O coronavírus disseminou-se pelo mundo empurrando as pessoas para dentro de casa. Às janelas, há expressões de preocupação mas manifestações de festa, gritam-se palavras de esperança e outras de protesto contra líderes que parecem estar em negação. Da China ao Brasil, 22 imagens da quarentena à janela
ITÁLIA. Fechada em casa, a pequena Bianca observa pelo vidro de casa a sua galinha “Cocca Bella”, em San Fiorano, região da Lombardia MARZIO TONIOLO / REUTERSFRANÇA. Confinado entre quatro paredes, este homem não esconde a sua frustração, em Paris CHESNOT / GETTY IMAGESALEMANHA. Após a paróquia local ter suspendido a celebração da eucaristia, esta católica começou a acender uma vela à janela de casa, em Oberhausen FABIAN STRAUCH / GETTY IMAGESTURQUIA. Este turco está de quarentena em Istambul, após ter regressado de uma viagem ao estrangeiro UMIT BEKTAS / REUTERSESPANHA. Vestido a rigor, este homem anima os dias da vizinhança, tocando trompete à janela de casa, em Valência JOSE JORDAN / AFP / GETTY IMAGESRÚSSIA. Uma mulher olha para o exterior de um centro médico de Novomoskovsky, que acolhe pacientes suspeitos de estarem afetados com a Covid-19 SERGEI BOBYLEV / GETTY IMAGESPORTUGAL. Há sol em Cascais, mas esta moradora tem de ficar em casa HORACIO VILLALOBOS / GETTY IMAGESBULGÁRIA. Uma mulher abre ligeiramente a sua janela, em Sófia, para aplaudir e incentivar o pessoal médico, um tributo que correu toda a Europa DIMITAR KYOSEMARLIEV / REUTERSBÉLGICA. Pai e filha, com tempo de sobra para brincarem juntos, nesta moradia em Bruxelas YVES HERMAN / REUTERSOCEANO PACÍFICO. Ao largo de São Francisco, na Califórnia, o paquete Grand Princess transporta alguns passageiros que testaram positivo ao coronavírus KATE MUNSCH / REUTERSBRASIL. As janelas de muitas cidades brasileiras têm servido de palco a panelaços, uma forma de protesto com recurso a utensílios domésticos, contra a inação e displicência do Presidente Jair Bolsonaro RICARDO MORAES / REUTERSMensagens escritas pelos utentes de um lar de idosos em Bromsgrove, Inglaterra, dirigidas aos familiares CARL RECINE / REUTERSEUA. Por todo o mundo, milhões de crianças como Lydia, que vive em Brooklyn, Nova Iorque, deixaram de poder ir à escola CAITLIN OCHS / REUTERSÁUSTRIA. Em Innsbruck, dois homens tomam banhos de sol e tocam música, como quem está numa esplanada no verão JAN HETFLEISCH / GETTY IMAGESCROÁCIA. Pessoal médico faz uma pausa na azáfama de um hospital universitário de Dubrava para apanhar um pouco de ar pela janela DENIS LOVROVIC / AFP / GETTY IMAGESCHINA. O pior parece já ter passado no país onde primeiro o coronavírus surgiu, mas este residente de Pequim ainda se resguarda em casa KEVIN FRAYER / GETTY IMAGESREPÚBLICA CHECA. Um cigarro à janela não é uma situação surpreendente, mas o governo checo está no lote dos executivos que decretaram restrições à liberdade de circulação DAVID W CERNY / REUTERSÍNDIA. No interior deste hospital de Srinagar, todos usam máscara WASEEM ANDRABI / GETTY IMAGESCOLÔMBIA. A partir da próxima terça-feira, o país entrará em quarentena durante 20 dias. Esta mulher de Bogotá antecipou-se e optou por isolar-se já faz dias JUANCHO TORRES / GETTY IMAGESHOLANDA. Regressada de Itália, esta mulher foi diagnosticada com Covid-19. Na sua casa, em Haia, a cumprir a quarentena, acede em posar para a fotografia ROBIN UTRECHT / GETTY IMAGESVENEZUELA. Na debilitada Caracas, a braços com graves problemas políticos, uma mulher com máscara desinfeta os sapatos MANAURE QUINTERO / REUTERSVATICANO. Desde a mítica janela voltada para a Praça de São Pedro, em Roma, o Papa Francisco faz a tradicional bênção do Angelus para um espaço vazio REUTERS
Artigo publicado no “Expresso Online”, a 21 de março de 2020. Pode ser consultado aqui
O regresso a casa de sul-coreanos que viviam no estrangeiro está a contribuir para a inflexão da curva de casos de coronavírus na Coreia do Sul, que estava em queda. A China, que registou esta quinta-feira zero casos de contágio interno, enfrenta o mesmo problema
O surto de Covid-19 parecia estar controlado na Coreia do Sul, mas esta semana um aumento contínuo do número de casos positivos voltou a fazer disparar os alarmes. Esta quinta-feira registaram-se 152 novos casos, ontem mais 93 e na véspera mais 84.
