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Rússia, “prepara-te”, avisa Donald Trump

O Presidente dos Estados Unidos alertou a Rússia, esta quarta-feira, para um ataque militar iminente na Síria. Trump diz também que a relação bilateral entre Washington e Moscovo está pior do que nos tempos da Guerra Fria

O Presidente dos Estados Unidos avisou a Rússia, esta quarta-feira, que “se prepare” para um ataque na Síria. A ameaça surge na sequência de um alegado ataque com armas químicas contra a população de Duma, nos arredores de Damasco, cuja autoria Washington atribui ao regime de Bashar al-Assad, que tem sobrevivido à guerra graças ao apoio da Rússia.

“A Rússia promete derrubar todo e qualquer míssil disparado contra a Síria. Prepara-te Rússia, porque eles estão a chegar, bons, novos e ‘inteligentes’! Vocês não deveriam ser parceiros de um Animal que Mata com Gás, que mata o seu próprio povo e desfruta!”, escreveu Donald Trump, no Twitter, esta quarta-feira.

Trump comentou, diretamente, a saúde das relações entre os Estados Unidos e a Rússia, países em lados opostos da barricada no conflito sírio.

“A nossa relação com a Síria está pior agora do que alguma vez antes, incluindo durante a Guerra Fria. Não há razões para isto. A Rússia precisa da nossa ajuda a nível económico, algo que seria muito fácil de fazermos, e nós necessitamos que todos os países trabalhem juntos. Parar com a corrida às armas?”, escreveu o chefe de Estado do pais que mais armas exporta em todo o mundo.

Há sensivelmente um ano, após serem divulgadas imagens de mulheres e crianças a asfixiarem e a espumarem da boca, após um bombardeamento à cidade de Khan Sheikhoun, na província de Idlib, Trump ordenou um ataque a posições militares sírias.

Artigo publicado no “Expresso Online”, a 11 de abril de 2018. Pode ser consultado aqui

“Prepara-te Rússia, porque eles estão a chegar, bons, novos e ‘inteligentes’!”

“Prepara-te Rússia!” Foi nestes termos que, esta quarta-feira, o Presidente dos Estados alertou a Rússia, fiel aliado de Bashar al-Assad, para um ataque iminente com mísseis norte-americanos a alvos na Síria. Donald Trump admitiu também que a relação entre Washington e Moscovo está pior do que nos tempos da Guerra Fria

Há sensivelmente um ano, Donald Trump demorou 63 horas entre ameaçar com um ataque na Síria e concretizá-lo. A 4 de abril de 2017, o mundo conhecera mais um ataque com armas químicas na Síria, então na província rebelde de Idlib (noroeste), na sequência de um bombardeamento à cidade de Khan Shaykhun, que provocou a morte de 86 pessoas, incluindo 30 crianças, e inundou as redes sociais com imagens de pessoas a asfixiar e a espumar da boca.

Contrariamente a Barack Obama — que traçara uma “linha vermelha” na Síria (o uso de armas químicas) que, se ultrapassada, forçaria os EUA a intervir (o que não aconteceu) —, Donald Trump deu ordem de fogo contra posições militares sírias. Mostrava a Damasco que o uso de armas químicas não era aceitável em tempos de guerra e provava que, ao contrário do seu antecessor, ele, sim, era um homem de palavra, e de ação.

Esta quarta-feira, na sequência de notícias de um ataque químico, no sábado, na região de Ghouta Oriental (arredores de Damasco), o líder norte-americano ameaçou voltar a atacar a Síria, alertando, para tal, o fiel aliado de Bashar al-Assad: “A Rússia promete derrubar todo e qualquer míssil disparado contra a Síria. Prepara-te Rússia, porque eles estão a chegar, bons, novos e ‘inteligentes’! Vocês não deveriam ser parceiros de um Animal que Mata com Gás, que mata o seu próprio povo e desfruta!”, escreveu no Twitter.

Esta quarta-feira, a Organização Mundial de Saúde confirmou as suspeitas, informando que 43 pessoas tinham morrido em Douma, com “sintomas consistentes” decorrentes da “exposição a químicos altamente tóxicos”, e que mais de 500 pessoas tinham recebido tratamento.

Pior do que durante a Guerra Fria

Para já, e apesar de, para “preparar a resposta dos EUA” – que o levaria ao Peru (para a Cimeira das Américas) e à Colômbia -,Trump ter cancelado a sua primeira visita oficial à América Latina, o mais recente braço de ferro entre Washington e Moscovo não tem passado de uma intensa batalha retórica.

