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Israel lança operação militar contra o Hamas

É a terceira ofensiva militar no território palestiniano dos últimos seis anos. Os bombardeamentos aéreos já começaram e a ofensiva terrestre está a ser preparada

Israel iniciou esta terça-feira uma ofensiva militar na Faixa de Gaza, visando “restabelecer a estabilidade no sul” de Israel. A operação “Barreira de Proteção” começou com bombardeamentos aéreos sobre mais de 50 alvos.

O diário egípcio “Al-Ahram” noticiou que um carro com civis foi atingido no bairro de Daraj, no centro de Gaza, tendo matado os seus cinco ocupantes, as primeiras baixas desta operação.

Ao início da tarde, após uma reunião no ministério da Defesa, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu ordenou ao Exército israelita para que se prepare para uma possível invasão terrestre.

“As instruções do primeiro-ministro no fim da reunião foram no sentido de nos prepararmos para uma campanha minuciosa, longa, contínua e forte em Gaza”, afirmou um alto responsável, não identificado, citado pelo diário israelita “Haaretz”. “O primeiro-ministro ordenou que o exército esteja preparado para entrar. Está sobre a mesa uma ofensiva terrestre.”

Chuva de ‘rockets’ sobre Israel

A escalada segue-se à intensificação do lançamento de “rockets” desde a Faixa de Gaza contra território israelita. Segundo as Forças de Defesa de Israel, só na segunda-feira, foram disparados mais de 85 foguetes.

O Hamas reivindicou a responsabilidade por alguns lançamentos, que atingiram grandes cidades do sul de Israel e, pela primeira vez no decurso desta crise, fizeram soar as sirenes de alarme na região central do país e em Jerusalém.

Esta operação é a terceira contra o território palestiniano da Faixa de Gaza dos últimos seis anos, visando punir o movimento islamita Hamas, que controla aquele território desde 2007: no final de 2008, Israel desencadeou a operação “Chumbo Fundido” e, em novembro de 2009, e a ofensiva “Pilar Defensivo”.

O início do novo ataque a Gaza aconteceu um dia após três israelitas terem confessado a autoria do rapto e assassínio do jovem palestiniano Mohammed Abu Khdeir, queimado vivo até à morte.

Israel efetuou seis detenções relacionadas com este caso, que os investigadores acreditam ter sido um ato de vingança contra o rapto e morte de três jovens israelitas, na área de Hebron (Cisjordânia).

Artigo publicado no “Expresso Online”, a 8 de julho de 2014. Pode ser consultado aqui

Depois do luto, Israel prepara a vingança

Os três jovens israelitas desaparecidos há três semanas no território palestiniano da Cisjordânia apareceram mortos. Israel já prometeu vingança

Dezoito dias depois de desaparecerem, três jovens israelitas foram encontrados mortos, parcialmente enterrados num descampado perto do local onde tinham sido localizados pela última vez, perto da cidade palestiniana de Hebron.

“Eles foram raptados e assassinados a sangue-frio por bestas humanas”, disse o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu. “O Diabo ainda não criou a vingança apropriada para o sangue de uma criança; nem para a vingança pelo sangue de três jovens puros, que estavam a caminho de casa, ao encontro dos seus pais, que não mais os verão. O Hamas é responsável — o Hamas pagará o preço.”

Israel responsabiliza o Hamas pelo desaparecimento mas a organização islamita palestiniana nega qualquer envolvimento. “Se Netanyahu lançar uma guerra contra Gaza, os portões do inferno abrir-se-ão para ele”, escreveu o porta-voz do Hamas, Abu Zuhri, na sua página no Facebook.

A fronteira entra Israel e a Faixa de Gaza está tensa há dias. Segundo o “Times of Israel”, esta terça-feira de manhã, a Força Aérea israelita disparou contra 34 alvos no território palestiniano.

As Forças de Defesa de Israel esclareceram que se trataram de “ataques precisos” contra estruturas do Hamas e da Jihad Islâmica e que se seguiram ao disparo, a partir de Gaza, de “mais de 18 roquetes contra Israel desde o final de tarde de domingo”.