“À luz do recente aumento rápido do número de casos de Covid-19 na Europa, nos Estados Unidos e na região do Médio Oriente, bem como do aumento do número de casos importados encontrados tanto em quarentenas nos aeroportos como em comunidades, o Centro de Controlo e Prevenção de Doenças da Coreia (KCDC) anunciou que o Procedimento Especial de Entrada [no país] foi alargado a todos os viajantes”, decretou esta quinta-feira a KCDC, num comunicado publicado no seu sítio na Internet.
Desde a meia-noite desta quinta-feira quem tenta entrar na Coreia do Sul tem de responder a um questionário, medir a febre, fornecer um endereço no país e informações de contacto. Nos 14 dias seguintes, terá de reportar diariamente os seus sintomas através de uma aplicação de autodiagnóstico no telemóvel.
As novas medidas visaram já o voo charter com 80 sul-coreanos a bordo, que aterrou esta quinta-feira à tarde no Aeroporto Internacional de Incheon, em Seul, vindo do Irão — o terceiro país mais afetado em termos globais. Os passageiros foram transportados para uma unidade de isolamento, em Seongnam, a sul da capital sul-coreana, “onde passarão dois dias em testes ao coronavírus. Se derem negativo, será pedido a essas pessoas que se isolem voluntariamente nas suas casas”, noticiou o jornal “The Korea Herald”.
Normalidade aparente
Desde o início desta crise, a Coreia do Sul — que chegou a ter o pior surto fora da China — tem vindo a aplicar um modelo de combate assente na transparência e na cooperação dos cidadãos, em contexto de uma aparente normalidade. Seul optou por realizar testes em massa à população, abdicando de medidas de bloqueio como o encerramento de fronteiras ou o isolamento domiciliário, como têm sido adotadas na maioria dos países.
Hoje a Coreia do Sul tem uma das mais baixas taxas de mortalidade por Covid-19: apenas 1,06%.
“Fizemos o nosso melhor para armazenarmos recursos e trabalhamos com esforço para fazer testes em massa a pessoas e realizar quarentenas”, diz o epidemiologista Hwang Seung-sik, professor na Universidade Nacional de Seul, citado pela televisão árabe Al-Jazeera. “Mas o coronavírus anda por aí há três meses e não é muito claro quais os preparativos que fizeram os Estados Unidos e os países europeus.”
China ainda não canta vitória
Tal como na Coreia do Sul, atualmente a maior preocupação na China prende-se com o regresso a casa de chineses que vivem no estrangeiro. Esta quinta-feira, Pequim anunciou, pela primeira vez desde dezembro, zero casos de contágio interno. Em compensação, foram detetados 34 casos importados do estrangeiro.
No presente contexto, os chineses que vivem no exterior sentem-se mais protegidos pelas medidas de vigilância e controlo impostas pelo seu Governo do que pela resposta dos sobrecarregados serviços de saúde ocidentais.
Artigo publicado no “Expresso Online”, a 19 de março de 2020. Pode ser consultado aqui
Prometia ser um evento histórico, disputado simultaneamente em 12 países, mas por causa do coronavírus o Euro 2020 foi adiado para o próximo ano. Não é a primeira vez que um grande evento desportivo é perturbado por ameaças à saúde pública. Recordemos três exemplos
A ameaça do vírus Zika aos participantes nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, na capa da edição de 8 de agosto de 2016 da revista “The New Yorker”
Jogos Olímpicos de Melbourne (1956)
Os primeiros Jogos Olímpicos realizados no hemisfério sul não o foram na sua totalidade. Na Austrália, estrita legislação em vigor obrigava a que os cavalos que fossem competir nas disciplinas equestres cumprissem um período de quarentena de seis meses. Apesar da pressão internacional, as autoridades mostraram-se renitentes em abrir uma exceção para as Olimpíadas. A solução foi encontrada a milhares de quilómetros de distância. Entre 11 e 17 de junho, cinco meses antes do início dos Jogos em Melbourne, cavaleiros de 29 países disputaram as disciplinas hípicas em… Estocolmo, na Suécia. Portugal enviou sete cavaleiros, uma representação mais numerosa do que aquela que enviaria a Melbourne (cinco velejadores). Pela primeira e única vez, a mesma edição dos Jogos disputou-se em duas cidades, de dois países e dois continentes, em diferentes hemisférios e distintas épocas do ano. Tudo por uma questão de saúde pública.