Esta quarta-feira, após os “tweet” de Trump, o Ministério dos Negócios estrangeiros da Rússia respondeu, no Facebook, que “mísseis inteligentes deveriam voar na direção de terroristas, não contra o governo legítimo”, aludindo aos rebeldes sírios e ao regime de Assad, respetivamente.

No aviso que fez à Rússia, Donald Trump não se furtou a comentar os danos que a questão síria estão a provocar na relação bilateral entre Estados Unidos e Rússia, países em lados opostos da barricada nesta questão.

“A nossa relação com a Síria está pior agora do que alguma vez antes, incluindo durante a Guerra Fria. Não há razões para isto. A Rússia precisa da nossa ajuda a nível económico, algo que seria muito fácil de fazermos, e nós necessitamos que todos os países trabalhem juntos. Parar com a corrida às armas?”, escreveu o chefe de Estado do país que mais armas exporta em todo o mundo.

Os Estados Unidos não estão sós nesta decisão de atacar a Síria: França e Reino Unido apoiam-nos. Na terça-feira, Donald Trump, o Presidente francês, Emmanuel Macron, e a primeira-ministra britânica, Theresa May, conversaram ao telefone, separadamente. Todos concordaram que “a comunidade internacional precisa de responder para defender a proibição mundial do uso de armas químicas”, lê-se num comunicado do Governo de Londres.

No mesmo dia, a Eurocontrol, organização europeia de segurança na navegação aérea, divulgou uma “advertência rápida” às companhias aéreas a operar no leste do Mediterrâneo contra “o possível lançamento de ataques aéreos com mísseis ar-terra e/ou de cruzeiro”, contra a Síria, “nas próximas 72 horas”.

São já demasiados indícios para que o som dos tambores da guerra não resulte num ataque militar. Mas, a concretizar-se nos mesmos moldes do ataque de há um ano, não trará grandes consequências para o regime — nem paz para os sírios.

Artigo publicado no “Expresso Diário”, a 11 de abril de 2018. Pode ser consultado aqui

Novo ataque químico na Síria: 70 mortos

Acusado da autoria de um ataque contra a cidade de Duma, o regime de Bashar al-Assad diz tratar-se de uma montagem dos rebeldes ali entrincheirados. Dezenas de pessoas morreram por asfixia

Duma, o último bastião rebelde nos arredores da capital da Síria, Damasco, voltou a ser palco de um ataque químico. “Setenta pessoas sufocaram até à morte e centenas continuam a asfixiar”, testemunhou à Al-Jazeera, Raed al-Saleh, o líder dos Capacetes Brancos. A maioria das vítimas mortais é mulheres e crianças.

Na sua conta de Twitter, esta organização de voluntários que opera em zonas afetas à oposição ao regime sírio revela que foram atingidas famílias, que se tinham abrigado em caves para se protegerem dos bombardeamentos aéreos e das mortíferas bombas de barril.

Segundo Raed al-Saleh, a região de Duma foi atingida por gás cloro e um outro gás forte não identificado. “Os voluntários dos Capacetes Brancos estão a tentar ajudar as pessoas mas tudo o que podemos fazer é transferi-los para outra área a pé.”

Dado o estado crítico de muitos feridos, o número de mortos deverá aumentar.

Na sexta-feira, Duma foi fortemente bombardeada com bombas de barril pelas forças do governo. A agência de informação síria (SANA) noticiou que o ataque foi uma resposta aos ataques do grupo rebelde Jaish al-Islam (Exército do Islão) contra áreas residenciais de Damasco. “Os terroristas do Jaish al-Islam estão numa situação decadente e os seus órgãos de informação fazem montagens de ataques químicos numa tentativa falhada de obstruir os avanços do exército sírio.”

“A confirmarem-se, estas informações são assustadoras e exigem uma resposta imediata por parte da comunidade internacional”, reagiu a porta-voz do Departamento de Estado norte-americano, Heather Nauert. Washington exigiu a Moscovo que acabe “de imediato” com o seu “apoio inabalável” ao regime de Bashar al-Assad e que torna os russos, “em última análise, responsáveis” pelo ataque.