O filme dos acontecimentos

Os corpos de Eyal Yifrach (19 anos), Gilad Shaar e Naftali Fraenkel (ambos de 16 anos) foram encontrados cerca das 17h de segunda-feira (15h em Lisboa) por uma equipa de voluntários do colonato de Kfar Etzion, que participava nas operações de busca.

Segundo o diário israelita “The Jerusalem Post”, a Agência de Segurança Israelita (Shin Bet) reconstituiu o ‘filme dos acontecimentos’ e concluiu que os três jovens foram mortos pouco depois de terem sido raptados, quando pediam boleia para ir para casa após as aulas nas respetivas “yeshivas” (escolas religiosas). 

Os três entraram para o banco de trás de um carro, convencidos que lhes estavam a oferecer boleia. Quando perceberam a armadilha, um dos rapazes fez um telefonema para a polícia, o que terá ditado o fim trágico dos três.

Os raptores terão, depois, seguido para Halhul, a norte de Hebron, e enterrado os rapazes num campo a cerca de três quilómetros da cidade.

Tudo aconteceu na área C (cerca de 60% do território da Cisjordânia) que, ao abrigo dos Acordos de Oslo de 1993, está sob controlo total de Israel.

Memorial sob a forma de colonato

Os jovens israelitas foram enterrados esta terça-feira, lado a lado, num cemitério de Modin. Segundo o jornal israelita “Haaretz”, o ministro da Defesa, Moshe Ya’alon, e o primeiro-ministro Netanyahu propuseram, na segunda-feira à noite, que a resposta de Israel às mortes inclua a construção de um novo colonato em memória dos três jovens.

Os dois suspeitos pela morte dos israelitas — Amer Abu Aysha e Marwan Kawasme, membros do Hamas — continuam desaparecidos desde o dia do rapto.

A operação de busca que Israel lançou — chamada “Protetor do Irmão” — já levou à detenção de 560 pessoas e provocou a morte de seis palestinianos, entre os quais Mohammad Dudeen, de 15 anos, atingido por uma bala na aldeia de Dura, perto de Hebron, onde as tropas israelitas fizeram uma incursão.

Artigo publicado no “Expresso Online”, a 1 de julho de 2014. Pode ser consultado aqui

Portugal saúda o novo Governo palestiniano

O Governo português está disponível para trabalhar com as novas autoridades palestinianas, afirma o ministro dos Negócios Estrangeiros em comunicado

O Executivo português congratulou-se, esta quarta-feira, com a formação do novo Governo de unidade nacional palestiniano, que tomou posse há dois dias. 

“Portugal sempre apoiou a reconciliação palestiniana, sob a liderança do Presidente Abbas e desde que o Governo de unidade respeite o princípio da não violência e os acordos anteriores no âmbito do processo de paz, incluindo o reconhecimento do Estado de Israel”, afirmou, em comunicado, o ministério dos Negócios Estrangeiros. 

“O Governo Português congratula-se, assim, com a declaração do Presidente Abbas assegurando que o novo Governo respeitará estes princípios e reafirma a disponibilidade para trabalhar com as novas autoridades comprometidas com a paz”, continuou o comunicado.

Chefiado pelo primeiro-ministro Rami Hamdallah e composto por tecnocratas, o novo executivo decorre do acordo de reconciliação celebrado entre as duas principais fações palestinianas, Fatah (do Presidente Mahmud Abbas) e Hamas (que não reconhece Israel).

“A reconciliação palestiniana é um passo necessário para a solução de dois Estados, Israel e Palestina”, concluiu o Governo de Lisboa “É agora urgente que as partes retomem as negociações no âmbito do processo de paz.”

Artigo publicado no “Expresso Online”, a 4 de junho de 2014. Pode ser consultado aqui

Novo Governo na Palestina. Conseguirá governar?

Fatah e Hamas formaram um Governo de unidade nacional que tomou posse esta segunda-feira. O Executivo é composto por independentes e tecnocratas

Fatah e Hamas ultrapassaram divergências que duravam há sete anos e formaram um Governo de unidade nacional que tomou posse esta segunda-feira, em Ramallah.

