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Iraquianos de coração cheio com mensagens enviadas de Portugal

O primeiro-ministro do Iraque anunciou, no domingo, a reconquista da cidade de Mossul aos jiadistas do Daesh. Acabado de regressar daquela cidade, um médico do Porto, experiente em zonas de conflito, explica por que considera esta uma das suas missões “mais difíceis”. E revela como os iraquianos reagiram às mensagens de esperança que levou consigo desde Portugal

Sempre que parte para uma missão humanitária, o médico Gustavo Carona leva preso à mochila um cachecol do Futebol Clube do Porto. “É uma peça simbólica. Nele vai o meu mundo, os meus amigos, a minha família. É a minha forma de matar saudades”, confessa.

Em finais de maio, para a sua sétima missão — na cidade iraquiana de Mossul, ocupada pelos jiadistas desde junho de 2014 —, levou na mala algo tão ou mais especial ainda: exemplares de um livro da sua autoria que começou a ganhar forma apenas um mês antes de partir. A pensar em todos aqueles que se dizem inquietos com as guerras no mundo e não saber o que fazer para as contrariar, Gustavo escreveu no Facebook um “post” provocador…

“Dentro de um mês irei para o Iraque, Mossul, trabalhar com os Médicos Sem Fronteiras”, escreveu a 25 de abril. “Tentarei fazer o que sei, salvar vidas num dos locais mais necessitados dos dias de hoje. Mas para além disso gostava de levar comigo mensagens de quem acreditar que não podemos ficar indiferentes a alguns acontecimentos trágicos da atualidade, como tem sido esta guerra por Mossul.”

Criou um endereço de e-mail e esperou que a dinâmica das partilhas na internet fizesse o resto. “Não mencionem o meu nome. Isto não é sobre mim. É de cada um de vocês para todas as pessoas que sejam dignas do vosso grito de esperança.” Sem saber que eco as suas palavras iriam ter, tinha para si uma única certeza: seria o mensageiro de quem se desse a esse trabalho. Custasse o que custasse, as mensagens enviadas de Portugal chegariam a mãos iraquianas.

Aos 36 anos, o médico Gustavo Carona cumpriu em Mossul a sua sétima missão humanitária, a sexta ao serviço dos Médicos Sem Fronteiras GUSTAVO CARONA

De partilha em partilha, os posts de Gustavo “mexeram” com centenas de amigos, conhecidos e pessoas de quem ele nunca ouvira falar, e puseram famílias e turmas de estudantes a escrever.

Escreveu Paula Assunção:
“Povo de Mossul,
O mundo das pessoas bem formadas não está indiferente ao vosso sofrimento. Podem retirar-vos muita coisa mas nada, nem ninguém, vos pode retirar a dignidade, a inocência, a esperança, os vossos sonhos. Que nunca deixem de acreditar no dia de amanhã… e nas pessoas. Acreditem que somos muitos mais do que os monstros covardes que vos atormentam e acreditem na vossa/nossa força. Eu acredito.”

“1001 Cartas para Mosul” está à venda nas livrarias e na internet. As receitas do livro revertem, na totalidade, para os Médicos Sem Fronteiras e para a Plataforma de Apoio aos Refugiados MOSUL EYE

Ao email, foram chegando mensagens, ilustrações e a disponibilidade de falantes de língua árabe para traduzir as mensagens. No livro “1001 Cartas para Mossul”, estão publicadas 246 mensagens, umas em português, outras inglês, todas em árabe.

“O máximo que consegui levar foi 28 exemplares. Mas já enviei muitos mais por email, em formato digital. Entreguei a muitos dos meus companheiros de trabalho iraquianos que são de Mossul e que, por sua vez, fizeram chegar a várias associações, ativistas e até órgãos de informação iraquianos, que receberam o projeto com entusiasmo e grande emoção. Fui convidado a apresentar o livro em Mossul, mas infelizmente não pude ir. É maravilhoso, aquele povo sentiu um apoio simbólico, mas muito forte e genuíno, em nome de Portugal. Passaram reportagens na televisão iraquiana que me comoveram…”

A dedicação à causa humanitária já levou Gustavo Carona a trabalhar em hospitais da República Democrática do Congo (RDC), do Afeganistão, Paquistão e Síria. Um mês passado em Mossul foi suficiente para considerar a experiência iraquiana como “uma das mais difíceis” que já teve em oito anos de Medicina Humanitária. “Já vi muita guerra e testemunhei muitas histórias tristes. Ainda assim, no Iraque, tive de segurar as lágrimas em vários momentos do meu trabalho. A tristeza das histórias sufocavam emocionalmente e deixavam, mesmo pessoas muito experientes, absolutamente desarmadas.”

