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As imagens do regresso dos peregrinos à Cova da Iria, com máscara no rosto e a mesma fé de sempre

O Santuário de Fátima acolheu este sábado a primeira missa campal com a presença de peregrinos, após o confinamento decretado pela pandemia de covid-19. A celebração, inserida na Peregrinação Internacional Aniversária, foi presidida pelo bispo auxiliar de Lisboa. Na sua homilia, intitulada “Reaprender a gramática da hospitalidade”, Américo Aguiar defendeu uma economia “que não mate” e apelou à União Europeia para que se afirme como uma “verdadeira comunidade humana”

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PAULO CUNHA / LUSA
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Artigo publicado no “Expresso Online”, a 13 de junho de 2020. Pode ser consultado aqui

Universidade do Porto, muito mais do que uma academia. Até no combate à covid-19

Mais do que um espaço de ensino, a Universidade do Porto é, com os seus vários campus, empresas e startups, um dos principais motores de Ciência e Inovação em Portugal. Em tempos de pandemia, essas valências colocam a instituição na linha da frente desse combate. 2:59 JORNALISMO DE DADOS PARA EXPLICAR O PAÍS

O coronavírus empurrou-nos a todos para dentro de casa. Mas com competência, criatividade, espírito solidário
há todo um novo mundo que ganha forma sem que seja preciso sair à rua.

Nos primeiros dias da pandemia em Portugal, surgiu um projeto tecnológico com soluções criativas para minimizar o impacto da covid-19 nas nossas vidas. É o #tech4COVID19, uma plataforma digital, onde profissionais das mais diversas especialidades angariam fundos para comprar material hospitalar; apoiam professores, alunos e pais ao nível do ensino à distância; prestam assistência médica online; organizam serviços de entregas de bens.

O #tech4COVID19 tem vários projetos ativos e mais de 4000 voluntários, entre eles mais de 200 médicos. Este movimento, que é hoje uma realidade nacional, nasceu no Porto, pela mão de empreendedores e startups da cidade.

Desde 2007 que só na incubadora de empresas da Universidade do Porto já foram aprovadas mais de 550 startups, quase todas criadas por antigos alunos que começaram a concretizar as suas ideias de negócio ainda de capa e batina.

Atualmente, nos três campus da Universidade, funcionam 186 startups e 73 empresas.

Recentemente, a revista “Forbes” destacou três delas e colocou os seus fundadores na lista dos “30 melhores talentos europeus com 30 anos ou menos”.

A nível internacional, o Porto é hoje um dos polos tecnológicos que mais crescem na Europa. E a nível nacional, é mesmo a cidade que mais investimento tem captado para as startups. Recebe 36,71% do total de investimento feito no país, a maioria proveniente do estrangeiro.

Paralelamente ao universo das startups, no ecossistema da Universidade do Porto já foram criadas 91 empresas para explorar produtos ou tecnologias concebidos nos centros de investigação da academia.

A Universidade do Porto é hoje um dos principais motores de Ciência e Inovação em Portugal. E dois outros fatores alimentam essa realidade.
A Universidade tem ativas 335 patentes no país e no estrangeiro. Naquele que foi o melhor ano de Portugal ao nível do registo europeu de patentes, 17 tiveram o selo da Universidade do Porto.

Por outro lado, os seus investigadores são responsáveis por quase 1/4 da produção científica portuguesa. Entre 2013 e 2017, participaram em 23,8% dos artigos científicos produzidos em instituições nacionais. Praticamente metade foram elaborados em parceria com instituições científicas de todo o mundo.

Tudo isto contribui para que a Universidade do Porto seja um centro de estudo atrativo para jovens dos quatro cantos do mundo. Hoje, mais de 6000 alunos são estrangeiros, ou seja, 20% da totalidade dos estudantes. É uma diversidade que dá cor a esse “velho casario que se estende até ao mar…”

Episódio gravado por Pedro cordeiro.

