Arquivo de etiquetas: Hezbollah

Resposta do Irão ao ataque israelita ao consulado de Damasco “é inevitável”, avisa líder do Hezbollah

Hassan Nasrallah discursou esta sexta-feira, numa cerimónia alusiva ao Dia de Jerusalém, nos subúrbios de Beirute. O líder do Hezbollah defendeu que “a loucura cometida por Netanyahu ao atacar o consulado iraniano na Síria levará, esperançosamente, ao fim desta batalha e a uma saída vitoriosa”. Nasrallah disse que esta agressão marca um “antes” e um “depois” na região e que a frente libanesa está aberta a participar num ataque a Israel

Hassan Nasrallah, secretário-geral do Hezbollah WIKIMEDIA COMMONS

Um pouco por todo o mundo muçulmano, assinalou-se, esta sexta-feira, o Dia de Jerusalém (Al-Quds, em árabe), um evento anual que visa expressar solidariedade com o povo palestiniano. Foi instituído há 45 anos pelo então Líder Supremo do Irão e fundador da República Islâmica, ayatollah Ruhollah Khomeini.

Este ano, o dia — sempre agendado para a última sexta-feira antes do fim do Ramadão — celebrou-se com tensão acrescida já que teve lugar escassos quatro dias após um ataque que voltou a abalar o Médio Oriente: o bombardeamento ao consulado iraniano em Damasco, na Síria, atribuído a Israel.

“A resposta do Irão não respeitará um limite de tempo, os iranianos estão a pensar e a aprender, e certamente responderão”, alertou, esta sexta-feira o líder do grupo xiita libanês, Hassan Nasrallah, num discurso alusivo ao Dia de Jerusalém.

“Estai certos que a resposta do Irão ao bombardeamento do seu consulado em Damasco é inevitável”

Nasrallah disse que o ataque foi um “acontecimento significativo, que criou um ‘antes’ e um ‘depois’ em termos de consequências”.

“Em Israel, eles entraram em pânico e estão a abastecer-se de comida e água, não só no norte [próximo da fronteira com o Líbano], mas também no centro. O momento em que a resposta vai chegar depende da decisão do Líder Supremo [do Irão], e ela virá”, afirmou, numa intervenção transmitida por vídeo, numa cerimónia realizada no bairro de Dahiyeh, a sul de Beirute, capital do Líbano.

“A frente do Líbano não será fechada porque está altamente ligada a Gaza, esta é uma decisão firme”, ameaçou Nasrallah. “Estamos a travar uma batalha que escreverá a história da região.”

“Ainda não usamos as nossas principais armas”

No bombardeamento de Damasco, em que foram mortas onze pessoas, entre as quais sete membros dos Guardas da Revolução Iraniana, uma das vítimas foi o general iraniano Mohammad Reza Zahedi que “contribuiu para o desenvolvimento da resistência no Líbano”, realçou Nasrallah.

O líder do Hezbollah disse que a relação do Hezbollah com o Irão é “uma fonte de orgulho. Aqueles que devem sentir vergonha são os que procuram normalizar os laços com Israel”.

O Dia de Jerusalém aconteceu a dois dias de se assinalar meio ano da operação “Tempestade Al-Aqsa”, como o Hamas batizou o ataque a Israel, a 7 de outubro. Nasrallah considerou a investida “um acontecimento histórico que representou uma grande ameaça à sobrevivência da entidade sionista”.

“Alguns estão em negação em relação ao facto de Israel ter sido derrotado”, disse Nasrallah, acrescentando que, em meio ano de guerra, o Governo de Benjamin Netanyahu não foi capaz nem de destruir o Hamas nem de libertar os reféns.

“As atrocidades israelitas em Gaza são o resultado do fracasso e da falta de opções”

O líder do Hezbollah vaticinou que Netanyahu não tem opção que não seja acabar com a guerra, o que para ele será uma derrota. “A loucura cometida por Netanyahu ao atacar o consulado iraniano na Síria levará, esperançosamente, ao fim desta batalha e a uma saída vitoriosa.”