Contrariamente à RDC ou ao Afeganistão, por exemplo, que vivem uma conflitualidade crónica e duradoura, à qual, de certa forma, as populações já moldaram o seu quotidiano, o Iraque era, até à intervenção norte-americana de 2003, um país estável e desenvolvido — ainda que sem liberdade, governado pelo “pulso de ferro” de Saddam Hussein. No contexto da guerra, Mossul — a maior cidade do norte do Iraque, a 400 quilómetros de Bagdade — sofreu duplamente: devido à guerra civil e ao facto de se ter tornado, a par da síria Raqqa, uma das capitais do Daesh. Foi do púlpito de uma mesquita de Mossul, a Grande Mesquita Al-Nuri, que, a 29 de junho de 2014, Abu Bakr al-Baghdadi anunciou ao mundo o “Estado Islâmico”.

Em Mossul, o Daesh teve a maior concentração de população — dois milhões de pessoas — à sua mercê. E exerceu esse controlo com grande brutalidade durante três anos. “A cidade está completamente destruída. Quase toda a gente viu familiares morrer”, diz o médico. “De uma forma ou de outra, todas as famílias foram desmembradas.”

Hospital dos Médicos Sem Fronteiras onde o médico português trabalhou, a cerca de 30 quilómetros para sul de Mossul, a oeste do rio Tigre MÉDICOS SEM FRONTEIRAS

Em Mossul, Gustavo trabalhou num hospital “feito de raiz, essencialmente com tendas”, numa zona controlada pelo exército iraquiano. Especialista em Anestesia e Cuidados Intensivos, assistiu feridos de guerra e gente esfomeada, desnutrida, desidratada — as temperaturas nesta época do ano chegam a rondar os 50ºC — e com ferimentos variados.

“Quando o conflito se intensificava, os doentes chegavam-nos ‘em massa’, na sua maioria civis. Ver as portas do hospital abrirem-se com dezenas de feridos, ensanguentados e aos gritos dá um nó na garganta”, recorda. “Queimados, vítimas de explosões e da queda de edifícios, que colapsam em cima de famílias inteiras, pessoas cravadas por estilhaços dos pés à cabeça… E nós só víamos ‘os que tinham sorte’…” Os que tinham a sorte de sobreviver…

Licenciado pela Faculdade de Medicina do Porto e a exercer, desde 2014, no Serviço de Medicina Intensiva do Hospital Pedro Hispano, em Matosinhos, Gustavo Carona realizou a sua primeira missão em 2009, em Moçambique, com os Médicos do Mundo. A foto é de Mossul GUSTAVO CARONA

No domingo, o primeiro-ministro iraquiano, Haider al-Abadi, deslocou-se a Mossul para saudar a “cidade libertada” e “os heroicos combatentes e o povo iraquiano pela grande vitória”. A operação de reconquista da cidade ao Daesh foi lançada a 17 de outubro de 2016 e nela participaram uma variedade de forças ilustrativas da grande complexidade étnico-religiosa que é o Iraque: exército iraquiano, combatentes curdos (peshmergas), tribos árabes sunitas, milícias xiitas, todos apoiados pela coligação militar liderada pelos Estados Unidos.

Para a população de Mossul, sobretudo para quem não fugiu, os meses pareceram anos, em que viveram encurralados na sua própria cidade, reféns dos jiadistas e, muitos deles, também vítimas das rivalidades internas iraquianas. “As pessoas de Mossul têm uma grande perceção de maldade”, conclui Gustavo Carona. “Por parte do Daesh, mas também de forças iraquianas e de outros grupos armados. Aquelas pessoas testemunharam atrocidades indescritíveis.”

(Foto principal: Numa mão, estes iraquianos seguram o livro com mensagens de esperança enviadas de Portugal. Na outra, cartazes de agradecimento MOSUL EYE)

Artigo publicado no Expresso Diário, a 10 de julho de 2017. Pode ser consultado aqui

Um templo sobre religiões onde os ateus são tratados por igual

Tem forma de pirâmide para homenagear o Antigo Egito, nas fachadas tem incrustados símbolos das religiões monoteístas e nos espaços interior e exterior simbologia alusiva a 15 religiões. O Templo Ecuménico Universalista, inaugurado no domingo, apela à tolerância religiosa e à desconstrução de preconceitos

O Templo Ecuménico Universalista situa-se no Parque Biológico da Serra da Lousã, distrito de Coimbra FUNDAÇÃO ADFP

É inaugurado este domingo, em Miranda do Corvo, o Templo Ecuménico Universalista, dedicado à tolerância e ao respeito pela diferença. A coincidência da data com as celebrações de mais um aniversário dos atentados de 11 de Setembro de 2001, nos Estados Unidos, não é inocente. Já a primeira pedra do projeto tinha sido lançada a 11 de setembro de 2015.

O Templo pretende ser um monumento de homenagem às vítimas do fundamentalismo, especificamente às que morreram em Washington e Nova Iorque, mas de uma forma geral a todas as pessoas que ao longo de séculos e milénios morreram devido ao fundamentalismo e às ortodoxias religiosas”, explicou ao Expresso Jaime Ramos, da Fundação para a Assistência e Desenvolvimento e Formação Profissional (ADFP), a instituição de solidariedade social laica com sede em Miranda do Corvo que idealizou e financiou o projeto. (Foi a primeira instituição fora de Lisboa a acolher refugiados, que neste momento ascendem a 49).

