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Primeiro debate entre candidatos republicanos não conseguiu ignorar “o elefante que não esteve na sala”

Donald Trump falhou ao debate do Partido Republicano que foi tiro de partida para a próxima corrida à Casa Branca, quarta-feira à noite. O ex-Presidente, que lidera destacado as sondagens para a nomeação do ‘partido do elefante’ e prometeu entregar-se à justiça esta quinta-feira, não foi a Milwaukee, mas montou um palco só para si. Sensivelmente à mesma hora, foi publicada numa rede social uma entrevista sua ao polémico apresentador Tucker Carlson

No sentido dos ponteiros do relógio, a partir do canto superior esquerdo: Mike Pence, Ron DeSantis, Nikki Haley, Vivek Ramaswamy, Chris Christie, Asa Hutchinson, Tim Scott e Doug Burgum SCOTT OLSON, DREW ANGERER / GETTY IMAGES

A 441 dias das próximas presidenciais nos Estados Unidos, abriu mais uma época eleitoral no país, com o primeiro debate na televisão entre candidatos às primárias do Partido Republicano. Transmitido pela conservadora Fox News, realizou-se no Fiserv Forum, em Milwaukee, Wisconsin, um estado simbólico que os republicanos consideram ser crucial para decidir as próximas eleições.

A braços com graves problemas na justiça — 91 acusações criminais no âmbito de quatro processos abertos em quatro estados e dois julgamentos já agendados —, Donald Trump, que lidera de forma destacada todas as sondagens relativas à corrida republicana, faltou ao debate.

“O público sabe quem eu sou e que presidência bem-sucedida tive. Por essa razão, não participarei em debates”, escreveu, dias antes, na sua rede social Truth Social, deixando no ar a possibilidade de não comparecer a nenhuma discussão futura.

Trump aposta na contraprogramação

Bem ao seu estilo, Trump não deu de barato todo o tempo de antena aos adversários. Cinco minutos antes de o debate começar, foi para o ar, na rede social X (antigo Twitter), uma entrevista de Trump concedida a Tucker Carlson, apresentador despedido da Fox News, pré-gravada no seu clube de golfe em Bedminster, Nova Jérsia.

Desta forma, pelo menos durante 45 minutos, Trump desviou audiências do debate, roubando palco aos seus diretos antagonistas e provocando a Fox News, com quem já teve melhores dias.

Mas não terá sido a vontade de provocar que afastou Trump da discussão. O debate realizou-se quarta-feira à noite (madrugada de quinta-feira em Lisboa), horas antes de Trump — assim o prometeu — se entregar à justiça, para responder no caso de interferência eleitoral na Geórgia após as eleições de 2020, que perdeu para Joe Biden. “Irei a Atlanta, na Geórgia, quinta-feira, para ser PRESO”, escreveu noutra mensagem na rede social que fundou.

OS OITO PARTICIPANTES

  • Ron DeSantis, 44 anos, governador da Florida
  • Mike Pence, 64, vice-presidente de Donald Trump
  • Nikki Haley, 51, ex-governadora da Carolina do Sul e antiga embaixadora dos EUA na ONU
  • Chris Christie, 60, antigo governador da Nova Jérsia
  • Doug Burgum, 67, governador do Dacota do Norte
  • Asa Hutchinson, 72, ex-governador do Arcansas
  • Tim Scott, 57, senador pela Carolina do Sul
  • Vivek Ramaswamy, 38 anos, empresário da área da tecnologia

Pela ausência no debate e pelo que anunciou para o dia seguinte, Trump tornou-se “o elefante que não está na sala”, na formulação do moderador Bret Baier. De seguida, perguntou aos oito candidatos se tencionam apoiar Trump na eventualidade de ele vir a ser o candidato republicano às eleições de 2024 e for condenado na justiça.

Quatro foram rápidos a levantar a mão (Doug Burgum, Tim Scott, Nikki Haley e Vivek Ramaswamy), outros dois foram lentos a fazê-lo (Ron DeSantis e Mike Pence), um demonstrou relutância (Chris Christie, que afirmaria, sob grande vaia do público, que “a conduta [de Trump] está abaixo do cargo de Presidente dos Estados Unidos”) e apenas um não levantou a mão (Asa Hutchinson).

A pergunta não foi inocente. Um dos critérios previamente estabelecidos pelo Comité Nacional Republicano para selecionar os participantes no debate foi a assinatura de um “Compromisso Vencer Biden”, através do qual os candidatos prometem apoiar o vencedor da nomeação republicana, seja quem for, no duelo contra Biden, previsível vencedor incontestado da nomeação democrata.

Durante duas horas, e perante uma audiência ao vivo de 4000 pessoas (pouco tolerante a críticas a Trump), oito republicanos com idades entre os 38 anos e os 72 anos disputaram o título de ‘melhor candidato alternativo’ a Trump, que tem 77 anos. Para alcançá-lo, o alvo preferencial foi… Joe Biden.

Consistente na segunda posição das preferências de voto republicanas, o governador da Florida, Ron DeSantis, apontou ao atual Presidente quando confrontado sobre o porquê do grande êxito musical do momento no país (“Rich Men North of Richmond”) ser um tema country de um artista desconhecido (Oliver Anthony) sobre os problemas da classe trabalhadora.