Campeonato das Seis Nações em râguebi de 2001
À segunda edição deste torneio — o Seis Nações é uma competição anual entre Inglaterra, França, Irlanda, Itália, Escócia e País de Gales —, um surto de febre aftosa contagiou a Grã-Bretanha. Ao contrário do coronavírus, que pode ser mortal para os seres humanos, a febre aftosa é altamente contagiante entre animais. No caso, especialmente na verdejante Irlanda, estavam em perigo os meios de subsistência de populações inteiras.
No calendário do Seis Nações de 2001, os três últimos jogos fora da equipa irlandesa (na Escócia, no País de Gales e em Inglaterra), previstos para março e abril, foram adiados para setembro e outubro, tornando esta edição a mais longa da história da competição, de fevereiro a outubro.
No estádio, o vencedor do torneio foi a Inglaterra, um dos territórios mais afetados pelo surto. Nos campos, mais de seis milhões de cabeças de ovinos e bovinos foram abatidas antes da epidemia ser contida.
Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro (2016)
Quando, menos de um ano antes de arrancarem os Jogos do Rio, começaram a surgir notícias de que, no Brasil, havia um vírus entre a população que estava na origem do nascimento de bebés com malformações, a realização do evento começou a ser questionada.
A menos de três meses da cerimónia de abertura, a Organização Mundial de Saúde (OMS) abordou diretamente a questão e defendeu que “cancelar ou alterar a localização do evento não irá alterar a proliferação internacional do vírus Zika. O Brasil é um de quase 60 países e territórios que reportaram a transmissão do Zika através de mosquitos”.
Estavam previstos viajar até ao Rio 16 mil atletas e meio milhão de visitantes, a quem a OMS sugeriu um conjunto de recomendações — do uso de repelentes à abstinência sexual. No terreno, a organização do evento concentrou-se no tratamento dos lagos de água estagnada nas imediações das instalações olímpicas e em fumigar a cidade.
Apesar destas diligências e do facto dos Jogos acontecerem durante o inverno brasileiro — época em que há menos mosquitos e o risco de contágio é menor —, houve atletas que se recusaram a participar, em especial golfistas e tenistas. No fim, a Cidade Maravilhosa venceu os céticos e os mosquitos.
Artigo publicado no “Tribuna Expresso”, a 18 de março de 2020. Pode ser consultado aqui
Com as escolas de todos os níveis de ensino de portas fechadas oficialmente, os professores montam a sua sala de aula onde e como podem. Para muitos, as modernas tecnologias são um precioso aliado
A sensação de descompressão durou pouco mais de um dia. Era sábado à noite e Sara Leitão desanuviava pelas ruas do Porto com duas amigas quando um telefonema da mãe a deixou incrédula. “Ela tinha acabado de ouvir nas notícias que a minha Faculdade ia fechar por causa do coronavírus”, conta ao Expresso esta estudante do segundo ano de Medicina no Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS), da Universidade do Porto.
“A minha primeira reação foi de felicidade, pois íamos ter a primeira avaliação dentro de poucas semanas”, confessa. Mas o relaxe não perdurou… “Logo na segunda-feira seguinte [faz hoje uma semana] tive uma aula por vídeo-chamada. O professor de Bioestatística e Métodos de Investigação contactou-nos pela manhã a perguntar se podíamos ter a aula por Skype, no horário normal. Como é uma disciplina opcional, somos poucos, cerca de 15”, o que facilitou a convocatória e a organização da vídeo-aula.
Sentada ao computador, ora via a imagem do professor ora o ecrã do seu portátil onde o docente ia projetando informação. Quando havia dúvidas, os alunos ligavam o microfone e interrompiam-no. “O balanço geral é que a sessão até foi mais produtiva do que uma aula presencial. Estávamos no nosso ambiente, mais confortáveis e mais atentos.”
Localizado junto ao Palácio de Cristal, o ICBAS partilha o espaço com a Faculdade de Farmácia onde uma aluna do segundo ano foi das primeiras pessoas infetadas com o Covid-19 em Portugal. Os colegas de turma dessa estudante ficaram de quarentena; Sara e todos os outros alunos do ICBAS e de Farmácia estão em “isolamento social” — ainda que com o horário escolar cada vez mais preenchido a cada dia que passa.