Artigo publicado no “Expresso Online”, a 5 de abril de 2024. Pode ser consultado aqui

Líder do Hezbollah diz que morte de civis é “linha vermelha” e que Israel “pagará com sangue” cada mulher e criança mortos

Hassan Nasrallah acusou Israel, esta sexta-feira, de matar civis “de forma deliberada” no sul do Líbano. Num discurso de homenagem a três figuras do Hezbollah “martirizadas” por agentes “sionistas”, o chefe do grupo xiita libanês defendeu que a posição dos Estados Unidos relativamente à guerra na Faixa de Gaza é “a maior hipocrisia que o mundo hoje testemunha”

Hassan Nasrallah, secretário-geral do Hezbollah WIKIMEDIA COMMONS

O Hezbollah assinalou, esta sexta-feira, o aniversário do “martírio” de três altos responsáveis, todos assassinados por Israel. A ocasião foi aproveitada pelo líder do grupo radical islâmico, Hassan Nasrallah, para recordar que o “inimigo sionista” continua a ser um alvo.

“O nosso objetivo é impor ao inimigo as maiores perdas materiais e humanas possíveis, obrigando-o a admitir a derrota e a retirar-se”, disse o secretário-geral da organização xiita libanesa, num discurso transmitido pela televisão do grupo, Al-Manar. A sua intervenção coincidiu com uma escalada na fronteira entre Israel e o Líbano, que viveu o seu dia mais sangrento na quarta-feira, com onze civis mortos, incluindo cinco crianças, provocados por bombardeamentos israelitas.

Mortes civis são “linha vermelha”

Nasrallah defendeu que Telavive poderia ter evitado matar civis, qualificou o massacre como ato “deliberado” e fez um aviso: “Não toleramos absolutamente nenhum dano aos civis e é imperativo que o inimigo perceba que ultrapassou a linha vermelha a este respeito”, disse. “Quando se trata de vítimas civis, esta questão é particularmente sensível e está presente desde o início da resistência.”

“O inimigo pagará com sangue” por cada mulher e criança morta nas hostilidades ao longo da fronteira, promete Nasrallah. “A resistência libanesa possui mísseis poderosos e precisos que permitem um alcance desde Kiryat Shmona [no norte de Israel] até Eilat”, na costa israelita do Mar Vermelho, no sul.

Desde o início da guerra entre Israel e o Hamas, na Faixa de Gaza, que dura há mais de quatro meses, a fronteira israelo-libanea tem sido uma frente paralela, com vítimas ocasionais dos dois lados. No dia seguinte à chacina, o Hezbollah disparou dezenas de foguetes contra Kiryat Shmona, no que considerou ser “uma resposta preliminar”.

Hipocrisia americana

O secretário-geral do Hezbollah não isentou de responsabilidades os Estados Unidos, o grande aliado de Israel, no banho de sangue que se vive em Gaza. “A Administração americana é responsável por cada gota de sangue derramada na região”, disse. “Os fundos, armas, mísseis e projéteis de artilharia israelitas vêm atualmente de Washington. Se os Estados Unidos interromperem a ponte aérea para Israel, a agressão contra Gaza cessará.”

“A maior hipocrisia que o mundo hoje testemunha é a posição da Administração americana sobre os acontecimentos em Gaza.”

Nasrallah defendeu que perante os “esquemas americanos e sionistas” na região, só restam duas opções: “a resistência ou a rendição”. E fez a sua escolha: “Em memória dos nossos líderes martirizados, reafirmamos a eficácia da resistência popular como uma opção viável.”

Quem são os três mártires?

Os “mártires” homenageados por Nasrallah, nesta intervenção, foram todos mortos por Israel, na mesma semana, em anos diferentes. O clérigo xiita Ragheb Harb, um dos fundadores do Hezbollah, foi assassinado por libaneses colaboradores de Israel, a 16 de fevereiro de 1984.

O antigo secretário-geral do Hezbollah Abbas al-Mousawi foi morto, com a mulher e um filho, num ataque aéreo israelita contra a escolta em que seguia, a caminho de uma cerimónia de aniversário da morte de Ragheb Harb, a 16 de fevereiro de 1992. E o comandante militar Imad Moghniyeh foi abatido a 12 de fevereiro de 2008, após um ataque com um carro armadilhado atribuído aos serviços secretos israelitas (Mossad).