Com forma piramidal, numa homenagem arquitetónica ao Antigo Egito, e com 13,4 metros de altura, como o Templo de Salomão, construído no século IX a.C. em Jerusalém, o Templo situa-se no topo do Parque Biológico da Serra da Lousã, no distrito de Coimbra.

No seu interior, abriga um Observatório de Religiões que trata, em pé de igualdade, Cristianismo, Islamismo, Judaísmo, Hinduísmo, Xintoísmo, Jainismo, Budismo, Confucionismo, Taoismo, Sikhismo, Zoroastrismo, Fé Bahaí e a religião dos Orixás. “Este projeto não tem uma visão sincrética”, diz Jaime Ramos. “Não queremos misturar as religiões todas. O Templo valoriza as religiões separadamente, cada uma por si.”

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Um rasgo no Templo permite que, diariamente, ao meio-dia, o Sol indique o centro, numa referência aos antigos adoradores do Sol, provavelmente uma das mais primitivas formas de religiosidade FUNDAÇÃO ADFP

Os conteúdos informativos disponibilizados pelo Observatório são elaborados pelo departamento de Ciência das Religiões da Universidade Lusófona, dirigido por Paulo Mendes Pinto, para quem este é “um projeto completamente único e ímpar em todo o mundo. A ênfase é colocada na cultura da paz, por oposição ao uso das religiões por parte de ideologias e para guerras e morte”.

“Queremos que pessoas de todas as religiões visitem o Templo, percebam aquilo que todas têm de bom e também o fundamentalismo, a ortodoxia, as guerras religiosas, as barbáries, para além do terrorismo atual que é gerado, muitas vezes, por conceitos e fundamentos religiosos”, diz o fundador da ADFP. “Por isso, este projeto apresenta aquilo que de bom têm as religiões, mas também aquilo que de mau foi feito ao longo de séculos e milénios com base religiosa.”

Um “pátio dos gentios”, como sugeriu Bento XVI

Com o mesmo destaque que é dado a cada uma das religiões, o Templo tem também um espaço dedicado ao Ateísmo. “Tratamos a visão do ateu numa posição de igualdade em relação àqueles que creem, com idêntico respeito”, refere Jaime Ramos. “Os ateus não só são bem vindos como são convidados a participar neste diálogo que é importante para todos.”

No exterior do Templo, um espaço retangular com pavimento em xadrez, e que remete para o típico chão dos templos maçónicos, constitui uma espécie de “pátio dos gentios”, numa resposta às palavras do Papa Bento XVI — que apelou ao diálogo interreligioso aberto a ateus e agnósticos — e “numa lógica de respeito absoluto tanto pela liberdade de querer como pela liberdade de não querer”, explica Jaime Ramos.

Coluna de pedra junto ao pavimento em xadrez que constitui uma espécie de “pátio dos gentios” FUNDAÇÃO ADFP

Ainda no espaço exterior, um cubo em pedra com uma bola também de pedra a girar sobre água remete para o positivismo científico de Galileu Galilei, julgado e condenado pela Inquisição há precisamente 400 anos, por defender que a Terra se movia em redor do sol. No cubo, pode ler-se a célebre frase que Galileu terá proferido à saída do tribunal do Santo Ofício: “Contudo ela move-se”.

“É uma referência que achamos por bem incluir no sentido de que não há nenhuma verdade que seja absoluta”, realça Jaime Ramos. “Todas as verdades podem ser desmentidas e evoluir.”

Simbolicamente, recorda também que nenhuma crença pode silenciar ou travar a ciência na sua permanente busca da verdade.

Uma cruz templária simboliza a necessidade de abrir passagens nos muros que separam homens ou fronteiras FUNDAÇÃO ADFP

Ao Templo Ecuménico pode chegar-se de carro ou a pé, a partir da entrada do Parque Biológico. (Numa primeira fase, as visitas são só para grupos, mediante contacto prévio para o Parque Biológico da Serra da Lousã.) Para quem optar pela via pedonal, o caminho é pontuado por bancos onde o visitante pode descansar e meditar nas frases de filósofos e pensadores com que se vai cruzando e que convidam à introspeção.

Ao longo do percurso, sucedem-se símbolos tauistas, a imagem de Buda, um altar hindu, a Mesa da Igualdade dos shiks (que também pode ser a mesa da Última Ceia cristã ou a Távola Redonda da tradição bretã), referências ao mundo politeista e aos fenómenos indígenas no seu confronto com as religiões hegemónicas.

