Arquivo de etiquetas: EUA

Obama já dispensou o Congresso para atacar outro país

Os últimos Presidentes dos EUA envolveram o país em guerras internacionais. Todos esperaram por autorização do Congresso, menos Obama

O Congresso norte-americano começou a discutir a possibilidade de autorizar uma intervenção militar norte-americana na Síria.

Os quatro últimos ocupantes da Casa Branca envolveram as Forças Armadas dos Estados Unidos em guerras internacionais. Bush (pai), Clinton e George W. Bush aguardaram pela “luz verde” do Congresso, mas Barack Obama, Prémio Nobel da Paz 2009, apenas se dirigiu à instituição depois de mandar atacar a Líbia.

FALTA INFOGRAFIA

Artigo publicado no “Expresso Online”, a 10 de setembro de 2013. Pode ser consultado aqui

Ataque à Síria “dentro de dias”

A oposição síria garante que haverá ação muito em breve. Um governante norte-americano diz que se aguarda apenas uma decisão do Presidente Obama

Fontes da oposição ao regime sírio garantiram à agência Reuters que está iminente um ataque ao território. “Foi dito à oposição, de forma clara, que nos próximos dias poderá haver ação para impedir o uso de mais armas químicas por parte do regime de Assad. E que a oposição deverá preparar-se para conversações de paz em Genebra”, afirmou, hoje, uma fonte não identificada.

Segundo a Reuters, a fonte citada participou numa reunião realizada num hotel em Istambul entre membros da Coligação Nacional Síria (CNS), o principal grupo da oposição apoiado pelo ocidente, e enviados de 11 países “amigos da Síria”.

Entre os presentes estiveram Ahmad Jarba, presidente da CNS, e Robert Ford, enviado dos Estados Unidos para o problema na Síria. Segundo a Reuters, Jarba apresentou uma lista de dez potenciais alvos, que inclui o Aeroporto Militar Mezze, nos arredores de Damasco, e instalações da Quarta Divisão Mecanizada, uma unidade de elite chefiada por Maher al-Assad, o temido irmão do Presidente, e composta sobretudo por alauitas, a comunidade de Assad. 

Qual a opção de Obama?

Em entrevista à BBC, o secretário de Defesa dos Estados Unidos disse, hoje, que as forças norte-americanas “estão prontas” para “cumprir e corresponder ao que o Presidente (Barack Obama) decidir”, disse Chuck Hagel.

Em território sírio há mais de uma semana, uma equipa de inspetores das Nações Unidas tenta investigar o incidente de 21 de agosto, nos arredores de Damasco, onde se suspeita que centenas de pessoas tenham morrido após um ataque com armas químicas.

Na segunda-feira, a missão da ONU foi alvo de disparos por parte de atiradores furtivos, mas conseguiu aceder ao bairro de Mouadamiya, uma das áreas atacadas. Os inspetores recolheram amostras de sangue e entrevistaram várias vítimas. Uma segunda visita está prevista para quarta-feira.

Artigo publicado no “Expresso Online”, a 27 de agosto de 2013. Pode ser consultado aqui

Obama despede-se com rituais judeus e cristãos

Homenagens póstumas e momentos de introspeção, no Museu do Holocausto e na Igreja da Natividade, marcaram o terceiro e último dia de Barack Obama em Israel e na Palestina. De lá, o Presidente dos EUA seguiu para a Jordânia

Obama ladeado por Benjamin Netanyahu e Shimon Peres, após prestar homenagem ao líder sionista Theodor Herzl, no Monte Herzl, em Jerusalém
Ainda no Monte Herzl, junto à campa do ex-primeiro-ministro israelita Yitzhak Rabin, onde depositou uma coroa de flores
Obama cumpre um ritual judaico de colocar uma pequena pedra sobre a sepultura, significando que o falecido não será esquecido
Visita ao Museu do Holocausto Yad Vashem, em Jerusalém
Num momento de Recolhimento, no Hall da Recordação, no Museu do Holocausto
Barack Obama segura o livro que lhe foi oferecido pelo diretor do Yad Vashem, Avner Shalev
À conversa com o rabino Yisrael Meir Lau, durante a visita ao Museu do Holocausto
John Kerry, secretário de Estado norte-americano, no Hall dos Nomes do Museu do Holocausto
No interior da Igreja da Natividade, na cidade palestiniana de Belém
Encontro com o Patriarca grego ortodoxo Theophilos III, na Igreja da Natividade
Obama ladeado por Mahmud Abbas (Presidente da Autoridade Palestiniana) e Vera Baboun, presidente do município de Belém
Manifestantes em Belém pedem o congelamento dos colonatos judeus e o direito de retorno para os refugiados palestinianos
Tempestade de areia à volta do Air Force One, na pista do Aeroporto Ben Gurion, horas antes de Obama partir
Netanyahu e Peres despedem-se de Barack Obama
Obama partiu. Em Nablus (Cisjordânia), confrontos decorrentes de protestos contra o colonato de Qadomem mostram que o conflito continua vivo

