O chefe da diplomacia portuguesa criticou hoje a decisão do Governo de Israel expandir os colonatos na Cisjordânia. As palavras de Portas coincidiram com a visita a Portugal do Presidente palestiniano, Mahmud Abbas
“O recente anúncio pelas autoridades de Israel sobre a intenção de expandir os colonatos na Cisjordânia, incluindo Jerusalém Oriental, é particularmente preocupante. E por isso condenável, na exata medida em que pode inviabilizar a construção de um Estado da Palestina com contiguidade territorial”, afirmou hoje o ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Portas.
Portas falava na presença do seu homólogo palestiniano, Riyad al-Malki, durante uma conferência de imprensa conjunta realizada no Palácio das Necessidades. “Sentimo-nos muito encorajados com a posição dos países europeus em condenar a política israelita de colonatos”, reagiu Al-Malki. “Esperamos que Israel escute essas declarações.”
O chefe da diplomacia portuguesa referiu ainda que a expansão de colonatos preocupa “não apenas pela sua dimensão quantitativa, mas também pela sua dimensão qualitativa. Criaria uma barreira entre Jerusalém Oriental e o resto da Cisjordânia”, colocando assim em risco a solução de dois Estados.
Obrigado, Portugal!
Desde quarta e até sexta-feira, uma delegação palestiniana ao mais alto nível – liderada pelo Presidente da Autoridade Palestiniana (AP), Mahmud Abbas, está de visita a Lisboa. Abbas não fez declarações públicas, mas segundo Al-Malki, “insistiu em vir pessoalmente a Portugal”.
A delegação palestiniana foi recebida pelo primeiro-ministro Passos Coelho, pelo Presidente Cavaco Silva, pelo ministro dos Negócios Estrangeiros e pela presidente da Assembleia da República, Assunção Esteves.
A todos, os palestinianos agradeceram o apoio português na elevação do estatuto da Palestina na Assembleia Geral das Nações Unidas a Estado observador, no mês passado.
“Portugal apoiou a resolução por considerar que esta representa a melhor aposta na paz”, disse Portas. “E também por significar o reconhecimento da liderança da Autoridade Palestiniana, nomeadamente do Presidente Abbas, na via diplomática, no diálogo e na renúncia à violência.”
Artigo publicado no “Expresso Online”, a 13 de dezembro de 2012. Pode ser consultado aqui