DeSantis respondeu que os Estados Unidos “estão em declínio” e que “esse declínio não é inevitável, é uma escolha”. E acrescentou: “Precisamos de mandar Joe Biden de volta para o seu porão e reverter o declínio americano”.

Instados a dar respostas de um minuto (findo o qual soava uma buzina), os candidatos esgrimiram argumentos de forma mais acalorada quando o assunto foi o aborto. Horas antes do debate, o Supremo Tribunal estadual da Carolina do Sul confirmou a constitucionalidade da proibição do aborto a partir das seis semanas de gestação — quando muitas mulheres não sabem sequer que estão grávidas —, decretada em maio pelo governador republicano, Henry McMaster.

Nikki quer consenso, Pence prefere autoridade

Afirmando-se “pró-vida”, Nikki Haley, antiga governadora daquele estado e a única mulher entre os oito candidatos, defendeu que “há que parar de demonizar este assunto”, defendendo a necessidade de um “consenso” caso venha a ser adotada uma proibição do aborto a nível federal.

“Não podemos todos concordar que devemos proibir os abortos tardios? Não podemos todos concordar que devemos encorajar as adoções? Não podemos todos concordar que médicos e enfermeiros que não concordam com o aborto não deveriam ter de realizá-lo? Não podemos todos concordar que a contraceção deveria estar disponível? E não podemos todos concordar que não vamos pôr uma mulher na prisão ou aplicar-lhe a pena de morte se fizer um aborto?”

Haley teve a desafiá-la Mike Pence, que no debate se afirmou “orgulhoso” por ter sido possível, durante o seu mandato (foi vice-presidente de Trump), colocar no Supremo Tribunal três juízes conservadores. O antigo número dois afirmou que “consenso é o oposto de liderança”, defendeu “uma liderança sem remorsos, que se baseie em princípios e expresse compaixão”, e prometeu pugnar pela proibição do aborto após 15 semanas em todos os estados.

Ao longo de duas horas, as perguntas foram trazendo à discussão temas como economia, alterações climáticas, armas, segurança na fronteira, educação, Ucrânia e Rússia, e até objetos voadores não-identificados.

ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS
outsider Vivek Ramaswamy, que nunca trabalhou no Estado e, nas palavras de Chris Christie, “soava como o Chat GPT”, assumiu-se como o mais trumpista dos candidatos, em estilo e substância. Defendeu que as alterações climáticas são “um embuste” e que “há mais pessoas a morrer de más políticas para as combater do que efetivamente das alterações climáticas”.

NARCÓTICOS
O governador do Dacota do Norte, Doug Burgum, trouxe a debate outro tipo de morte no país. “Não foram só os 70 mil por causa do fentanil. Perdemos 200 mil pessoas por overdose desde que Biden tomou posse.”

SEGURANÇA FRONTEIRIÇA
Questionado sobre se os EUA deveriam enviar forças especiais para dentro do México para combater os cartéis da droga, Ron DeSantis respondeu sem dúvidas. “Sim, reservamo-nos no direito de atuar.”

UCRÂNIA
Chris Christie, que foi, além de Mike Pence, o único a visitar a Ucrânia, considerou que as atrocidades cometidas naquele país são obra de “Vladimir Putin, de quem Donald Trump disse que é “brilhante e um génio”.

A guerra na Ucrânia quase monopolizou os comentários de política externa, com Haley, antiga diplomata na ONU (2017-18), a prever que uma vitória da Rússia seja uma vitória para a China, que a seguir irá “comer Taiwan”. A leitura pode impressionar analistas, mas é pouco provável que mobilize eleitorado.

Artigo publicado no “Expresso Online”, a 24 de agosto de 2023. Pode ser consultado aqui

Kamala Harris, a possível candidata que terá ainda de conquistar os Estados Unidos

A resiliência do Partido Democrata nas midterms, eleições que se projetavam como uma “onda vermelha” favorável aos republicanos, relançou o interesse à volta da corrida democrata às presidenciais de 2024. Com Joe Biden prestes a fazer 80 anos, o foco volta-se para Kamala Harris, a sua vice, que partilha com o Presidente taxas de aprovação… negativas

Caricatura da vice-presidente dos Estados Unidos Kamala Harris GAGE SKIDMORE

“Era uma vez dois irmãos. Um deles correu na direção do mar; o outro foi eleito vice-presidente dos Estados Unidos. E nunca mais se ouviu falar de nenhum deles.” Esta curta história é uma piada atribuída ao norte-americano Thomas Marshall, que a contava para ilustrar a insignificância do cargo que desempenhou entre 1913 e 1921 — a vice-presidência dos Estados Unidos. Governava então Woodrow Wilson.

Com igual humor, Nelson Rockefeller, o n.º 2 de Gerald Ford entre 1974 e 1977, disse sentir-se em permanente estado de prontidão para acudir a “funerais e terramotos”. Já Benjamin Franklin, governador da Pensilvânia entre 1785 e 1788, sugeriu que se chamasse aos titulares do cargo “sua supérflua excelência”.