Nas fachadas do Templo, estão impressos símbolos dos monoteísmos abraâmicos: na face orientada para sudeste o “crescente” do Islão e uma pedra negra que lembra a Caaba e define a direção de Meca; para sudoeste, a estrela de David, símbolo judaico; e na parede voltada para noroeste a cruz cristã.

Junto ao Templo, a bandeira portuguesa está hasteada a 15,24 metros de altura, a altura da Caaba muçulmana, numa homenagem à religião que chegou a ser maioritária em Portugal.

Artigo publicado no Expresso Online, a 10 de setembro de 2016. Pode ser consultado aqui

Como Hollywood olha para Portugal

Portugal raramente é protagonista nos filmes de Hollywood, mas, nos anos 30, Spencer Tracy ganhou um Oscar de Melhor Ator graças à interpretação de um pescador português. A tradição pesqueira entre as comunidades lusas nos Estados Unidos, a neutralidade portuguesa durante a II Guerra Mundial ou a qualidade dos vinhos nacionais levaram alguns guiões a puxar para o grande ecrã pormenores alusivos a Portugal. John Travolta e Colin Firth já se viram e desejaram para falar português. Richard Gere apaixonou-se pela “Canção do Mar”, na voz de Dulce Pontes. Julia Roberts chegou a sentir-se humilhada por ter origens portuguesas. O “Expresso” selecionou 40 filmes — nenhum deles rodado em território nacional — onde, com maior ou menor destaque, surgem referências a Portugal

1. “O TIGRE DOS MARES” / “TIGER SHARK” (1932)

O pescador português Mike Mascarenhas (Edward G. Robinson) é o capitão da embarcação “Santa Maria” que partiu da costa de San Diego rumo às águas mexicanas para a pesca do atum. Após um naufrágio, Mike perde uma mão num ataque de tubarões tigre e substitui-a por um gancho. Homem solitário, apaixona-se por Quita Silva (Zita Johann), que vive um desgosto de amor após uma relação com um homem casado. Quita aceita casar com o português, num misto de gratidão, compaixão e desejo de segurança, mas logo se arrepende e apaixona-se pelo melhor amigo de Mike, o charmoso Pipes Boley (Richard Arlen). Mike descobre.

2. “LOBOS DO MAR” / “CAPTAINS COURAGEOUS” (1937)

Manuel (Spencer Tracy) é um pescador português que resgata o pequeno e mimado Harvey (Freddie Bartholomew) que caiu ao mar quando seguia no transatlântico do pai, um magnata de Nova Iorque. Sem alternativa para regressar a terra, o miúdo vê-se obrigado a acompanhar a faina durante três meses. A experiência torna-se uma lição de vida. Ultrapassada a arrogância inicial, Harvey, a quem os pescadores chamam “Jonas”, torna-se um entusiasta da pesca. Manuel é o grande responsável pela metamorfose. Explica-lhe as suas origens, toca o realejo oferecido pelo pai, “o melhor pescador da Madeira”, canta e fala em português. Manuel e “Jonas” tornam-se inseparáveis. Após a morte do pescador, num acidente em alto mar, a criança fica com o realejo do amigo. Com Manuel, Spencer Tracy ganharia o Oscar de Melhor Ator.

3. “E TUDO O VENTO LEVOU” / “GONE WITH THE WIND” (1939)

Decorre a guerra civil americana e Ashley Wilkes (Leslie Howard) regressa da frente de combate para uma visita à família, na herdade de Tara, uma plantação de algodão no estado da Geórgia. A família reúne-se para a ceia de Natal e Scarlett O’Hara (Vivien Leigh) pede à tia Pittypat (Laura Hope Crews) que sirva vinho. Esta pega numa garrafa e explica que é a última de vinho da Madeira, que pertencia ao seu pai. “Obteve-a do seu tio, o Almirante Will Hamilton de Savannah”, continua Pittypat. “Guardei-a para desejar ao Ashley um Feliz Natal. Mas não deves bebe-lo de uma só vez porque é a última.” Ashley responde: “É um presente de Natal delicioso. Apenas generais têm néctares destes nos dias de hoje.”

4. “CASABLANCA” / “CASABLANCA” (1942)

O mundo está em guerra — no ecrã e na vida real — e, em Marrocos, controlado pela França de Vichy, a cidade de Casablanca torna-se um reduto de refugiados, que sonham com a travessia do Mediterrâneo e a chegada a Lisboa. A capital portuguesa é o grande porto de embarque para a liberdade da América. No “Rick’s Café Américain”, em Casablanca, cruzam-se dignitários do Eixo e membros da resistência clandestina aos nazis, espiões e refugiados à procura de um livre-trânsito para Lisboa. No exterior do café, Rick Blaine (Humphrey Bogart) conversa com o Capitão Louis Renault (Claude Rains), chefe da polícia francesa. É noite e um avião cruza os céus: “O avião para Lisboa… Gostava de ir nele?”, pergunta traiçoeiramente o Capitão. “Porquê? O que há em Lisboa?”, devolve Rick, fingindo não entender o alcance da pergunta. “Aviões para a América”, diz o francês.

