA).

Em todos os casos, a religião não foi a única motivação para atacar. No Sri Lanka foram também visados três hotéis. Na Nova Zelândia (50 mortos), o terrorista atuou norteado por crenças islamofóbicas, supremacistas e extremistas. Nos EUA (11 mortos), o ódio do assassino transcendia os judeus, que considerava “inimigos do povo branco”. Nas redes sociais defendia que os imigrantes são “invasores”.

Resulta daqui a sensação de que atacar crentes em oração é atalho eficaz para atingir governos e opções políticas. “O radicalismo parece ter percebido que os alvos religiosos são mais eficazes na construção das narrativas de medo”, explica ao Expresso Paulo Mendes Pinto, coordenador da área de Ciências das Religiões na Universidade Lusófona.

“Se há alguns anos os atentados eram quase sempre em espaços civis, hoje há um crescimento dos ataques a espaços religiosos. É uma radicalização que mais facilmente semeia o medo e cria dinâmicas de vingança.” Outro padrão comum aos três atentados prende-se com o dia em que aconteceram: Pittsburgh aconteceu durante o shabbath judaico (sábado), Christchurch a uma sexta-feira (dia santo para os muçulmanos) e Colombo no domingo de Páscoa.

“Um ataque num dia festivo tem dupla intencionalidade”, diz Mendes Pinto. “Por um lado, usa a vulnerabilidade de quem é atacado e que, reunido em oração, está frágil. Mas, acima de tudo, é feito num momento simbólica ou teologicamente importante.”

Um ataque na Páscoa, que assinala a ressurreição de Jesus, desfere “um golpe simbólico muito forte”

Se, para os cristãos, a Páscoa é a festa da vitória da vida sobre a morte, simbolizada na ressurreição de Jesus, um atentado nesse dia “coloca a morte acima da vida, desferindo um golpe simbólico muito forte”, explica o professor. No Médio Oriente não faltam exemplos de atentados contra muçulmanos durante o Ramadão (jejum), em que estão vulneráveis a vários níveis.

Talvez por ainda não ter provocado mortes, o fenómeno dos ataques contra igrejas em França não tem merecido alarme mediático. Em 2018 houve 875 atos de vandalismo só em igrejas católicas. “Devem ser relacionados com o crescimento de movimentos nacionalistas de inspiração anticristã, sejam neopagãos ou não”, explica Mendes Pinto. “Há vertentes nacionalistas que reivindicam Um ataque na Páscoa, que assinala a ressurreição de Jesus, desfere “um golpe simbólico muito forte” uma visão anterior ao nascimento do cristianismo como base das identidades europeias, vendo nesta religião a destruição das verdadeiras identidades, não só porque o cristianismo se sobrepôs às religiões anteriores, mas por ser a imagem de uma primeira supranacionalidade, uma primeira ‘União Europeia’. Este fenómeno começou há mais de uma década, nos países nórdicos.”

Em março sete igrejas francesas foram saqueadas, profanadas e vandalizadas em apenas sete dias. Em Paris, a 17, a Igreja de Saint-Sulpice foi incendiada após a missa dominical do meio-dia. Num outro ataque, foi pintada na Igreja de Notre-Dame des Enfants, em Nîmes, uma cruz com excrementos.

(IMAGEM VISION)

Artigo publicado no “Expresso”, a 27 de abril de 2019. Pode ser consultado aqui

Daesh cada vez mais encurralado, em Raqqa e Mossul

O cerco ao Daesh aperta-se na Síria e no Iraque. Em Raqqa, forças sírias lideradas pelos curdos surpreenderam os jiadistas e furaram a muralha da Cidade Velha. Na cidade iraquiana de Mossul, já se prepara a vitória

As forças sírias estão mais perto do que nunca de reconquistar a cidade de Raqqa — considerada a capital do autodenominado Estado Islâmico (Daesh).

O Comando Central dos Estados Unidos confirmou esta terça-feira que “as Forças Democráticas Sírias [FDS] romperam a Cidade Velha de Raqqa”, lê-se num comunicado. “Forças da coligação [internacional] apoiaram o avanço das FDS sobre a parte mais fortificada de Raqqa, abrindo duas pequenas passagens na muralha de Rafiqah que circunda a Cidade Velha.”

Segundo o CENTCOM, cuja sede no Médio Oriente é a base aérea de Al-Udeid, no Qatar, “combatentes do Daesh usavam a histórica muralha”, que tem cerca de 2,5 quilómetros de comprimento, “como posição de combate e colocaram minas e explosivos improvisados em várias quebras da muralha”.