Nos Estados Unidos, a vice-presidência está longe de ser o posto mais cobiçado para quem ambiciona fazer carreira na política. “O cargo é muito ingrato e arriscado”, explica ao Expresso Germano Almeida, especialista em política norte-americana e autor de quatro livros sobre Presidentes dos EUA. “Não tem poder real e a sua função é, por definição, ‘negativa’. Ou seja, só se tornará importante se algo de errado e inesperado ocorrer com o Presidente.”

A anunciada presença da atual vice-presidente, Kamala Harris, em representação de Joe Biden, na tomada de posse de Lula da Silva como Presidente do Brasil, a 1 de janeiro de 2023, é exemplo da subalternização do cargo em relação ao inquilino da Casa Branca.

Os casos de JFK e Nixon

Além das funções de representação, e do voto de qualidade no Senado conferido pela Constituição — crucial num cenário em que haja empate a 50 senadores entre os dois partidos, como sucedeu desde 2020 e pode continuar até 2024 —, espera-se de um vice-presidente que se mantenha ‘em forma’ para a eventualidade de o Presidente morrer ou renunciar. Aconteceu, e tempos recentes, com Lyndon Johnson após o assassínio de John F. Kennedy, em 1963, e com Gerald Ford após a demissão de Richard Nixon, na sequência do escândalo Watergate, em 1973.

Em 1945, quando ascendeu à presidência após a morte de Franklin D. Roosevelt, Harry Truman teve de tomar decisões exigidas a um chefe de Estado experiente. “Teve de assumir a Casa Branca nos meses finais da II Guerra Mundial, tendo sido dele a ordem de envio das bombas atómicas de Hiroxima e Nagasáqui”, recorda Germano Almeida.

Passadas as midterms para o Congresso dos EUA, terça-feira, e com o Partido Democrata (no poder) a revelar uma resiliência que as sondagens não conseguiram descortinar, a corrida do partido do burro às presidenciais de 2024 ganhou renovado interesse. A meio do mandato — e com Joe Biden prestes a atingir os 80 anos de idade (a 20 de novembro) —, quão sólida é uma possível candidatura de Kamala Harris à Casa Branca?

A democrata mais conhecida

Por ser a outra metade do ticket (a dupla Presidente e vice-presidente que vai a votos como um só), Harris, de 58 anos, surge como sucessora natural do mais velho Presidente a ser eleito. “Se Biden não voltar a concorrer à presidência em 2024, julgo que Kamala Harris será a favorita para ganhar a nomeação democrata”, diz ao Expresso Christopher Devine, professor de Ciência Política da Universidade de Dayton (Ohio), com livros publicados sobre a vice-presidência norte-americana.

“Isso não se deve necessariamente ao desempenho de Harris como vice-presidente, mas aos fundamentos de uma campanha para as primárias. Ela seria provavelmente a democrata mais conhecida a concorrer à presidência e não enfrentaria nenhum candidato óbvio. Teria o apoio do Presidente Biden, de muitos altos funcionários democratas e, quase de certeza, amplo apoio entre políticos e eleitores negros — o que, como demonstraram os casos de Hillary Clinton em 2016 e Biden em 2020, pode mais ou menos garantir a nomeação numas primárias democratas.”

BILHETE DE IDENTIDADE

  • Nome: Kamala Devi Harris
  • Data de Nascimento: 20 de outubro de 1964
  • Local de Nascimento: Oakland, Califórnia
  • Pais: Shyamala Gopalan (cientista indiana, na área do cancro da mama) e Donald J. Harris (professor universitário jamaicano, da área da economia)
  • Estado civil: Casada com o advogado Douglas Emhoff, desde 2014. Sem filhos
  • Formação académica: Curso de Direito, no Hastings College of the Law, da Universidade da Califórnia
  • Experiência profissional: Promotora, procuradora-geral e senadora pelo estado da Califórnia

Quarta-feira, na ressaca de uma derrota eleitoral que não lhe foi tão penalizadora como se anunciava, Biden anunciou que vai aproveitar as festividades de Natal para maturar, com a família, a possibilidade de se recandidatar. A decisão será comunicada aos norte-americanos no início de 2023.

“Diria que, neste momento, é altamente improvável que a nomeada presidencial democrata para 2024 seja Kamala Harris”, diz Germano Almeida. “Biden é mais provável, se nessa altura estiver em condições de saúde para tal; se não for o atual Presidente, apontaria outros dois nomes com mais condições políticas do que Kamala: o secretário dos Transportes, Pete Buttigieg, e o governador da Califórnia, Gavin Newsom.”

Quando tomou posse como vice-presidente, Harris fez história — e gerou entusiasmo — no país. Foi a primeira mulher eleita para o cargo e, ainda por cima, era negra e descendente de jamaicanos e asiáticos. “Sendo tudo isso, a verdade é que não representa qualquer desses segmentos no posto”, alerta Almeida.

“O flanco esquerdo do Partido Democrata queria que ela fosse mais radical, a ala moderada e centrista nem com Biden está plenamente satisfeita. Por último, Kamala recebeu do Presidente um dossiê muito complicado de gerir: a imigração e a pressão fronteiriça, tema em que esta Administração ainda não conseguiu marcar pontos.”