5. “OS CONSPIRADORES” / “THE CONSPIRATORS” (1944)

Após realizar um ato de sabotagem contra os nazis, Vincent Van Der Lyn (Paul Henreid), membro da resistência holandesa durante a II Guerra Mundial, procura refúgio na neutral Lisboa. Ali, conhece um pequeno grupo de resistentes (um polaco, um norueguês e um francês), liderado por Ricardo Quintanilla (Sydney Greenstreet). Este apercebe-se que um dos membros do grupo está a espiar para os nazis e pede ajuda a Van Der Lyn para identificar o traidor. Numa taverna de Lisboa, o holandês escuta uma fadista (Aurora Miranda, irmã de Carmen Miranda), na companhia da misteriosa Irene Von Mohr (Hedy Lamarr).

6. “FORTE APACHE” / “FORT APACHE” (1948)

Owen Thursday (Henry Fonda), um veterano da guerra civil americana, é enviado para assumir o comando de Forte Apache, um posto isolado no Arizona. A nomeação desilude o Capitão Kirby York (John Wayne), que contava ficar com o cargo. Ninguém em Forte Apache fica indiferente à chegada do Tenente Coronel Thursday e da sua filha Philadelphia (Shirley Temple). Entre os locais, o doutor não dispensa um bom Porto. Numa cena, ele brinda com o Capitão Kirby York.

7. “CREPÚSCULO DOS DEUSES” / “SUNSET BOULEVARD” (1950)

Norma Desmond (Gloria Swanson) é uma antiga atriz que vive no Castelo de Sunset. Aos 50 anos, ela vive agarrada à glória do passado e na ilusão de que o público ainda a venera. O seu mordomo Max (Erich von Stroheim) contribui para esse delírio dizendo que ela é a maior estrela de todos os tempos. Um dia, Joe Gillis (William Holden), argumentista em Hollywood, refugia-se no castelo, perseguido por um inspetor das finanças. Seduzido pelas atenções de Norma e pelos luxos que ela lhe proporciona, Joe deixa-se ficar. Começa a escrever um guião com Betty Schaefer (Nancy Olson), a quem guia pelas divisões da mansão, descrevendo a grandeza alucinada em que Norma vive: “Ela trouxe o teto de Portugal”.

8. “RELATÓRIO CONFIDENCIAL” / “MR. ARKADIN” (1955)

Gregory Arkadin (Orson Wells) é um homem muito rico e misterioso que se prepara para dar uma grande festa no seu castelo em Espanha. Intrigado por nada se saber sobre o passado de Arkadin, o contrabandista americano Guy Van Stratten (Robert Arden) tenta descobrir o segredo que ele esconde. Os dois conversam e Arkadin diz a Van Stratten que está interessado nalgumas bases aéreas que o exército dos Estados Unidos está a construir em Portugal.

9. “BONECA DE LUXO” / “BREAKFAST AT TIFFANY’S” (1961)

Holly Golightly (Audrey Hepburn) é uma caçadora de fortunas por quem Paul Varjak (George Peppard) se apaixona. Paul é um aspirante a escritor que se mudou para o prédio de Holly e que vive às custas de uma mulher rica. Quando decide casar com um milionário brasileiro, Holly começa a estudar português e demonstra os seus conhecimentos da língua em conversa com Paul.

10. “007 O HOMEM DA PISTOLA DOURADA” /
“THE MAN 
WITH THE GOLDEN GUN” (1974)

O segundo filme da saga 007 protagonizado por Roger Moore tem como vilão Francisco Scaramanga (Christopher Lee), um assassino que usa sempre uma pistola dourada. Scaramanga considera que o agente britânico é o único homem à sua altura e desafia-o. No encalce do inimigo, James Bond descobre o fabricante das suas balas douradas, um português chamado Lazar (Marne Maitland) que vive em Macau.

11. “A MISSÃO” / “THE MISSION” (1986)

A história decorre no século XVIII, nas fronteiras entre Paraguai, Argentina e Brasil. Portugal e Espanha disputam territórios, nalguns dos quais os jesuítas têm missões de evangelização junto de comunidades de índios. O facto da coroa portuguesa permitir a escravatura cria receios entre alguns jesuítas (Jeremy Irons, Robert de Niro, Liam Neeson) de que os índios possam ser capturados para depois serem traficados.

12. “TRÊS HOMENS E UM BEBÉ” /
“THREE MEN AND A BABY” (1987)

Três homens solteiros e bem sucedidos partilham um apartamento em Nova Iorque: Peter Mitchell (Tom Selleck) é arquiteto, Michael Kellam (Steve Guttenberg) desenhador e Jack Holden (Ted Danson) ator. A vida dá uma cambalhota quando alguém deixa à porta um cesto com uma bebé, filha de Jack, lê-se num bilhete. Os três afeiçoam-se à pequena Mary e disputam o papel de guardião principal. Quando, um dia, a mãe da criança, Sylvia (Nancy Travis), chega para a levar para Londres, os três percebem que já não concebem a sua vida sem Mary e decidem impedir a partida. Quando irrompem, a correr, pelo aeroporto vê-se um cartaz publicitário da TAP Air Portugal.