“Para os professores, isto é uma situação completamente nova, é algo que não estavam à espera e tiveram de reagir”, reconhece esta aluna de 20 anos. “Cada um deles tenta encontrar a melhor opção para concretizar as aulas à distância. O professor de Histologia tornou-se uma espécie de Youtuber. Grava-se a si próprio a dar as aulas e publica os vídeos numa aplicação que se chama Panopto e que permite ver os vídeos também no telemóvel. Os alunos estão a adorar este método porque permite assistir à aula mais do que uma vez. E podemos puxar para trás se não percebermos alguma coisa.”
Esta segunda-feira, Sara retomou as aulas de Microbiologia através da aplicação Zoom, que permite vídeoconferências
Com o ICBAS de portas fechadas oficialmente desde 7 de março, os professores montam a sua sala de aula onde e como podem. Para muitos, as modernas tecnologias são um precioso aliado. Esta segunda-feira, Sara retomou as aulas de Microbiologia através da aplicação Zoom, que permite vídeoconferências. Na semana passada, a aula de Patologia, dada para largas dezenas de alunos, aconteceu através da plataforma EPOP Conferências. “O funcionamento é muito semelhante ao do Skype, mas permitia um maior número de pessoas a assistir.”
Nas aulas de Anatomia Clínica, não há vídeo-aulas. “O professor disponibilizou power points ainda mais pormenorizados do que o habitual, e vamos estudar autonomamente.” No caso de dúvidas posteriores às aulas, os professores estão contactáveis por e-mail “e respondem bastante rápido”, testemunha. “É muito bom estarem tão disponíveis. E nota-se que estão mesmo a tentar arranjar a melhor solução. Alguns estão muito à vontade com as tecnologias, resolvem a situação rapidamente e sem ajuda, mas outros nota-se que têm dificuldade. Há uns dias, numa aula, havia alguém ao lado do professor a ajuda-lo a pôr um vídeo a funcionar.”
CORTESIA SARA LEITÃO
A disponibilidade dos docentes não é a mesma se o professor acumular com serviço nos hospitais. “Os professores que são médicos — temos muitos que trabalham no Santo António [um dos hospitais de referência para a pandemia do Covid-19] — estão numa situação mais complicada. Eles dizem que a prioridade deles não é avaliarem-nos, mas exercerem a sua profissão principal, o que é compreensível. Vivemos tempos difíceis.”
Mas aos poucos, o calendário de aulas teóricas vai-se preenchendo, tentando reproduzir o melhor possível os horários que tinham na universidade. “Na Faculdade, quando tínhamos aulas de duas horas, às vezes fazíamos cinco minutos de intervalo. Isso já aconteceu numa vídeo-aula, apesar de estarmos em casa.”
A maior incerteza dos estudantes prende-se com a realização dos exames. “Temos exames agendados, mas não sabemos se devemos começar aquele estudo mais intensivo porque não temos a certeza de que os exames vão acontecer”
A maior incerteza dos estudantes prende-se com a realização dos exames. “Temos exames agendados, mas não sabemos se devemos começar aquele estudo mais intensivo porque não temos a certeza de que os exames vão acontecer. Até agora, foi-nos dito que o calendário mantém-se, mas não sabemos como.”
Inicialmente, o ICBAS decretou a suspensão da atividade letiva durante 14 dias, mas aos primeiros dias da suspensão foi comunicado aos alunos que a situação era para se manter indefinidamente. Nos momentos em que não está ao computador, Sara areja pelas redondezas da casa onde vive com os pais, em Vila Nova de Gaia, na companhia da cadela Benny. Dentro de portas, relaxa-a uma descoberta recente — a arte do ponto cruz — e já lhe ocorreu voltar a pegar no Violoncelo, que encostou quando entrou para a Universidade.
Certo é que o isolamento é para cumprir. “Na semana passada, ainda fui estudar com umas amigas e tive um jantar de aniversário, mas já tomei a decisão e não vou sair mais de casa até novas ordens. É mesmo uma questão de precaução.”
Artigo publicado no “Expresso Diário”, a 16 de março de 2020. Pode ser consultado aqui
A cada dia que passa, a Covid-19 conquista novos territórios. Entre aqueles que ainda não registaram qualquer caso de infeção, seis falam português — Timor-Leste, Angola, Moçambique, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe e Guiné-Bissau
O número de países com casos confirmados de Covid-19 aumenta de dia para dia. Este domingo, o mapa-mundi da pandemia que consta do boletim diário publicado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) assinalava 143 países infetados.