“Não venham” para o ‘el dorado’

No seu primeiro dia em funções, Biden derrubou dois pilares da política migratória de Donald Trump: suspendeu a construção de novos troços do muro na fronteira com o México e introduziu legislação com vista à legalização de quase 11 milhões de imigrantes que já viviam no país.

Ao rejeitar uma abordagem securitária do acolhimento de migrantes, Biden incentivou, ainda que involuntariamente, a formação de caravanas de migrantes com origem na América Central, que se fizeram à estrada, muitos a pé, rumo ao El dorado americano.

As imagens degradantes de milhares de pessoas à espera dias a fio para cruzar a fronteira entre EUA e México e dos centros de triagem no Texas sobrelotados, com migrantes instalados em jaulas coletivas, pressionaram a vice-presidente.

A 7 de junho de 2021, durante uma visita à Guatemala — um dos países de origem do problema migratório —, Kamala não criou ilusões a quem só queria fugir da pobreza: “Não venham!”, disse numa conferência de imprensa, ao lado do Presidente guatemalteco.

Migrantes: tema difícil para marcar pontos

“Kamala Harris ficou com uma das tarefas mais difíceis: lidar com os fluxos migratórios da América Latina para os EUA, tema explorado de forma exaustiva pelos republicanos, independentemente da dimensão desses fluxos”, diz ao Expresso Pedro Ponte e Sousa, professor na Universidade Portucalense.

“A forma como a vice-presidente tem gerido esta questão, e sobretudo a forma mediática como o tem feito — a visita à Guatemala onde disse aos possíveis migrantes ‘Do not come’ ou as reticências em visitar a fronteira com o México —, tem gerado contestação na ala mais à esquerda do Partido Democrata’, acrescenta.

“Num tema que os EUA pretendem gerir de uma perspetiva estritamente securitária, sem tentar promover o desenvolvimento económico e social, e em que a análise deste está fortemente politizada e carregada de estereótipos, não parece possível que Harris consiga obter vantagens na gestão do tema para a sua carreira política.”

Outro dossiê quente que ficou a cargo de Harris é a questão do “direito ao voto”, tema que causa grande atrito com os republicanos e que muito dificilmente lhe permitirá apresentar trabalho.

“Parte do problema da vice-presidente Harris é que muitos problemas que foram negligenciados sob a Administração anterior ou assuntos sobre os quais ela e o Presidente Biden têm controlo limitado, como a guerra da Rússia contra a Ucrânia, criaram dificuldades económicas que prejudicaram a sua posição”, diz ao Expresso Joel K. Goldstein, professor de Direito na Universidade de Saint Louis (Missuri) e autor do livro “The White House Vice Presidency: The Path to Significance, Mondale to Biden” (2017).

“Harris tem sido uma das principais porta-vozes de conquistas e questões importantes do Governo Biden, como os direitos reprodutivos, a inclusão, a necessidade de responder às alterações climáticas. Isso deve proporcionar uma oportunidade para que ela fortaleça a sua posição enquanto desenvolve trabalho importante a nível governamental.”

A dois anos das próximas presidenciais, as taxas de aprovação não têm sido simpáticas para Harris. Há mais de um ano que tem ininterruptamente uma avaliação no vermelho. O reconhecido projeto FiveThirtyEight, que analisa sondagens, atribuía-lhe, no dia das midterms, 52% de “reprovação” e 39,5% de “aprovação”.

Os números baixos não lhe devem ser imputados em exclusivo. “É muito difícil para um vice-presidente manter popularidade alta quando o índice de aprovação do Presidente é relativamente baixo”, diz Goldstein. É o que acontece com Biden. “A popularidade de Kamala Harris vai andar sempre de braço dado com a do Presidente Biden, muito mais do que pela sua própria ação política”, acrescenta Ponte e Sousa.

“Harris não é muito popular entre os americanos, em geral. Mas é difícil dizer se isso é por caisa dela, ou especificamente da sua atuação como vice-presidente”, afirma Devine. “O mais provável é que esteja a sofrer de uma estreita associação com o Presidente, que tem números baixos. Se Biden não concorrer em 2024, e Harris sim, ela terá a oportunidade de se distinguir dele e concorrer por si própria. Mas, para o bem ou para o mal, a reputação dela estará ligada a Biden. É o dilema que qualquer vice-presidente enfrenta ao concorrer à presidência.”

Adversários de ontem, hoje aliados

Kamala e Joe não são aliados desde a primeira hora, ao contrário do que pode insinuar este descontraído vídeo divulgado no dia da vitória eleitoral de ambos. Foram adversários nas primárias democratas — em que participaram 29 candidatos — e, nos debates, protagonizaram momentos de oposição e tensão.

Na história dos Estados Unidos, não faltam exemplos reveladores do quão dependente estão os vice-presidentes do sucesso dos seus superiores para se aventurarem à Casa Branca. “É uma dependência quase total”, diz Germano Almeida.

“Foi assim com George HW Bush depois de dois mandatos de Ronald Reagan, foi assim com Joe Biden depois de dois mandatos de Barack Obama [com Donald Trump a seguir]. No caso do atual Presidente, o facto de ter sido o escolhido de Obama para vice, em 2008, foi determinante”, apesar dos 36 anos como senador pelo Delaware.