Artigo publicado no “Expresso Online”, a 13 de abril de 2020. Pode ser consultado aqui

“A burocracia tem de morrer com a covid”: profissionais de saúde lusovenezuelanos à espera de poder ajudar

Profissionais de saúde venezuelanos e lusodescendentes a residir em Portugal sentem-se frustrados por não poderem ajudar no combate à pandemia. A barrar-lhes a entrada nos hospitais está uma burocracia complexa que demora a dar respostas

Queriam estar nos hospitais, a trabalhar as horas que fossem possíveis para ajudar a salvar vidas. São profissionais de saúde formados na Venezuela — médicos das mais variadas especialidades, enfermeiros, bioanalistas, farmacêuticos — que, face a dificuldades no país de origem, imigraram recentemente para Portugal para iniciar uma nova etapa. Mas as portas dos hospitais portugueses estão-lhes barradas.

“É frustrante termos vontade de ajudar — porque para isso fomos preparados — e termos de ficar em casa”, desabafa ao Expresso a lusodescendente Raquel Pinheiro, de 40 anos. Na Venezuela, trabalhava como médica anestesista; em Portugal, onde chegou em outubro, ganha a vida a arrumar quartos num hotel em Aveiro. “Uma pandemia é uma situação muito grave. Há muitas pessoas a morrer, nós queremos ajudar, somos profissionais, temos habilitações.”

Como Raquel, dezenas de profissionais de saúde venezuelanos e lusodescendentes desesperam por não ver reconhecidos os seus diplomas académicos. O processo da anestesista — que tem nacionalidade portuguesa — foi iniciado na Direção-Geral do Ensino Superior há meio ano.

“Compreendo perfeitamente que os países tenham as suas regras, e eu tenho de as acolher. Mas eu não vim para viver às custas de ninguém, vim com vontade de trabalhar”, como há décadas aconteceu com o pai, quando rumou à Venezuela aos 17 anos. “Vim com vontade de fazer aquilo para que fui preparada.”

Exame marcado para abril… de 2021

Christian de Abreu, um lusodescendente de 36 anos que vive em Esposende (distrito de Braga), vive a mesma angústia há quase um ano. Filho de madeirenses, estudou Medicina na Universidade dos Andes durante seis anos e meio e exercia na área da Medicina do Trabalho; em Portugal ganha a vida nas obras.

Christian chegou a Portugal em maio passado — a mulher e os dois filhos ficaram no país — e logo iniciou o pedido de reconhecimento das habilitações junto da Direção-Geral do Ensino Superior. O processo foi encaminhado para a Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra que ficou encarregue de apreciar o seu caso, para o que Christian teve de pagar um emolumento no valor de 900 euros.

Em circunstâncias normais, começaria este abril a prestar as provas exigidas: uma escrita e uma prática de Medicina e um exame de língua portuguesa. Neste contexto de pandemia, os exames foram adiados para novembro próximo, janeiro e abril de 2021.

“Eu estou na disposição de fazer todas as provas que pedirem, mas agora estamos em luta contra o coronavírus”, diz ao Expresso. “Se é preciso demonstrar se sabemos ou não de medicina ponham-nos a trabalhar num hospital supervisionados por médicos portugueses, e eles dirão se temos ou não conhecimento.”

Para além do trabalho na frente de combate, estes profissionais dão outros exemplos do que poderiam estar atualmente a fazer: acompanhar os pacientes que estão em casa, recolher amostras para análise, colaborar nas triagens, trabalhar no atendimento telefónico nas linhas do SNS24.

Espanha aqui ao lado

A 14 de março, Christian enviou uma carta ao Governo em nome de um conjunto de profissionais na sua situação, que estima serem à volta de 100. Nela recordam o repto da Ordem dos Médicos a todos os médicos para que reforçassem o Sistema Nacional de Saúde, dizem “presente” e apelam ao Governo para “que encontre um mecanismo” que agilize o seu processo. O gabinete do primeiro-ministro acusou a receção da carta e encaminhou-a para o gabinete da ministra da Saúde, Marta Temido.

A viver uma quarentena profissional forçada, muitos destes profissionais vão pensando na possibilidade de se mudarem para outro país da União Europeia. Em Espanha, numa medida excecional de combate à pandemia, o Governo de Pedro Sánchez autorizou a contratação de médicos cujos títulos ainda não estavam homologados, abrindo a porta a 2000 médicos venezuelanos — já exerciam no país cerca de 5000.