Citado pela Al-Jazeera, o Observatório Sírio para os Direitos Humanos confirmou que as forças sírias atacaram Raqqa, pela primeira vez, pelo sul, depois de atravessarem o rio Eufrates. A manobra, efetuada no domingo, liderada pelos curdos, permitiu-lhes entrar na cidade por uma parte nova e surpreender os jiadistas.

“Os confrontos são extremamente violentos”, afirmou Rami Abdulrahman, diretor do Observatório, sedeado em Londres, em contacto permanente com fontes no terreno.

Os avanços das tropas sírias sobre Raqqa — que está nas mãos do Daesh desde julho de 2014 — são de grande simbolismo para a luta global contra o Daesh, sobretudo na Síria e no Iraque. Neste, Mossul — o principal bastião do Daesh no país — está praticamente reconquistado aos jiadistas.

A 29 de junho, o primeiro-ministro iraquiano, Haider Al-Abadi‏, escreveu no Twitter: “Estamos a assistir ao fim do falso Estado do Daesh, a libertação de Mossul prova-o. Não vamos ceder, as nossas bravas forças trarão a vitória”.

Segundo a agência Reuters, na segunda-feira, o Daesh combatia para manter as últimas e poucas ruas ainda sob controlo jiadista na Cidade Velha de Mossul. “Em combates ferozes, unidades do exército iraquiano encurralaram os revoltosos num retângulo de 300 por 500 metros ao lado do rio Tigre.”

A 29 de junho passado — precisamente três anos após Abu Bakr al-Baghdadi ter anunciado o advento do Estado Islâmico, no púlpito da Grande Mesquita Al-Nuri, em Mossul —, as tropas iraquianas anunciaram a reconquista daquele local simbólico. Dias antes, os jiadistas reduziram-no a escombros, numa manobra entendida como uma atitude desesperada que prenuncia o fim do Daesh na mais importante cidade do norte do Iraque.

Artigo publicado no “Expresso Online”, a 4 de julho de 2017. Pode ser consultado aqui

Violência continua no Paquistão: depois de um templo sufi, o alvo foi agora um tribunal

Uma fação dos talibãs paquistaneses reivindicou um ataque, esta terça-feira, contra um complexo judicial no noroeste do país. Os atacantes estavam munidos com coletes suicidas, granadas de mão e espingardas de assalto AK-47

Pelo menos seis pessoas morreram esta terça-feira durante um ataque contra um complexo judicial da cidade paquistanesa de Tangi, na região de Charsadda (noroeste).

A investida, de que resultaram também 20 feridos, foi realizada por três homens munidos com coletes suicidas, granadas de mão e espingardas de assalto AK-47. Segundo a agência Reuters, um deles fez-se explodir à entrada do edifício, enquanto os outros dois foram abatidos pela polícia ainda no exterior, o que impediu um banho de sangue maior.

“Advogados e outras pessoas que estavam dentro do complexo começaram a correr para salvar as vidas. Houve pânico e ninguém sabia para onde ir”, descreveu Mohammad Shah Baz Khan, que testemunhou o ataque no interior do edifício, àquela agência noticiosa. Algumas pessoas tentaram escalar os muros em redor do complexo. “Os terroristas queriam matar o maior número possível de pessoas”, esclareceu Ijaz Khan, chefe da polícia local.

Num email enviado a órgãos de informação, o Jamaat-ur-Ahrar, uma fação dos talibãs paquistaneses (Tehreek-e-Taliban Pakistan), reivindicou o ataque. Na semana passada, este grupo tinha divulgado um vídeo anunciando uma nova campanha de violência contra instituições governamentais, judiciais, a polícia e o exército.

Ataque ao Islão moderado

O ataque em Tangi foi o último de uma vaga de atentados sangrentos que tem fustigado o Paquistão e que, só na semana passada, provocou mais de 100 mortos. O mais mortífero, no dia 16, visou o Lal Shahbaz Qalandar, um famoso templo sufi — o sufismo é a corrente mística e contemplativa do Islão —, em Sehwan Sharif, província de Sindh (sul). O número de mortos subiu esta segunda-feira para 90, após duas vítimas não resistirem aos ferimentos.

Reivindicado pelo autoproclamado “Estado Islâmico” (Daesh) — que, pressionado na Síria e no Iraque, está cada vez mais visível e atuante no Paquistão e no vizinho Afeganistão —, o atentado contra o santuário de Sehwan Sharif revela também que, para além das instituições políticas, as minorias religiosas também são um alvo no Paquistão.

Artigo publicado no “Expresso Online”, a 21 de fevereiro de 2017. Pode ser consultado aqui

Que tal olhar para os factos?