O ‘azar’ de Al Gore

“Nos tempos modernos, quase todos os vice-presidentes foram considerados futuros candidatos presidenciais depois de terem servido como vice-presidente”, conclui Goldstein. “Ser vice-presidente dá vantagem. Mas nunca se deve presumir que garante que se tornarão Presidentes ou candidatos à presidência.”

Almeida dá um exemplo recente de como o trampolim da vice-presidência nem sempre funciona. “Quem tinha tudo para ser um vice-presidente a ascender à presidência após dois mandatos bem-sucedidos era Al Gore [vice de Bill Clinton entre 1993 e 2001]. Teve mais 500 mil votos do que o opositor, mas nunca viria a tomar posse: perdeu no Colégio Eleitoral após três recontagens na Florida.” Especificidades de um sistema eleitoral único, aqui a dar vantagem a George W. Bush.

Artigo publicado no “Expresso Online”, a 14 de novembro de 2022. Pode ser consultado aqui

Viragem na presidência após campanha para esquecer

Yoon Suk-yeol venceu as eleições por menos de 1%. Ex-procurador-geral, propõe política mais dura com a Coreia do Norte

A democracia sul-coreana assinala, este ano, 35 anos de vida. Quarta-feira, o país foi a votos para escolher novo Presidente e, a atentar no perfil dos principais candidatos que disputaram as eleições até ao último voto, talvez não seja exagerado dizer que os sul-coreanos estão fartos de políticos. Pela primeira vez na era democrática, nenhum dos candidatos mais votados tem experiência parlamentar ou governamental.

O nome a memorizar é Yoon Suk-yeol. Representante do Partido do Poder Popular (conservador), até agora na oposição, recebeu mais de 16,4 milhões de votos (48,56%). Em segundo lugar ficou Lee Jae-myung, do Partido Democrático (liberal, no poder) e veterano da administração pública (até há pouco, governador da província de Gyeonggi). Foi o preferido de 16,1 milhões de eleitores (47,83%). A afluência foi de 77,1%, entre 44 milhões de eleitores.

Os dois candidatos terminaram a corrida à Casa Azul separados por menos de 1% dos votos. Na Coreia do Sul, o chefe de Estado só pode exercer um mandato de cinco anos e as presidenciais ficam concluídas numa volta só, ou seja, ganha o candidato mais votado, independentemente da robustez do seu resultado. “Considerarei a unidade nacional a minha prio­ridade de topo”, disse o vencedor.

O novo Presidente, de 61 anos, dedicou 26 à justiça, onde exerceu como promotor. Entre 2019 e 2021, Yoon Suk-yeo foi procurador-geral do país, tendo ganho prestígio ao liderar investigações relativas a escândalos de corrupção que implicavam assessores do Presidente Moon Jae-in.

Durante a campanha eleitoral, Yoon ganhou fama de ser antifeminista, depois de ter dito que a discriminação de género não existe no país de forma estrutural, e de prometer abolir o Ministério da Igualdade de Género e da Família.

Votar no “mal menor”

Esta foi uma de muitas polémicas, escândalos e insultos que marcaram o período pré-eleitoral. Os dois principais aspirantes atacaram a esposa um do outro, Lee acusou Yoon de ser bêbado e denunciaram “xamãs” (pessoas com poderes especiais) na campanha adversária. A alta taxa de reprovação de ambos levou a que este escrutínio fosse visto como a escolha “do mal menor” ou rotulado de “eleição desagradável” ou “eleição ‘Squid Game’” (por analogia com uma violenta série sul-coreana de grande sucesso na Netflix), pelo nível de agressividade entre os principais nomes em liça. Numa reportagem do jornal “Korea Times” realizada junto de jovens que votavam pela primeira vez, um deles afirmava: “Alguns candidatos parecem umas cabeças ocas, a julgar pelas suas palavras e ações.”

Na hora da vitória, Yoon prometeu “prestar atenção aos meios de subsistência das pessoas”, “fornecer serviços de bem-estar aos necessitados”, acabar com a corrupção e fazer o máximo para que a Coreia do Sul “sirva como membro orgulhoso e responsável da comunidade internacional e do mundo livre”.

A estratégia de Yoon à frente da quarta maior economia da Ásia (a seguir à China, Japão e Índia) passa por redefinir a relação com a China e endurecer a posição do país para com a Coreia do Norte. Nos últimos meses, Pyongyang lançou um número recorde de mísseis.