A ideia de rumar a Espanha ou Itália já passou pela cabeça de Raquel. A anestesista vive na Gafanha da Boa Hora com o marido venezuelano e os dois filhos gémeos de nove anos. Foi neles que pensou quando decidiu deixar o país onde nasceu e é neles que pensa quando, mais desanimada, sonha em aproveitar a janela de oportunidade aberta pela pandemia e tentar a sua sorte noutro país. “Há dias em que olho para o céu e digo para mim: vou. Mas depois olho para os meus filhos e penso na responsabilidade que tenho”, em especial para com um deles que já foi operado ao coração. “Sinto-me entre a espada e a parede.”

Várias provas de obstáculos

Contactado pelo Expresso, o Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior explica o procedimento que está em causa. “As entidades competentes para proceder ao reconhecimento de graus académicos, que não sejam alvo de reconhecimento automático (o que ocorre nos graus da área da medicina), são as instituições de ensino superior que conferem o grau ou diploma naquela área de formação.”

Obtida a equivalência por parte de uma escola médica, há outro obstáculo a superar antes de ser possível a inscrição na Ordem dos Médicos: “Demonstrar que sabe comunicar em português (oral e escrito) sendo aprovado na prova de comunicação que a Ordem dos Médicos faz em parceria com o Instituto Camões”, explica ao Expresso fonte da instituição.

Após estarem inscritos na Ordem, os médicos ficam habilitados a exercer como clínicos gerais. Se quiserem exercer uma especialidade, têm de percorrer uma nova prova de obstáculos desta vez dentro da Ordem. “No caso de quererem a equivalência a uma especialidade, a situação é avaliada pela direção do respetivo Colégio” da especialidade.

Em 2019, foram 14 os médicos inscritos na Ordem com formação obtida na Venezuela. Na última década, 2014 foi o ano com menos inscrições (9) e em dois anos (2016 e 2018) foram inscritos 15 médicos venezuelanos. É esse o sonho de Christian também. “Há muita gente parada que poderia ajudar e Portugal beneficiaria muito com isso”, diz. “A burocracia tem de morrer com a covid.”

(IMAGEM PUBLIC DOMAIN PICTURES)

Artigo publicado no “Expresso Online”, a 7 de abril de 2020. Pode ser consultado aqui

Com as universidades fechadas, há professores que se transformaram em… Youtubers

Com as escolas de todos os níveis de ensino de portas fechadas oficialmente, os professores montam a sua sala de aula onde e como podem. Para muitos, as modernas tecnologias são um precioso aliado

A sensação de descompressão durou pouco mais de um dia. Era sábado à noite e Sara Leitão desanuviava pelas ruas do Porto com duas amigas quando um telefonema da mãe a deixou incrédula. “Ela tinha acabado de ouvir nas notícias que a minha Faculdade ia fechar por causa do coronavírus”, conta ao Expresso esta estudante do segundo ano de Medicina no Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS), da Universidade do Porto.

“A minha primeira reação foi de felicidade, pois íamos ter a primeira avaliação dentro de poucas semanas”, confessa. Mas o relaxe não perdurou… “Logo na segunda-feira seguinte [faz hoje uma semana] tive uma aula por vídeo-chamada. O professor de Bioestatística e Métodos de Investigação contactou-nos pela manhã a perguntar se podíamos ter a aula por Skype, no horário normal. Como é uma disciplina opcional, somos poucos, cerca de 15”, o que facilitou a convocatória e a organização da vídeo-aula.

Sentada ao computador, ora via a imagem do professor ora o ecrã do seu portátil onde o docente ia projetando informação. Quando havia dúvidas, os alunos ligavam o microfone e interrompiam-no. “O balanço geral é que a sessão até foi mais produtiva do que uma aula presencial. Estávamos no nosso ambiente, mais confortáveis e mais atentos.”

Localizado junto ao Palácio de Cristal, o ICBAS partilha o espaço com a Faculdade de Farmácia onde uma aluna do segundo ano foi das primeiras pessoas infetadas com o Covid-19 em Portugal. Os colegas de turma dessa estudante ficaram de quarentena; Sara e todos os outros alunos do ICBAS e de Farmácia estão em “isolamento social” — ainda que com o horário escolar cada vez mais preenchido a cada dia que passa.