Todas estas mortes justificam o propósito maior de Nasrallah no combate a que se propõe. “Hoje, em Gaza, na Cisjordânia, no sul do Líbano, no Iémen, na Síria, no Irão e em toda a região, nunca devemos perder de vista a verdade sobre os custos da resistência e os custos da rendição”, concluiu. “O custo da rendição é elevado, perigoso, excessivamente alto e extremamente importante. A rendição no Líbano implicaria o domínio político e económico israelita sobre a nossa nação.”

Artigo publicado no “Expresso Online”, a 16 de fevereiro de 2024. Pode ser consultado aqui

Morte do n.º 2 do Hamas “não ficará sem uma resposta ou punição”, garantiu o líder do Hezbollah

Hassan Nasrallah fez o seu segundo discurso em três dias. O líder do Hezbollah prometeu vingar a morte do alto responsável do Hamas, ocorrida em território libanês, e dirigiu-se às populações do norte de Israel, aconselhando-as a pressionar o Governo de Israel para “acabar com a agressão em Gaza”

Logotipos do Hamas e do Hezbollah ACEH ONLINE

Hassan Nasrallah discursou, esta sexta-feira, pela segunda vez em três dias. O secretário-geral do Hezbollah, a organização armada xiita implantada no sul do Líbano, defendeu que o grupo ficaria exposto se não reagisse ao assassínio de Saleh al-Arouri, o número dois do Hamas, em Beirute, num ataque com drone atribuído a Israel, na terça-feira à noite.

Nasrallah referiu-se a Al-Arouri como “um amigo próximo” com quem estava coordenado a vários níveis. “Digo-vos com certeza que isto não ficará sem uma resposta ou punição”, disse Nasrallah, explicando que serão as forças no terreno a decidir a natureza da resposta “no momento e no local apropriados”.

“Não podemos permanecer calados sobre uma violação desta gravidade porque isso significa que todo o Líbano, as cidades e os números ficarão expostos”, continuou Nasrallah.

Israel não assumiu a responsabilidade do ataque que vitimou Al-Arouri, mas, nas redes sociais, responsáveis políticos, como o ministro das Finanças, Bezalel Smotrich, saudaram a morte do responsável do Hamas.

Na rede social X, Danny Danon, deputado e antigo embaixador de Israel nas Nações Unidas, felicitou “as Forças de Defesa de Israel, o Shin Bet, a Mossad e as forças de segurança pelo assassinato de Saleh al-Arouri”, em Beirute.

“Oportunidade histórica” para reaver território

No seu discurso, gravado previamente e transmitido esta sexta-feira na televisão, Nasrallah disse que, desde 8 de outubro, o Hezbollah já realizou 670 ações militares ao longo da fronteira com Israel, com as quais destruiu um “grande número de veículos e tanques israelitas”.

Nasrallah acrescentou que essas manobras abriram uma “oportunidade histórica” para o Líbano libertar a sua terra ocupada por Israel, aludindo, entre outras contendas territoriais fronteiriças, às Quintas de Shebaa, disputadas pelas duas partes.

“Enfrentamos uma oportunidade real para libertar cada centímetro das nossas terras libanesas e evitar que o inimigo viole as nossas fronteiras e espaço aéreo”, disse.

Objetivo: aliviar a pressão em Gaza

Nasrallah dirigiu-se também às populações que vivem no norte de Israel e que, em virtude da troca de fogo diária entre Israel e o Hezbollah, tiveram de ser transferidas para locais mais seguros.

“Os libaneses historicamente fugiram de Israel, e hoje quem foge são os israelitas”, disse o líder do Hezbollah. “Israel já estabeleceu uma zona de segurança no sul do Líbano – hoje, a zona de segurança está no norte de Israel. Os habitantes do norte de Israel estão errados ao exigir uma guerra contra o Hezbollah, não os ajudará. Pelo contrário, o que os ajudará a regressar a suas casas é pressionarem o governo para acabar com a agressão em Gaza.”

Nasrallah admitiu que o Hezbollah começou a atacar o norte de Israel para dividir as atenções das Forças de Defesa de Israel e aliviar a pressão sobre a Faixa de Gaza. “A batalha que está a ocorrer no sul do Líbano estabilizou o equilíbrio da dissuasão”, disse.

Artigo publicado no “Expresso Online”, a 5 de janeiro de 2024. Pode ser consultado aqui