Duma é a principal cidade afetada pelo cerco iniciado em abril de 2013 pelas forças governamentais sírias — apoiadas pela Rússia — à região de Ghouta Oriental, controlada pelos rebeldes. Em agosto desse ano, “rockets” com gás sarin foram disparados contra áreas rebeldes, matando centenas de pessoas. Uma missão da ONU confirmou a natureza do gás, mas não conseguiu apurar a autoria do ataque.

Artigo publicado no “Expresso Online”, a 8 de abril de 2018. Pode ser consultado aqui

Trump ameaça responsáveis por ataque químico na Síria: “Vão pagar caro”

Reagindo às notícias que dão conta de um novo ataque químico na Síria, o Presidente dos Estados Unidos não poupou nas palavras: chamou “animal” a Assad e disse que Rússia e Irão são também responsáveis

O Presidente dos Estados Unidos reagiu com força e determinação às notícias que dão conta de um novo ataque com armas químicas na Síria.

Este domingo, Donald Trump recorreu ao Twitter para disparar em várias direções e apontar culpados no mais recente massacre contra o povo sírio: “Muitos mortos, incluindo mulheres e crianças, num ataque QUÍMICO estúpido na Síria. A área da atrocidade está bloqueada e cercada pelo exército sírio, o que a torna completamente inacessível ao mundo exterior. O Presidente Putin, a Rússia e o Irão são responsáveis por apoiarem esse Assad animal. Alto preço a pagar.”

Não é a primeira vez que Donald Trump reage — com palavras e ação — a notícias sobre ataques químicos na Síria. Há sensivelmente um ano, após serem divulgados vídeos de mulheres e crianças a asfixiarem e a espumarem da boca, após um bombardeamento à cidade de Khan Sheikhoun, na província rebelde de Idlib, Trump ordenou um ataque a posições militares do regime de Bashar al-Assad. Entre o ataque, a 4 de abril de 2017, e a ação efetiva decorreram 63 horas.

Bicada em Obama

Atuar na Síria serve também para Trump marcar diferenças em relação ao seu antecessor, como tanto gosta, e que ele não esqueceu nos ‘tweets’ deste domingo: “Se o Presidente Obama tivesse atravessado a Linha Vermelha na Areia de que falou, o desastre sírio teria terminado há muito tempo! O animal do Assad seria história!”

A 20 de agosto de 2012, em declarações à imprensa na Casa Branca, Obama traçou uma “linha vermelha” para a guerra da Síria que, se ultrapassada pelo regime de Damasco, forçaria os EUA a intervirem — essa linha era o uso de armas químicas. Quase um ano depois, em agosto de 2013, confrontado com notícias de um ataque com gás sarin à região rebelde de Ghouta Oriental — a mesma região atingida na sexta-feira passada —, Washington não reagiu.

Artigo publicado no “Expresso Online”, a 8 de abril de 2018. Pode ser consultado aqui

Rússia diz que acusações de ataque visam justificar “potenciais ataques militares externos”

O Governo de Moscovo alertou ainda para “as mais graves consequências” que podem decorrer de uma “intervenção militar baseda em pretextos falsos”

O Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia considerou, este domingo que, as notícias relativas a um ataque com armas químicas levado a cabo por forças governamentais sírias, nos arredores de Damssco, são “falsas”.

“O objetivo destas especulações falsas, que não se baseiam em quaisquer factos, é dar cobertura a terroristas e à oposição radical irreconciliável, que se opõe a um entendimento político, e simultaneamente tentar justificar potenciais ataques militares externos”, defendeu o ministério russo da diplomacia, em comunicado.

O Governo de Moscovo alertou ainda para “as mais graves consequências” que podem decorrer de uma “intervenção militar baseda em pretextos falsos e fabricados na Síria, onde os efetivos russos estão a pedido do Governo legítimo” e que, a acontecer, será “absolutamente inaceitável”.

No Twitter, Dmitry Polyanskiy, vice Primeiro Representante Permanente da Rússia nas Nações Unidas denunciou “uma provocação” preparada pelos “terroristas entrincheirados” em Duma, “com a ajuda dos Capacetes Brancos”.

“Eu faço uma pergunta simples: por que razão as forças sírias, que têm a iniciativa militar e que em breve libertarão completamente Duma, têm necessidade de usar armas químicas, mesmo que as tivessem, o que Damasco nega? Não tem lógica! Pelo contrário, os terroristas têm todas as razões para encenar uma provocação destas para atrair atenção. Métodos sujos, como antes!”

Artigo publicado no “Expresso Online”, a 8 de abril de 2018. Pode ser consultado aqui