Artigo publicado no “Expresso”, a 11 de março de 2022. Pode ser consultado aqui ou aqui

Halloween em tempos de pandemia… e de eleições

A tradição não olha a imprevistos e como tal, nos Estados Unidos, nem a pandemia nem a campanha eleitoral impedem os norte-americanos de celebrar o Halloween. Seguem-se 20 fotos de uma festa que chega a ser um susto

Em contagem decrescente para as eleições presidenciais, este esqueleto de Halloween apela à participação, em Falls Church, Virgínia KEVIN LAMARQUE / REUTERS
Apoio a Joe Biden e Kamala Harris, numa casa de Nashville, Tennessee. Aqui não se esqueceu a época de Halloween JUSTIN SULLIVAN / GETTY IMAGES
Máscaras para vários gostos, numa rua de Nova Iorque CINDY ORD / GETTY IMAGES
Apelo ao voto esculpido numa abóbora de Halloween, em Hanover, Massachusetts DAVID L. RYAN / GETTY IMAGES
Nesta casa em Washington D.C., até os esqueletos decorativos protegem-se com máscara e procuram manter a distância social TOM BRENNER / REUTERS
Protegido do frio e do novo coronavírus, no bairro nova-iorquino de Upper West Side ALEXI ROSENFELD / GETTY IMAGES
Cartaz de apoio à dupla democrata candidata à Casa Branca numa vivenda “aterrorizada”, em Nashville, Tennessee JUSTIN SULLIVAN / GETTY IMAGES
A “selfie” da praxe, num espaço de atrações dedicado ao Halloween, em Buena Park, Califórnia MIKE BLAKE / REUTERS
Com muitos eventos de Halloween cancelados, em virtude da pandemia, nesta casa nova-iorquina celebra-se dentro de portas CINDY ORD / GETTY IMAGES
Esqueletos de Halloween, “ao serviço” da campanha de Donald Trump, num jardim de uma casa de Warren, Ohio SHANNON STAPLETON / REUTERS
Eleições e Halloween disputam as atenções no jardim desta casa, em Los Angeles, Califórnia LUCY NICHOLSON / REUTERS
Discreta decoração de Halloween, numa casa do bairro de Upper West Side, em Nova Iorque ALEXI ROSENFELD / GETTY IMAGES
Votos garantidos para Donald Trump e Joe Biden, neste subúrbio de St. Paul, Minnesota BING GUAN / REUTERS
Uma abóbora ao serviço da sensibilização contra a covid-19, em Nova Iorque NOAM GALAI / GETTY IMAGES
“Vote como que se a sua vida dependesse disso”, apela-se nesta casa de Murray Hill, Nova Iorque, profusamente decorada para o Halloween NOAM GALAI / GETTY IMAGES
Junto a esta instalação alusiva ao Halloween, em La Cañada Flintridge, Califórnia, não faltam pessoas interessadas, e protegidas com máscara MARIO ANZUONI / REUTERS
Duas mulheres e dois esqueletos “à conversa”, num bairro de Wilmington, Delaware KEVIN LAMARQUE / REUTERS
Brincadeiras sob uma gigantesca teia de aranha, numa casa que apoia Joe Biden, em Youngstown, Ohio SHANNON STAPLETON / REUTERS
De máscara e resguardada dentro do carro, esta criança diverte-se a brincar às “Travessuras ou Gostosuras”, em Woodland Hills, Califórnia MARIO ANZUONI / REUTERS
“Obrigado por usar uma máscara” TIMOTHY A. CLARY / AFP / GETTY IMAGES

Artigo publicado no “Expresso Online”, a 30 de outubro de 2020. Pode ser consultado aqui

A ano e meio das eleições, há já 23 candidatos que querem bater o pé a Donald Trump

Faltam 18 meses para as eleições presidenciais nos Estados Unidos e 24 personalidades já andam de microfone na mão a tentar convencer eleitores. A batalha mais intensa trava-se entre os democratas, que têm no terreno 22 candidatos. No campo republicano, Donald Trump é (quase) apenas um observador

No mesmo dia em que tomou posse como 45.º Presidente dos Estados Unidos, a 20 de janeiro de 2017, Donald Trump fez soar o tiro de partida da corrida às eleições de 2020 e formalizou a sua recandidatura. Esta sexta-feira, a exatamente ano e meio das presidenciais — e também a nove meses do “caucus” do Iowa, que tradicionalmente marca o início oficial da fase das primárias —, Trump conta já com 23 concorrentes, 22 deles a competir pela nomeação democrata.

“No atual estado da corrida, há na minha opinião quatro nomes a olhar como possíveis vencedores, embora em diferentes estados de desenvolvimento e afirmação das respetivas candidaturas”, comenta ao Expresso Germano Almeida, analista de política americana.

“Joe Biden e Bernie Sanders são os ‘frontrunners’ [favoritos] e todas as sondagens o demonstram para já. Beto O’Rourke e Pete Buttigieg são os ‘challengers’ [desafoadores], ambos com potencial para crescer o suficiente até ao final da corrida a ponto de poderem ganhar, mas nesta fase com menos de metade das intenções de Biden e Sanders. O passado beneficia, nesta fase da corrida, a maior notoriedade de ambos. Mas o tempo está a favor de O’Rourke e Buttigieg — e geralmente as eleições americanas premeiam o ‘futuro’).”

As duas sondagens divulgadas após Joe Biden anunciar a sua candidatura, a 25 de abril, atribuem-lhe uma vitória inequívoca num possível confronto direto com Donald Trump a 3 de novembro de 2020. O ex-vice-presidente de Barack Obama consegue 43% contra 36% na pesquisa da empresa HarrisX e 51% contra 45% na da CNN.