13. “PIZZA, AMOR E FANTASIA” / “MYSTIC PIZZA” (1988)

Na localidade piscatória de Mystic, no Connecticut, as irmãs Daisy (Julia Roberts) e Kat (Annabeth Gish) Arujo e a amiga Jojo Barboza (Lili Taylor) trabalham na Mystic Pizza. Ali há um poster dos Açores numa parede e um cliente assíduo, Lopes, que se esquece com frequência da dentadura dentro de um copo com água em cima da mesa. Orgulhosa das suas raízes lusas, a dona da pizzaria, Leona (Conchata Ferrell), repete que a especialidade da casa tem “especiarias do Algarve”. Uma das empregadas, Daisy, apaixona-se por um rapaz rico, Charles (Adam Storke), e diz à mãe (Joanna Merlin), que trabalha na lota, que vai conhecer a família dele. A mãe observa que o rapaz não é católico. “Nem português, nem pobre”, indigna-se Daisy. O jantar é servido por Teresa que, acidentalmente, suja um convidado. Logo vem à baila a origem portuguesa da criada, para desconforto de Daisy. Em vários momentos festivos, ao longo do filme, ouve-se música portuguesa.

14. “INDIANA JONES E A GRANDE CRUZADA” /
“INDIANA JONES AND THE LAST CRUSADE” (1989)

Em 1938, a bordo de um navio que seguia ao largo da “costa portuguesa”, um caça tesouros tenta roubar a Indiana Jones (Harrison Ford) a Cruz de Coroando, oferecida pelo conquistador espanhol Hernando Cortés ao explorador espanhol Francisco Vásquez de Coroando, em 1520. Acreditava-se que essa relíquia continha pedaços da cruz onde Jesus Cristo foi crucificado. Sob intensa chuva, os dois envolvem-se numa luta corpo a corpo e ‘Indy’ consegue recuperar a Cruz que, no seu entender, deve ir para um museu.

15. “ARMA MORTÍFERA 3” / “LETHAL WEAPON 3” (1992)

A caminho de um interrogatório, dois polícias de Los Angeles entram num elevador e não ficam indiferentes à presença de uma funcionária da Administração Interna (René Russo). Um deles, Rog Murtaugh (Danny Glover), está prestes a reformar-se e o colega, Martin Riggs (Mel Gibson), aproveita o pretexto para tentar captar a atenção da mulher. Diz a Murtaugh que, agora que se vai reformar, o dinheiro que tem na Suíça, roubado a uns traficantes, vai dar jeito e, por isso, espera ser convidado para visitá-lo na sua casa em Portugal. Embaraçado, Murtaugh esforça-se por contrariá-lo dizendo que não tem casa alguma e que nunca esteve em Portugal.

16. “1492: CRISTÓVÃO COLOMBO” /
“1492: CONQUEST OF PARADISE” (1992)

Em Espanha, em finais do século XV, Cristóvão Colombo (Gérard Depardieu) prepara a sua segunda expedição às Américas. Tenta convencer os irmãos Bartolomeu e Giacomo a acompanharem-no, mas ambos resistem à ideia dizendo que nunca pegaram em espadas. Bartolomeu tenta mostrar que não está em causa a sua lealdade a Colombo e recorda que sempre esteve ao seu lado, mesmo quando ele foi a Portugal.

17. “EM NOME DO PAI” / “IN THE NAME OF THE FATHER” (1993)

Corre o ano de 1974 e a Irlanda é palco de confrontos entre republicanos irlandeses e lealistas ingleses. Jerry Conlon (Daniel Day Lewis), um católico irlandês, é preso pelos ingleses e acusado da autoria de uma explosão num bar de Guilford frequentado por soldados britânicos. Condenado a prisão perpétua, é enviado para a ala de máxima segurança de uma antiga fortaleza Vitoriana, onde cumprem pena os criminosos mais perigosos. Na parede da cela de Conlon, há um galhardete do Benfica e um outro alusivo à final de 1968 da Taça dos Clubes Campeões Europeus, entre o Benfica e o Manchester United.

18. “A VERDADE DA MENTIRA” / “TRUE LIES” (1994)

Harry Tasker (Arnold Schwarzenegger) tem uma vida secreta. A mulher (Jamie Lee Curtis) julga que ele é vendedor, mas na realidade ele faz parte de uma unidade de segurança crucial para a defesa dos Estados Unidos, chamada “Omega Setor – the last line of defense”. Numa reunião de crise presidida por Spencer Trilby (Charlton Heston), é traçado o perfil de Salim Abu Aziz, um temido terrorista envolvido no abate de um avião 727 em Lisboa.