Manchete da edição do jornal “Daily News”, de 27 de fevereiro de 1993

Terá sido verdadeiramente tempestuoso um telefonema esta semana entre Donald Trump e o primeiro-ministro da Austrália, Malcolm Turnbull, cujo tema central foi a denúncia unilateral de um acordo do tempo de Obama nos termos do qual os EUA aceitavam receber imigrantes detidos naquele país. A sua política de acolhimento é restritiva mas havia o compromisso de Washington acolher 1250 refugiados, alojados em ilhas do Pacífico, pagos pela Austrália.

Tal como sucedera com Merkel ou a NATO, os excessos verbais do novo Presidente terão indisposto mais um velho aliado do país, a Austrália. A retórica de Trump confunde “refugiados” com “imigrantes ilegais” ou “imigrantes” com “terroristas” quando, invocando a segurança nacional, proibiu a entrada de nacionais de sete países: Irão e Iraque (que integravam o “eixo do mal” de George W. Bush), Síria, Somália, Sudão, Líbia e Iémen.

“A proibição não é justificável por motivos de segurança nacional”, diz ao Expresso Alex Nowrasteh, investigador do Cato Institute (Washington D.C.) e autor da análise “Terrorismo e Imigração”. “Houve zero ataques terroristas mortíferos em solo americano realizados por cidadãos desses países.”

A Administração Trump recordou que foi Obama quem identificou os “países preocupantes” para efeitos de visto, ainda que as estatísticas dificultem a compreensão dos rótulos. Nowrasteh apurou que 98,6% dos americanos mortos em ataques de estrangeiros, em 1975/2015, morreram no 11 de Setembro. A Arábia Saudita, pátria da maioria dos piratas do ar, não foi proscrita.

Infografia de Sofia Miguel Rosa. Textos de Cristina Peres

1975-2015

3024
norte-americanos foram mortos em território dos Estados Unidos em ataques terroristas realizados por estrangeiros: 98,6% deles no 11 de Setembro

154
estrangeiros mataram cidadãos americanos em ataques terroristas nos EUA: 54 tinham residência permanente no país, 34 eram turistas e 20 refugiados

0
é o número de terroristas nacionais dos sete países banidos pela Administração Trump que tenham vitimado cidadãos norte-americanos em território dos Estados Unidos

OS MAIS MORTÍFEROS ATAQUES ESTRANGEIROS

11 DE SETEMBRO (2001)
Dos 19 piratas nos quatro aviões, 15 eram sauditas, dois emiratis, um egípcio e um libanês. Matam 2983 pessoas

SAN BERNARDINO (2015)
Um casal mata 14 a tiro num centro social. Ele, de origem paquistanesa, nasceu nos EUA, e ela, que tinha residência permanente, no Paquistão

WORLD TRADE CENTER (1993)
A detonação de um camião no estacionamento faz seis mortos. Os sete atacantes são do Kuwait, Egito, Cisjordânia (Palestina), Iraque e Jordânia

CHATTANOOGA (2015)
Um kuwaitiano imigrado nos EUA desde 1996 abre fogo num quartel do Tennessee. Mata cinco militares

MARATONA DE BOSTON (2013)
Duas bombas junto à meta matam três. Foram deixadas por dois irmãos nascidos na URSS e no Quirguistão

EUROPA REAGE

Reino Unido Ainda não tem data, mas a possível visita de Donald Trump ao país este ano está a incendiar os ânimos. No dia 20, o Parlamento debaterá o assunto em exclusivo, na sequência de duas petições a que já aderiram mais de dois milhões de pessoas. Uma pretende impedir que Trump seja recebido com honras de Estado pela rainha. A outra, da iniciativa de uma menina de 13 anos, é favorável à visita de Estado do Presidente dos EUA.

União Europeia Na sombra do decreto anti-imigração de Trump, os países membros da UE reuniram-se ontem, em Malta, para discutir os fluxos migratórios, nomeadamente através da Líbia. Desde o encerramento da chamada rota dos Balcãs que a pressão migratória se intensificou com origem no Norte de África. Estima-se que 90% dos novos imigrantes chegados à Europa venham através da Líbia e Itália).

ONTEM E HOJE

“Dai-me os vossos fatigados, os vossos pobres. As vossas massas amontoadas que anseiam por respirar em liberdade. O refugo infeliz da vossa costa apinhada. Enviai-me esses sem-abrigo, assolados pela tormenta”
Excerto do poema “O Novo Colosso”, de Emma Lazarus (1849-1887), gravado no pedestal da Estátua da Liberdade

“Se terroristas tentarem atacar os EUA, provavelmente não usarão passaportes de países em conflito. Estas medidas devem ser retiradas”
António Guterres, Secretário-geral das Nações Unidas

Artigo publicado no Expresso, a 4 de fevereiro de 2017