“Joe Biden é forte em dois segmentos onde Hillary falhou (nos homens e nos brancos) e é forte no Midwest, a zona do mapa eleitoral onde Trump bateu inesperadamente Hillary”, em concreto os estados da Pensilvânia, do Michigan e do Wisconsin onde a diferença entre ambos não chegou a 100 mil votos.

Qual o favorito de Barack Obama?

Contrariamente ao que fez com Hillary Clinton, em 2016, Barack Obama (ainda) não declarou apoio. “Mas na prática já está a ajudar Biden — e basta olhar para o logótipo da campanha Biden para se perceber o desejo de ‘herança’ e ‘continuidade’ em relação aos dois mandatos de Obama que Joe Biden pretende corporizar. De resto, Obama aceitou fazer parte de um dos primeiros vídeos de campanha, para dizer que apesar da idade de Joe, ele ‘está muito longe do fim’ e foi sempre ‘resiliente e leal’.”

Precisamente a idade dos candidatos mais veteranos pode tornar-se um grande obstáculo para as pretensões democratas. “Quer Biden quer Sanders serão, de muito longe, o mais velho Presidente da história americana. Têm esse problema para enfrentar: convencer os democratas e, depois, todo o eleitorado americano de que estarem próximos dos 80 anos quando da tomada de posse não será uma barreira intransponível para derrotarem Trump.”

À parte a idade, estes dois “pesos pesados” da política norte-americana pouco têm em comum. “São muito diferentes. Biden é moderado, Sanders é radical. Joe herda o essencial dos anos Obama, Bernie elogia alguns aspetos mas é crítico da proximidade de Obama com o ‘establishment’. Biden defende a classe média dentro de uma visão ‘americana’ de premiar o mérito e não carregar excessivamente nos impostos, Sanders promete agravamento fiscal que leve a que o Estado tenha mais recursos para assumir uma redistribuição da riqueza mais justa”, enumera Germano Almeida.

“Sanders aposta no discurso ‘sexy’ de arrasar o ‘establishment’, Biden corre o risco de ficar com o rótulo de ser o candidato do sistema (e isso, por estes dias, é perigoso para quem vai a eleições). A grande armadilha em que os democratas podem cair será a de nomearem Bernie Sanders e, com isso, contribuírem para a reeleição de Trump. Sanders tem propostas demasiado radicais e demasiado à esquerda para o americano comum. Num duelo final com Trump, não terá grandes hipóteses de vitórias.”

As esperanças Beto e Pete

Dos 24 candidatos que já andam de microfone na mão, a tentar convencer o eleitorado, 22 estão empenhados na nomeação democrata.

“O ex-congressista estadual Beto O’Rourke, do Texas, parecia ser a maior esperança do centro político da América para estas eleições. Junta enorme carisma com apoios de eleitores independentes e até de republicanos, com o aliciante de alargar o mapa eleitoral dos democratas para os estados do Sul, geralmente reservados aos republicanos. Mas não está a descolar e terá sido a maior vítima do ‘momentum’ de Pete Buttigieg, que pode ser a grande surpresa destas eleições.”

Pete Buttigieg é o primeiro candidato assumidamente homossexual numas presidenciais norte-americanas. “Casado com um homem, está a transformar esse aparente problema junto do eleitorado mais conservador num tema forte de campanha. Tem um discurso moral, com uma componente religiosa, o que pode ser um trunfo para a eleição geral (os democratas estão a perder grande parte do voto mais religioso para os republicanos). Com 37 anos, pretende ser o mais jovem nomeado e o mais jovem Presidente de sempre.”

Seis mulheres na corrida

Numa entrevista concedida pouco antes de sair da Casa Branca, Obama projetou uma necessária renovação geracional na liderança democrata e identificou dois nomes: precisamente Pete Buttigieg e também Kamala Harris, senadora pela Califórnia e uma das seis mulheres que estão na corrida.

“Kamala Harris é a única que ainda pode chegar lá, mas com hipóteses muito reduzidas. Entrou muito forte, chegou a aparecer em segundo lugar, mas depois dos avanços de Bernie Sanders, Beto O’Rourke e agora Joe Biden, e sobretudo com a afirmação mediática de Pete Buttigieg, já quase não se ouve falar dela.”

Entre as restantes cinco candidatas, o analista identifica apenas uma que pode superar a fasquia dos 5% de votos — a senadora Elizabeth Warren, do Massachussets. “Mas depois do avanço de Bernie Sanders ficou sem espaço de crescimento”, diz Germano Almeida. “Elizabeth e Bernie disputam os sectores mais à esquerda do Partido Democrata. Ela teria hipóteses reais se conseguisse duas coisas nesta corrida: ser a herdeira do movimento Sanders 2016 (46% do voto democrata) e aliar a isso os créditos de ter feito parte da Administração Obama e de ter querido sair quando achou que Barack Obama não iria, afinal, tão longe quanto a esquerda americana desejaria em temas como a regulação financeira ou a reforma fiscal.”