19. “MARÉ VERMELHA” / “CRIMSON TIDE” (1995)

A bordo do “Alabama”, um submarino nuclear americano que se dirige para a Rússia, o comando do submergível é disputado pelo Capitão Frank Ramsey (Gene Hackman) e pelo Tenente Ron Hunter (Denzel Washington). Num momento de grande tensão, em que aguardam pela mensagem que dirá se devem atacar ou não o inimigo russo, Ramsey pergunta a Hunter, que pratica equitação, se conhece os garanhões Lippizanos, de Portugal, “os cavalos mais bem treinados do mundo. Todos brancos”. Hunter não cai na armadilha do rival e diz que os Lippizzanos são de Espanha e não de Portugal, e que quando nascem são negros. Quando o conflito se resolve a favor de Hunter, Ramsey admite que o rival tinha razão e que os Lippizzanos são espanhóis e não portugueses.

20. “A RAIZ DO MEDO” / “PRIMAL FEAR” (1996)

Martin Vail (Richard Gere) é um advogado habituado a ganhar grandes casos. Desta vez, cabe-lhe defender um acólito (Edward Norton), acusado de ter assassinado um arcebispo. Num salão de jogos, onde vai para se encontrar com um cliente, ‘Marty’ não fica indiferente à música ambiente. O seu interlocutor pede que retirem o CD da aparelhagem e oferece-o ao advogado, dizendo-lhe que a música de que gostou é a faixa número quatro. O CD é o álbum “Lágrimas” de Dulce Pontes e o tema que apaixonou ‘Marty’ é a “Canção do Mar”, ainda que, na realidade, o tema seja a primeira faixa do disco e não a quarta. A música surge várias vezes ao longo do filme.

21. “FENÓMENO” / “PHENOMENON” (1996)

Após passar a noite num bar, com os amigos, a comemorar o seu aniversário, o mecânico George Malley (John Travolta) é atingido por um clarão e cai desamparado. Quando desperta, começa a revelar características sobrenaturais. Fala espanhol, arrasta objetos com o poder da mente, é imbatível no xadrez, lê dois ou três livros por dia, consegue prever um terramoto e revela um saber enciclopédico. A dada altura, um vizinho português (Tony A. Mattos) sente-se mal e George é chamado para assegurar a comunicação entre o médico (Robert Duvall) e o paciente. Durante a viagem de carro até casa do paciente, George estuda um manual de conversação de língua portuguesa. Quando chega, fala com o doente em português.

22. “AMISTAD” / “AMISTAD” (1997)

Após revoltarem-se a bordo do barco espanhol La Amistad, corria o ano de 1839, um grupo de escravos é levado para os Estados Unidos para ser julgado. O caso torna-se um marco para a causa abolicionista. Um documento encontrado no interior do barco revela que, anteriormente, os escravos tinham sido transportados por um célebre navio negreiro português, o Tecora, que os traficara ilegalmente desde África.

23. “MISTÉRIO NA FACULDADE” / “THE FACULTY” (1998)

Numa escola, seis alunos investigam uma sucessão de crimes violentos, em que as vítimas se transformam em vampiros. Desconfiados que um deles possa ser também um vampiro, decidem fazer um teste e todos inalam uma poção produzida por um deles e que provoca efeitos secundários estranhos. Uma das alunas diz que não pode tomar porque é alérgica e logo outra, Delilah (Jordana Brewster), desconfiada de que possa ser uma desculpa, ironiza dizendo que não vai tomar porque é portuguesa.

24. “UM JOVEM SEDUTOR” / “TADPOLE” (2000)

Oscar Grubman (Aaron Stanford) é um jovem de 15 anos para quem as miúdas da sua idade não despertam qualquer interesse. Fluente em francês e ávido leitor de Voltaire, Oscar aproveita as férias escolares por altura do Dia de Ação de Graças para visitar a família e tentar conquistar a madrasta, Eve (Sigourney Weaver), por quem está apaixonado. À mesa, num jantar que reúne também o pai, Stanley (John Ritter), e uma amiga da madrasta, a atiradiça Diana (Bebe Neuwirth), a conversa vai cruzando vários assuntos. “Mas porquê Portugal? Sempre pensei que quando as pessoas vão para Portugal é porque os hotéis em Espanha devem estar todos cheios”, comenta Stanley. “Para mim, Portugal é aquele país que sempre manteve o eterno mistério”, responde-lhe Eve.

25. “TEMPESTADE” / “THE PERFECT STORM” (2001)

No interior do edifício da câmara municipal de Gloucester, Massachusetts, um painel recorda centenas de pescadores que morreram no mar, desde o século XVIII. Nele é possível reconhecer alguns nomes e apelidos portugueses. Naquela comunidade, Billy Tyne (George Cloney), capitão de um barco de pesca, sente-se pressionado pelo armador para obter melhores pescarias. Acabado de chegar a terra, Billy logo volta à faina, decidido a bater todos os recordes. Lança-se numa rota longa e perigosa e, a dada altura, os pescadores questionam o trajeto para leste do Andrea Gail: “Vamos para Flemish Cap? Porque não vamos de vez para Portugal?”, critica um deles. Este é um filme baseado numa história verídica. O Andrea Gail acabaria por ser atingido por um furacão e afundar-se. Os nomes dos seis pescadores constam do memorial na Câmara de Gloucester.