Artigo publicado no “Expresso Online”, a 22 de março de 2013. Pode ser consultado aqui

Protestos contra Presidente dos EUA chegam à Jordânia

Ao segundo dia de visita a Israel, Barack Obama deu um salto à Palestina e afirmou que os colonatos judeus são “contraproducentes”. Nesta fotogaleria, veja como o roteiro de Obama está a ser acompanhado por protestos

James Schneider, diretor do Museu de Israel, mostra a Obama e a Netanyahu os Manuscritos do Mar Morto, frangmentos da Bíblia Hebraica, alguns com 2400 anos
Polícias israelitas junto aos destroços de um foguete disparado desde o território palestiniano da Faixa de Gaza contra o sul de Israel
Yossi Haziza vê os estragos causados por um foguete disparado de Gaza no quintal de sua casa, na cidade israelita de Sderot
Protestos contra a visita de Obama, na cidade de Rafah, no sul da Faixa de Gaza
Obama e Netanyahu de visita a uma exposição de tecnologia israelita, no Museu de Israel, em Jerusalém
Dois robôs entregam bolachas aos ilustres visitantes
Obama cumprimenta a novaiorquina Theresa Hannigan, que usa equipamento médico de tecnologia israelita que lhe permite caminhar
Helicóptero de Obama sobrevoa Ramallah, na Cisjordânia, engalanada com bandeiras palestinianas para receber o Presidente dos EUA
Na Muqata (sede da presidência palestiniana), em Ramallah, fazem-se os últimos preparativos para receber Obama
Air Force One, acabado de aterrar no pátio da Muqata de Ramallah
Obama é recebido pelo Presidente da Autoridade Palestiniana, Mahmud Abbas
Na conferência de imprensa conjunta, Obama apelou aos palestinianos que retomem as negociações diretas com Israel sem pré-condições
Encontro com crianças palestinianas, no Centro Juvenil Al-Bireh, em Ramallah
Encontro com crianças palestinianas, no Centro Juvenil Al-Bireh, em Ramallah
Boa disposição entre Obama e o primeiro-ministro da Autoridade Palestiniana, Salam Fayad
Jovens palestinianos apresentam ao Presidente dos EUA projetos de tecnologia, no Centro Al-Bireh
Protestos em Ramallah. No cartaz, uma referência à questão dos refugiados: “Quero ver a aldeia do meu pai”, pede-se
Ativistas da organização ambientalista Greenpeace penduram um cartaz na Ponte das Cordas, à entrada de Jerusalém: “Obama: pára a perfuração no Ártico”
Obama faz um discurso sobre política no Centro de Convenções de Jerusalém, onde afirmou que a construção de colonatos é “contraproducente” à paz
A escutar Obama, algumas israelitas árabes. Cerca de 20% da população de Israel é de origem árabe
Confrontos na cidade palestiniana de Hebron: um jovem tenta atingir a polícia israelita com fogo de artifício
Polícia israelita, em cenário de batalha campal, em Hebron
Em Hebron, os confrontos entraram pela noite dentro
Shimon Peres foi o mestre de cerimónias do jantar em honra de Obama e condecorou-o com a Medalha Presidencial de Distinção, a mais alta condecoração civil israelita
Sexta-feira, Obama visita a Igreja da Natividade (que assinala o sítio onde nasceu Jesus), na cidade palestiniana de Belém. Aguardam-no mais protestos anti-Obama
Na sexta-feira, terminada a visita a Israel, Obama seguirá para a Jordânia. “Obama tu não és bem vindo”, lê-se neste cartaz, à porta da embaixada dos EUA em Amã

Artigo publicado no “Expresso Online”, a 21 de março de 2013. Pode ser consultado aqui

A agenda de Obama em Israel e na Palestina

Barack Obama inicia hoje a primeira visita a Israel e à Palestina desde que é Presidente dos EUA. O périplo dura 51 horas e evita o Muro das Lamentações

QUARTA-FEIRA

O Air Force One que transporta Barack Obama aterra no Aeroporto Ben Gurion, em Telavive, cerca das 12h15 (10h15 em Lisboa). Obama tem a recebê-lo o Presidente israelita, Shimon Peres, e o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu. O  secretário de Estado John Kerry acompanha-o. Michelle Obama ficou na Casa Branca. A primeira dama não gosta de viajar para o estrangeiro, deixando as filhas para trás, em tempo escolar.

Visita a uma bateria da Cúpula de ferro, colocada no aeroporto para este efeito. O programa da visita divulgado pela Casa Branca explica que a Cúpula de Ferro é um sistema defensivo anti-missil desenvolvido por Israel e produzido pelos EUA que “salvou incontáveis vidas israelitas” Segundo o “Times of Israel”, a Cúpula de Ferro intercetou 84% dos foguetes disparados desde a Faixa de Gaza, no último conflito, em novembro passado.