“Para os professores, isto é uma situação completamente nova, é algo que não estavam à espera e tiveram de reagir”, reconhece esta aluna de 20 anos. “Cada um deles tenta encontrar a melhor opção para concretizar as aulas à distância. O professor de Histologia tornou-se uma espécie de Youtuber. Grava-se a si próprio a dar as aulas e publica os vídeos numa aplicação que se chama Panopto e que permite ver os vídeos também no telemóvel. Os alunos estão a adorar este método porque permite assistir à aula mais do que uma vez. E podemos puxar para trás se não percebermos alguma coisa.”

Esta segunda-feira, Sara retomou as aulas de Microbiologia através da aplicação Zoom, que permite vídeoconferências

Com o ICBAS de portas fechadas oficialmente desde 7 de março, os professores montam a sua sala de aula onde e como podem. Para muitos, as modernas tecnologias são um precioso aliado. Esta segunda-feira, Sara retomou as aulas de Microbiologia através da aplicação Zoom, que permite vídeoconferências. Na semana passada, a aula de Patologia, dada para largas dezenas de alunos, aconteceu através da plataforma EPOP Conferências. “O funcionamento é muito semelhante ao do Skype, mas permitia um maior número de pessoas a assistir.”

Nas aulas de Anatomia Clínica, não há vídeo-aulas. “O professor disponibilizou power points ainda mais pormenorizados do que o habitual, e vamos estudar autonomamente.” No caso de dúvidas posteriores às aulas, os professores estão contactáveis por e-mail “e respondem bastante rápido”, testemunha. “É muito bom estarem tão disponíveis. E nota-se que estão mesmo a tentar arranjar a melhor solução. Alguns estão muito à vontade com as tecnologias, resolvem a situação rapidamente e sem ajuda, mas outros nota-se que têm dificuldade. Há uns dias, numa aula, havia alguém ao lado do professor a ajuda-lo a pôr um vídeo a funcionar.”

CORTESIA SARA LEITÃO

A disponibilidade dos docentes não é a mesma se o professor acumular com serviço nos hospitais. “Os professores que são médicos — temos muitos que trabalham no Santo António [um dos hospitais de referência para a pandemia do Covid-19] — estão numa situação mais complicada. Eles dizem que a prioridade deles não é avaliarem-nos, mas exercerem a sua profissão principal, o que é compreensível. Vivemos tempos difíceis.”

Mas aos poucos, o calendário de aulas teóricas vai-se preenchendo, tentando reproduzir o melhor possível os horários que tinham na universidade. “Na Faculdade, quando tínhamos aulas de duas horas, às vezes fazíamos cinco minutos de intervalo. Isso já aconteceu numa vídeo-aula, apesar de estarmos em casa.”

A maior incerteza dos estudantes prende-se com a realização dos exames. “Temos exames agendados, mas não sabemos se devemos começar aquele estudo mais intensivo porque não temos a certeza de que os exames vão acontecer”

A maior incerteza dos estudantes prende-se com a realização dos exames. “Temos exames agendados, mas não sabemos se devemos começar aquele estudo mais intensivo porque não temos a certeza de que os exames vão acontecer. Até agora, foi-nos dito que o calendário mantém-se, mas não sabemos como.”

Inicialmente, o ICBAS decretou a suspensão da atividade letiva durante 14 dias, mas aos primeiros dias da suspensão foi comunicado aos alunos que a situação era para se manter indefinidamente. Nos momentos em que não está ao computador, Sara areja pelas redondezas da casa onde vive com os pais, em Vila Nova de Gaia, na companhia da cadela Benny. Dentro de portas, relaxa-a uma descoberta recente — a arte do ponto cruz — e já lhe ocorreu voltar a pegar no Violoncelo, que encostou quando entrou para a Universidade.

Certo é que o isolamento é para cumprir. “Na semana passada, ainda fui estudar com umas amigas e tive um jantar de aniversário, mas já tomei a decisão e não vou sair mais de casa até novas ordens. É mesmo uma questão de precaução.”

