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Amizade com os EUA passa pela devolução de Guantánamo

Barack Obama quer fechar Guantánamo. Raúl Castro quer o fim da ocupação norte-americana daquele pedaço da ilha de Cuba. Dossiê está na agenda da normalização de relações entre Washington e Havana

Raúl Castro aproveitou a tribuna da III Cimeira da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC), que termina esta quinta-feira em San Antonio de Belen, na Costa Rica, para fazer exigências aos Estados Unidos.

“O reestabelecimento das relações diplomáticas é o início de um processo de normalização das relações bilaterais, mas isso não será possível enquanto o bloqueio existir e enquanto eles não devolverem o território ilegalmente ocupado pela base naval de Guantánamo”, afirmou o Presidente cubano, na quarta-feira.

A presença dos Estados Unidos na ilha de Cuba data de 1903, quando ali estabeleceram essa infraestrutura militar. Desde a revolução de 1959 que as autoridades de Havana têm vindo a exigir a restituição do território ocupado pela base e que, após o 11 de Setembro, alberga um centro de detenção para suspeitos de terrorismo.

Segundo o sítio Close Guantanamo (Fechem Guantánamo), desde janeiro de 2002, 779 prisioneiros passaram por aquele centro: 647 foram libertados ou transferidos, um foi levado para os EUA para ser julgado e nove morreram, o último dos quais Adnan Latif, em setembro de 2012.

Atualmente, 122 pessoas continuam ali detidas. O encerramento de Guantánamo foi uma das principais promessas eleitorais de Barack Obama. 

Compensações após anos de sanções
Falando na Costa Rica, Raúl Castro exigiu também, para além do levantamento do embargo económico, o pagamento de centenas de milhões de dólares como indemnização pelas perdas provocadas pelas sanções.

“Se estes problemas não forem resolvidos, esta reaproximação económica não fará qualquer sentido”, disse.

Raúl Castro e Barack Obama anunciaram, a 17 de dezembro, o início de um processo diplomático visando o reestabelecimento de relações bilaterais. Os dois governos realizaram o seu primeiro encontro na semana passada, em Havana.

Artigo publicado no “Expresso Online”, a 29 de janeiro de 2015. Pode ser consultado aqui

Fidel, Portugal e os portugueses

Fidel esteve em Portugal por duas vezes. A primeira no Porto, em 1998, para participar na VIII Cimeira Ibero-Americana. A segunda em maio de 2001, para contactos institucionais. José Saramago, António Guterres, Jorge Sampaio, Pina Moura e Américo Amorim foram alguns dos portugueses que, em Portugal ou no estrangeiro, privaram com “El Comandante”. Fotogaleria de encontros históricos

José Saramago e Fidel Castro abraçam-se durante uma ação de solidariedade com Cuba, em Matosinhos, em 1998 REUTERS
Na fila atrás de Fidel, para além de Saramago, está Narciso Miranda, então presidente da câmara de Matosinhos REUTERS
O comício em Matosinhos realizou-se a 18 de outubro de 1998, dez dias após José Saramago ter ganho o Prémio Nobel da Literatura REUTERS
Fidel, Jorge Sampaio (Presidente de Portugal) e José Maria Aznar (primeiro-ministro de Espanha), na foto de família da VII Cimeira Ibero-Americana, em 1997, na Ilha de Margarita (Venezuela) ANDREW WINNING / REUTERS
A VIII Cimeira Ibero-Americana realizou-se no Porto, nos dias 17 e 18 de outubro de 1998. Fidel brinda com o monarca espanhol Juan Carlos, com um cálice de Porto JOSÉ MANUEL RIBEIRO / REUTERS
Ao lado de Andrés Pastrana (Presidente da Colômbia) e à frente Fraga Iribarne (presidente da Galiza), durante a cerimónia de entronização da Confraria do Vinho do Porto, a 17 de outubro de 1998 DESMOND BOYLAN / REUTERS
Sessão final da VIII Cimeira Ibero-Americana, realizada no edifício da Alfândega da cidade Invicta RICKEY ROGERS / REUTERS
Foto de família dos chefes de Estado e de Governo da América Latina, de Portugal e de Espanha participantes na VIII Cimeira Ibero-Americana, com a ponte da Arrábida como cenário MARCELO DEL POZO / REUTERS
Na companhia do empresário Américo Amorim e de Pina Moura, então ministro da Economia, após a visita a uma fábrica de cortiça, a 19 de outubro de 1998 REUTERS
Recebendo o Presidente português Jorge Sampaio, no aeroporto de Havana, a 14 de novembro de 1999 REUTERS
Sampaio participou na IX Cimeira Ibero-Americana, que se realizou na capital cubana, a 15 e 16 de novembro de 1999 REUTERS
Fidel Castro retribuiu a visita a Jorge Sampaio, no Palácio de Belém, a 17 de maio de 2001 REUTERS
O líder cubano passou por Lisboa após um périplo pelo Médio Oriente e Norte de África REUTERS
À conversa com o primeiro-ministro António Guterres, no Palácio de S. Bento, a 17 de maio de 2001 REUTERS

Com Guterres, num passeio animado pelos jardins do Palácio de S. Bento REUTERS

Artigo publicado no “Expresso Online”, a 18 de julho de 2014 e republicado a 26 de novembro de 2016. Pode ser consultado aqui e aqui

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Fidel Castro reaparece, nove meses depois…

O ex-Presidente cubano marcou presença na inauguração de uma exposição de arte, em Havana. Fidel já não era visto em público desde abril de 2013

O ex-Presidente Fidel Castro surgiu em público, na quarta-feira à noite, na inauguração de uma exposição de arte, no Kcho estudio Romerillo, Laboratorio para el arte, uma instituição sem fins lucrativos, em Havana.

Segundo o diário “Granma”, o jornal oficial do Partido Comunista Cubano, Fidel tinha à sua espera, no bairro Romerillo, “artistas e moradores que o aplaudiram com emoção”.

O evento inseriu-se nas comemorações do 55º aniversário da entrada em Havana dos rebeldes liderados por Fidel, a 1 de janeiro de 1959.

A última aparição pública de “El Comandante”, hoje com 87 anos, aconteceu a 9 de abril de 2013, dia em que Fidel compareceu à inauguração da escola Vilma Espín Guilois, no município de Playa.

O ex-Presidente, que governou Cuba durante 48 anos, transferiu o poder ao seu irmão, Raúl, em 2006, devido a problemas de saúde. Desde então, vão rareando as suas aparições em público, bem como a publicação das suas habituais “Reflexões”, sobre temas da atualidade, no sítio “Cubadebate”.

O seu último texto, intitulado “La mentira tarifada”, data de 27 de agosto de 2013. Nele, Fidel fala dos Estados Unidos, de Edward Snowden e de Bashar al-Assad. 

Artigo publicado no “Expresso Online”, a 9 de janeiro de 2014. Pode ser consultado aqui