O último balanço da OMS confirma a Europa como o atual epicentro da pandemia, com mais casos e mortes reportados do que o resto do mundo combinado, tirando dessa equação a China. No velho Continente, a Itália é o país mais fustigado, seguida de Espanha, França e Alemanha.
A nível global, depois de China e Itália, surge o Irão como o país que suscita mais preocupações. “Uma das principais razões [para o grande número de casos] tem a ver com os voos entre a China e o Irão, que continuaram a funcionar”, comentava ao Expresso uma iraniana residente em Portugal.
Em contraponto à Europa, África é o continente menos fustigado pela pandemia, embora seja aquele que, de dia para dia, contribui com mais entradas para o mapa do coronavírus — este domingo, a OMS sinalizou sete países africanos com os primeiros casos de Covid-19.
Nesse continente, os seis mortos registados até ao momento aconteceram em países do Norte de África (Marrocos, Argélia e Egito). Na chamada África Negra — onde o país mais fustigado é a África do Sul —, não há qualquer vítima mortal.
Maioria dos lusófonos resistem
Entre os territórios que ainda não registaram qualquer caso de Covid-19 estão seis países de língua oficial portuguesa: em África os cinco PALOP (Angola, Moçambique, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe e Guiné-Bissau) e no extremo oriente Timor-Leste. Já o Brasil, no continente americano, é apenas superado por Estados Unidos e Canadá em número de casos. Colado ao Brasil, o Uruguai é o único país da América do Sul que ainda resiste ao Covid-19.
Na contabilidade da OMS, não há referências a países em guerra, como Líbia, Síria e Iémen, nem à hermética Coreia do Norte. Por outro lado, os números oficiais atribuídos a países populosos como Rússia e Índia — que na atualização de domingo da OMS surgem, respetivamente, com 34 casos (e nenhum morto) e 107 casos (dois mortos) — parecem pecar por defeito. Tudo contribui para um receio de que talvez a real dimensão deste drama esteja ainda por conhecer.
FOTOGALERIA
NICARÁGUA. Um habitante da ilha de Mancarrón, no arquipélado de Solentiname, desfruta tranquilamente do Lago Nicarágua, o maior da América Central CARLOS HERRERA / GETTY IMAGESTANZÂNIA. O país ainda não registou qualquer caso de Covis-19, mas os hábitos já se adaptaram a esse cenário. O Presidente John Magufuli (à direita) e um líder da oposição cumprimentam-se com os pés, em Zanzibar GETTY IMAGESURUGUAI. É o único país da América do Sul que resiste ao coronavírus. O recente jogo entre o Nacional do Uruguai e o Estudiantes de Merida da Venezuela para a Copa Libertadores decorreu com adeptos nas bancadas do Parque Central de Montevideu DANTE FERNANDEZ / AFP / GETTY IMAGESZIMBABWE. Numa loja de ‘comida para fora’, uma mulher mata o tempo, durante uma falha de luz, olhando para o telemóvel, em Chimanimani PHILIMON BULAWAYO / REUTERSTIMOR-LESTE. Em Díli, as cerimónias religiosas decorrem com normalidade. Mas recentemente, o Vaticano adiou para 2021 a viagem do Papa Francisco ao território prevista para este ano VALENTINO DARIEL SOUSA / AFP / GETTY IMAGESMYANMAR. Nas imediações do Pagode Shwedagon, um lugar santo budista em Rangum, não faltam monges nem turistas YE AUNG THU / AFP / GETTY IMAGESANGOLA. Nesta praia de Luanda, onde um DJ põe Kizomba na aparelhagem sonora, não há limites à concentração de pessoas LEE BOGATA / REUTERSEL SALVADOR. Soldados salvadorenhos patrulham a fronteira junto à Guatemala para impedir que seja atravessada ilegalmente por pessoas em fuga à quarentena decretada no país vizinho, onde já há casos de Covid-19 JOSE CABEZAS / REUTERSQUIRGUISTÃO. A polícia detém uma mulher durante um protesto contra a violência de género. O coronavírus ainda não fechou os quirguizes dentro de casa VYACHESLAV OSELEDKO / AFP / GETTY IMAGESMOÇAMBIQUE. Mulheres preparam a terra para a colheita, na região de Dondo, na província de Sofala, uma das mais fustigadas pelo ciclone Idai, no ano passado ED RAM / REUTERS
Artigo publicado no “Expresso Online”, a 16 de março de 2020. Pode ser consultado aqui
Jornalista de Internacional no "Expresso". A cada artigo que escrevo, passo a olhar para o mundo de forma diferente. Acho que é isso que me apaixona no jornalismo.