No campo republicano, Donald Trump está tranquilo em matéria de primárias. Até ao momento, tem apenas um adversário com que se preocupar — o advogado Bill Weld. Sem perspetivas de vencer, o ex-governador do Massachusetts tem, na interpretação de Germano Almeida, autor do livro “Isto não é bem um Presidente dos EUA” (Prime Books, 2018), um objetivo: “Avisar o Partido Republicano de que os efeitos de um segundo mandato presidencial de Donald Trump podem ser destruidores para o argumentário clássico do conservadorismo americano.“

“Tendo em conta o comportamento do Presidente, e também a sua agenda (em vários aspetos contraditória com o que os republicanos andaram a defender durante décadas)”, conclui o analista, “um apoio cúmplice e passivo de todo o Partido Republicano a Trump seria a total capitulação”.

(IMAGEM US EMBASSY & CONSULATES IN THE UNITED KINGDON)

Donald Trump, 72 anos, republicano, empresário, 45º Presidente dos Estados Unidos DARREN HAUCK / GETTY IMAGES
John Delaney, 56 anos, democrata, antigo deputado na Câmara dos Representantes pelo estado do Maryland JOSHUA LOTT / AFP / GETTY IMAGES
Andrew Yang, 44 anos, democrata, empresário de origem chinesa. Propõe pagar 1000 dólares por mês a cada norte-americano maior de 18 anos em resposta à robotização da economia LUCY NICHOLSON / REUTERS
Elizabeth Warren, 69 anos, democrata, senadora pelo Massachusetts KAREN PULFER FOCHT / REUTERS
Tulsi Gabbard, 38 anos, democrata, deputada na Câmara dos Representantes pelo Hawai ETHAN MILLER / GETTY IMAGES
Julián Castro, 44 anos, democrata, secretário da Habitação e do Desenvolvimento Urbano no segundo mandato de Barack Obama. Tem ascendência mexicana CARLOS BARRIA / REUTERS
Kirsten Gillibrand, 52 anos, democrata, senadora por Nova Iorque SCOTT OLSON / GETTY IMAGES
Kamala Harris (à direita), 54 anos, democrata, senadora pela Califórnia. É filha de uma indiana e de um jamaicano BRIAN SNYDER / REUTERS
Pete Buttigieg, 37 anos, democrata, “mayor” de South Bend, Indiana. Este veterano da guerra no Afeganistão é o primeiro candidato assumidamente homossexual ELIJAH NOUVELAGE / REUTERS
Marianne Williamson, 66 anos, democrata, escritora. Dos seus 13 livros, quatro chegaram a nº 1 na lista de “bestsellers” do jornal “The New York Times” BOB STRONG / REUTERS
Cory Booker, 50 anos, democrata, senador por New Jersey ANDREW KELLY / REUTERS
Amy Klobuchar, 58 anos, democrata, senadora pelo Minnesota SCOTT OLSON / GETTY IMAGES
Bill Weld, 73 anos, republicano, ex-governador do Massachusetts. Nas eleições de 2016, foi candidato à vice-presidência, pelo Partido Libertário, ao lado de Gary Johnson HUTTON SUPANCIC / GETTY IMAGES
Bernie Sanders, 77 anos, independente, senador pelo Vermont desde 2007, eleito nas listas do Partido Democrata. Em 2016, perdeu as primárias democratas para Hillary Clinton LUCY NICHOLSON / REUTERS
Jay Inslee, 68 anos, democrata, governador do estado de Washington. As alterações climáticas são a sua principal motivação para concorrer às eleições MARIO TAMA / GETTY IMAGES
John Hickenlooper, 67 anos, democrata, ex-governador do Colorado. Tem formação em Geologia ZACH GIBSON / GETTY IMAGES
Wayne Messam, 44 anos, democrata, “mayor” de Miramar, Florida. Filho de jamaicanos, é dono de uma empresa de construção JOE RAEDLE / GETTY IMAGES
Beto O’Rourke, 46 anos, democrata, ex-deputado na Câmara dos Representantes pelo Texas. Foi baixista numa banda de “post-hardcore” (género musical derivado do punk) MARIO TAMA / GETTY IMAGES
Mike Gravel, 88 anos, democrata, ex-senador pelo Alaska. Ao centro na foto (datada de 2011), fala com participantes num protesto contra banqueiros, financeiros e políticos, em Zurique (Suíça) ARND WIEGMANN / REUTERS
Tim Ryan, 45 anos, democrata, membro da Câmara dos Representantes pelo Ohio AARON JOSEFCZYK / REUTERS
Eric Swalwell, 38 anos, democrata, deputado na Câmara dos Representantes pela Califórnia JOE RAEDLE / GETTY IMAGES
Seth Moulton, 40 anos, democrata, membro da Câmara dos Representantes pelo Massachusetts. Liderou um dos primeiros pelotões de infantaria a entrar em Bagdade, na invasão ao Iraque (2003) SCOTT EISEN / GETTY IMAGES
Joe Biden, 76 anos, democrata, vice-presidente dos EUA nos dois mandatos de Barack Obama (2009-2017). Foi senador pelo Delaware durante mais de 30 anos SCOTT OLSON / GETTY IMAGES
Michael Bennet, 54 anos, democrata, senador pelo Colorado ALEX WONG / GETTY IMAGES

Artigo publicado no “Expresso Online”, a 3 de maio de 2019. Pode ser consultado aqui