As duas principais fações políticas palestinianas negociaram um Executivo de personalidades tecnocratas e politicamente independentes, chefiado por Rami Hamdallah, o atual primeiro-ministro da Cisjordânia.

O ministério dos Assuntos dos Prisioneiros foi a pasta mais disputada, levando as negociações até ao último minuto. O executivo tem 17 ministros, cinco dos quais oriundos da Faixa de Gaza. Hamdallah é também ministro do Interior.

A principal tarefa do novo Governo é a organização de eleições gerais dentro de seis meses. As últimas eleições presidenciais na Palestina realizaram-se em 2005 e últimas legislativas um ano depois. 

“Hoje, com a formação de um Governo de consenso nacional, anunciamos o fim de uma divisão palestiniana que tem prejudicado muito a nossa causa nacional”, afirmou o Presidente palestiniano, Mahmud Abbas. 

Em Israel, o anúncio foi recebido com hostilidade. O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu apelou aos líderes mundiais que não se apressem a reconhecer o novo Governo. “O Hamas é uma organização terrorista que defende a destruição de Israel, e a comunidade internacional não deve apoiá-lo. Isso não reforçaria a paz, isso fortaleceria o terror”, disse.

Israel tinha já suspendido as conversações de paz com a Autoridade Palestiniana após a celebração da reconciliação nacional Fatah-Hamas, a 23 de abril passado.

A sombra do passado

Desde 2007 que as duas fações palestinianas têm governado os dois territórios palestinianos separadamente — a Fatah (moderada) na Cisjordânia, através da Autoridade Palestiniana, e o Hamas (islamita) na Faixa de Gaza.

O Hamas vencera as eleições legislativas palestinianas no ano anterior, das quais saíra uma coligação governamental com a Fatah. Esse status quo — ou seja, a participação do Hamas nesse Governo — não foi reconhecido internacionalmente, levando Estados Unidos e outros países ocidentais a reter milhões de dólares de ajuda aos palestinianos.

O crescente isolamento internacional da Palestina levou à rutura. O Hamas depôs a Fatah na Faixa de Gaza, acentuando a liderança bicéfala palestiniana.

As pazes são feitas sete anos depois, com as mesmas preocupações internacionais de então. Num telefonema feito no domingo para o Presidente palestiniano, o secretário de Estado norte-americano John Kerry disse que o novo Governo tem de “comprometer-se com os princípios da não-violência, reconhecimento do Estado de Israel, e aceitação dos acordos prévios” celebrados com os israelitas.

Artigo publicado no “Expresso Online”, a 2 de junho de 2014. Pode ser consultado aqui

Líder do Hamas regressa a Gaza após 45 anos no exílio

Khaled Meshaal entrou hoje em Gaza, após 45 anos no exílio. O líder político do Hamas participa sábado na cerimónia de 25º aniversário do grupo islamita

Khaled Meshaal, líder político do Hamas, vive exilado no Qatar WIKIMEDIA COMMONS

Khaled Meshaal, o líder político do Hamas, entrou hoje na Faixa de Gaza, terminando com um exílio de 45 anos. Depois de pisar solo palestiniano, Meshaal ajoelhou-se e beijou o chão.

Amanhã, o líder do Hamas participará no comício comemorativo do 25º aniversário da fundação do Hamas (oficialmente assinalada a 14 de dezembro), na cidade de Gaza. O palco já está montado e tem ao centro uma réplica gigante do rocket M75, de longo alcance, fabricado pelo Hamas, e disparado contra Telavive e Jerusalém no conflito com Israel do mês passado.

Meshaal, de 56 anos, vive no Qatar desde janeiro de 2012. Até então, ele geria o Hamas a partir de Damasco, cidade que abandonou no contexto do conflito armado na Síria que opõe o Presidente Bashar al-Assad a grupos opositores de inspiração sunita, como o Hamas.

Em 1997, ele foi alvo de uma tentativa de envenenamento, em Amã. Dois agentes da Mossad foram detidos durante a operação e o rei Hussein da Jordânia obrigou Israel a fornecer o antídoto em troca da sua libertação.

A visita de Meshaal a Gaz dura 48 horas.

Artigo publicado no “Expresso Online”, a 7 de dezembro de 2012. Pode ser consultado aqui