A bordo do helicóptero presidencial Marine One, Obama segue para Jerusalém. Pelas 16h (14h em Lisboa), é recebido por Shimon Peres na Beit Hanassi, a residência presidencial, e por 60 crianças, com bandeiras dos EUA e de Israel. Antes das reuniões de trabalho, Obama plantará uma árvore no jardim da residência. Em Jerusalém (e posteriormente em Ramallah), Obama desloca-se num Chevrolet blindado, conhecido como “A Besta”.

Pelas 17h30 (!5h30 em Lisboa), Obama encontra-se com Benjamin Netanyahu, para uma “maratona de conversações”, escreve o “Times of Israel”. Cinco horas estão, oficialmente, reservadas para este encontro bilateral. Netanyahu oferecerá a Obama um nano-chip de 0,04 milímetros quadrados com as Declarações de Independência dos EUA e de Israel, gravadas a uma profundidade de 0,00002 milímetros.

As conversações continuarão num jantar de trabalho preparado pelo chefe Shalom Kadosh, que já cozinhou para os Presidentes Jimmy Carter, Bill Clinton e George W. Bush. O menu inclui raviolis recheados com alcachofras de Jerusalém, sorvete de romã e toranja, filé de carne assada em especiarias aromáticas e uma seleção de legumes de primavera e figos e tâmaras caramelizados com amêndoas verdes. Obama pernoita no histórico Hotel Rei David.

QUINTA-FEIRA

Visita ao Museu de Israel, em Jerusalém, que está fechado ao público na quarta e quinta-feiras. Aqui, Obama apreciará os Manuscritos do Mar Morto, porções da Bíblia Hebraica, alguns dos quais com 2400 anos. Do passado para o futuro, Obama visita, de seguida, uma exposição sobre sete dos maiores contributos de Israel para a ciência e tecnologia.

Segue para Ramallah, no território palestiniano da Cisjordânia, para um almoço com o Presidente da Autoridade Palestiniana, Mahmud Abbas, uma reunião com o primeiro-ministro Salam Fayad e um encontro com jovens no Centro Juvenil de Al-Bireh.

De regresso a Jerusalém, Obama fará um discurso no Centro Internacional de Convenções. Bill Clinton, em 1994, e George W. Bush, em 2008, discursaram no Knesset (Parlamento).

Shimon Peres é o mestre de cerimónias do jantar em honra de Obama, que receberá a Medalha Presidencial de Distinção, a mais alta condecoração civil em Israel. O jantar não escapou à polémica. Chefes palestinianos reagiram com indignação ao saber que será servido humus e falalel e apresentados como “cozinha israelita”.

SEXTA-FEIRA

No Monte Herzl, Obama visita as campas do líder sionista Theodore Herzl e do ex-primeiro-ministro Yitzhak Rabin.

Segue-se a visita ao Museu do Holocausto Yad Vashem, onde Obama depositará uma coroa no Hall da Recordação, à semelhança do que fez em 2008 quando – era ele senador pelo Illinois e candidato democrata às Presidenciais – visitou Israel pela primeira vez.

Obama volta a entrar no território palestiniano da Cisjordânia para uma visita à Igreja da Natividade, em Belém, onde, segundo a tradição cristã, Jesus Cristo nasceu. O sítio foi incluído na Lista de Património da UNESCO em junho passado, após a organização ter aceite a Palestina como Estado membro de pleno direito.

Regresso ao Aeroporto Ben Gurion, onde cerca das 15h (13h em Lisboa), partirá de Israel em direção à Jordânia, onde se encontrará com o Rei Abdallah II e visitará Petra. A essa hora, no estádio Ramat Gan, em Telavive, já a seleção portuguesa de futebol está a disputar com a congénere israelita mais um jogo de apuramento para o Mundial de 2014, no Brasil.

Uma dúvida fica: Por que razão Barack Obama não vai visitar o Muro das Lamentações? O “Times of Israel” aponta duas razões. A primeira prende-se com o facto da comunidade internacional não reconhecer a anexação de Jerusalém Leste (onde fica o Muro) por parte de Israel, em 1967. Visitar o local, sob os auspícios de Israel, desencadearia uma controvérsia diplomática que Obama quer evitar, como Clinton e W. Bush o fizeram.

Quanto à segunda razão: “Quando da sua última visita ao local mais sagrado do Judaismo, em 2008, e após colocar uma mensagem numa das fendas do Muro, repórteres israelitas curiosos tiraram o papel e publicaram o que lá estava escrito, provocando um pequeno escândalo”.

A mensagem dizia: “Senhor, protege-me a mim e à minha família. Perdoa os meus pecados e ajuda-me a proteger-me contra o orgulho e o desespero. Dá-me a sabedoria para fazer o que é certo e justo. E faz de mim um instrumento da tua vontade”.

Então, Obama foi vaiado por locais que lhe gritavam: “Obama, Jerusalém é a nossa terra! Obama, Jerusalém não está à venda!”

Artigo publicado no “Expresso Online”, a 20 de março de 2013. Pode ser consultado aqui