Artigo publicado no “Expresso Diário”, a 16 de março de 2020. Pode ser consultado aqui

Já há portugueses a votar. E desta vez com melhor organização

O voto antecipado para as Legislativas está a decorrer em todo o país. O Expresso espreitou as votações na Invicta. A manhã foi tranquila. Há 50 mesas de voto em funcionamento e muito apoio lateral aos quase 10 mil eleitores que se inscreveram para votar

As tradicionais filas para votar primavam pela ausência, este domingo de manhã, durante a votação antecipada para as legislativas no Porto. Em compensação, sobravam comentários elogiosos à organização. “Demorei um minuto a votar. Isto está muitíssimo bem organizado. E então do ponto de vista informático… Recebi email a confirmar a inscrição, alerta no telemóvel, impecável. Fiquei espantado!”

Vasco Gama Ribeiro, de 71 anos, foi um dos 9338 eleitores que se inscreveram para votar antecipadamente no distrito do Porto — em todo o país, fizeram-no 56.287 pessoas. Na Invicta, o número triplicou em relação às eleições europeias de 26 de maio (3014 registados).

Clara Queirós, de 56 anos, gerente empresarial, foi uma das novas inscrições. Estará no estrangeiro, em trabalho, no próximo das legislativas, pelo que votar este domingo é oportuno. “É muito vantajoso. Em maio não tive essa necessidade, mas agora sim.” Está acompanhada pelo marido, que optou por não votar já, mas que se mostra impressionado: “Isto está muito bem organizado”.

Novo local, mais urnas

Em maio, no Porto, a votação decorreu no edifício da Câmara Municipal. Havia apenas quatro urnas em funcionamento, o que provocou longas filas e esgares de grande impaciência. Desta vez, vota-se no Centro Cultural e Desportivo dos Trabalhadores da Câmara Municipal do Porto, um amplo espaço de recreio equipado com campo de futebol e pavilhões multiusos. Em três deles, estão colocadas 50 mesas de voto.

Manuela Barbosa, de 66 anos, repete a experiência de votar antecipadamente. Diz que em maio não teve grandes razões de queixa, mas que “desta vez, está muito mais organizado. Há mais mesas, não há filas, a entrada é imediata”.

O apoio aos eleitores começa na rua. A polícia municipal bloqueou lugares de estacionamento para quem ali acorre de carro. Há sempre um entra e sai de carros na Rua Alves Redol criando a sensação de que há estacionamento para todos.

Ultrapassados os portões da rua da associação, quem não conhece o local não tem hipótese de se perder. Há placas de direção a indicar os locais de voto e funcionários em serviço para esclarecer todas as dúvidas. Junto a um quadro de avisos, onde consta toda a informação necessária à identificação das mesas de voto, uma jovem em serviço não deixa que ninguém se sinta perdido. “Posso ajudar? Qual é o seu distrito de residência? De Viseu. Então vota na mesa 44.”

Carrinhos de golfe em serviço

Cerca do meio-dia, há um fluxo contínuo de gente pelos passeios em empedrado junto ao campo de futebol, a caminho dos pavilhões de voto. O percurso torna-se num passeio de domingo para quem ali vai sem horas marcadas, mas pode ser difícil para quem tem dificuldades de locomoção.

Os eleitores nestas condições não foram esquecidos: dois carrinhos de golfe do Parque da Cidade e uma ambulância dos Bombeiros Sapadores do Porto transportam pessoas com mobilidade reduzida até o mais próximo possível dos locais de voto.

Neste cruzar de gente empenhada em cumprir o seu dever cívico, vão-se ouvindo comentários soltos: “Está muito mais gente do que nas últimas”, comenta-se entre um casal. “Demorei uns dois minutos, não há confusão nenhuma”, diz uma senhora ao telemóvel. Uma jovem questiona o rapaz que a acompanha: “É assim tão importante para ti saberes em que é que eu votei?”

(FOTO Na Invicta, o voto antecipado em mobilidade decorre este domingo no Centro Cultural e desportivo dos Trabalhadores da Câmara Municipal do Porto MARGARIDA MOTA)

Artigo publicado no “Expresso Online”, a 29 de setembro de 2019. Pode ser consultado aqui