26. “LARA CROFT: TOMB RAIDER” /
“LARA CROFT: TOMB RAIDER” (2001)

Após descobrir um relógio misterioso na sua mansão, a arqueóloga Lara Croft (Angelina Jolie) procura o Sr. Wilson (Leslie Phillips) para lhe mostrar “O Olho Que Tudo Vê”. Ao perceber a preciosidade que tem diante de si, o perito em relojoaria tenta disfarçar o nervosismo oferecendo a Lara um Porto. Ela rejeita.

27. “GANGUES DE NOVA IORQUE” / “GANGS OF NEW YORK” (2002)

Em meados do século XIX, Nova Iorque está tomada por gangues que se combatem a cada esquina. Amsterdam (Leonardo Di Caprio), descendente de irlandeses católicos, regressa a Five Points para vingar a morte do pai, assassinado anos antes num duelo com o poderoso talhante Bill Cutting (Daniel Day Lewis), de quem agora Amsterdam se torna próximo. A dada altura, Bill diz a Johnny (Henry Thomas), um velho amigo de Amsterdam, que há um navio português de quarentena no porto e insta-o a assaltá-lo antes que um gangue rival o faça. Amsterdam vai com ele.

28. “IDENTIDADE DESCONHECIDA” /
“THE BOURNE IDENTITY” (2002)

Jason Bourne (Matt Damon) acorda num barco, em pleno Mediterrâneo, mas não se recorda da sua identidade. Tem ferimentos provocados por uma bala e percebe que está a ser perseguido. Quando é localizado em Zurique, os serviços de segurança que andam no seu encalço ativam todas as suas células espalhadas pelo mundo com o objetivo de o matarem. Um dos agentes convocados, que está em Roma, equipa-se com um passaporte português, com a identidade de Joaquim Sobral, natural do Porto.

29. “S1M0NE” / “S1M0NE” (2002)

Viktor Taransky (Al Pacino) é um realizador de cinema que cria Simone, uma atriz em formato digital que, no ecrã, os espectadores julgam ser real. Quando todos começam a estranhar que Simone não surja em público, o realizador inventa formas de aparição em que, na realidade, quem aparece é um holograma. Aos poucos, a mentira começa a ruir. Viktor Taransky vive cada vez mais atormentado pela fraude e planeia contar a verdade. Certa altura, escuta três espectadores criticarem o seu filme considerando-o totalmente artificial e nada parecido com a Lisboa do século XIX.

30. “LOVE ACTUALLY” / “O AMOR ACONTECE” (2003)

Londres está em contagem decrescente para o Natal. Várias histórias decorrem em paralelo. Numa delas, Aurélia (Lúcia Moniz), uma imigrante portuguesa, é contratada para fazer limpezas na casa de Jamie (Colin Firth). Para tentar comunicar com Aurélia, que não sabe uma palavra de inglês, Jamie fala-lhe de Eusébio. Jamie fala inglês, Aurélia responde-lhe em português, mas parecem entender-se. Ele refugia-se numa casa para escrever um livro e os dois vão-se aproximando. Jamie inscreve-se na Central London School of Language para aprender português. Na véspera de Natal, Jamie procura Aurélia em casa dela e fala em português com o pai, sr. Barros (Helder Costa), e com a irmã de Aurélia, Sophia (Carla Vasconcelos). Acompanhado por uma multidão de emigrantes portugueses, Jamie dirige-se ao restaurante português onde Aurélia trabalha e pede-a em casamento.

31. “AGARRADO A TI” / “STUCK ON YOU” (2003)

Walt (Greg Kinnear) e Bob (Matt Damon) são siameses e moram em Martha’s Vineyard. São proprietários e cozinheiros no “Quikee Burger”, um restaurante de hambúrgueres, e levam uma vida aparentemente normal. São guarda-redes numa equipa de hóquei sobre o gelo, não se privam de encontros amorosos e fazem planos para o futuro como que se não vivessem unidos fisicamente. Certa noite, Walt e Bob vão até ao “Portuguese American Club”, onde são visíveis várias bandeiras portuguesas na parede. Nesse bar, interessam-se por uma rapariga.

32. “ALTOS VOOS” / “VIEW FROM THE TOP” (2003)

Donna Jensen (Gwyneth Paltrow) sonha em sair da pequena cidade de Silver Springs e candidata-se a um lugar de hospedeira. Depois de passar pela Sierra Airlines, onde o slogan era “cabelo grande, saias curtas e serviço com um sorriso”, começa a trabalhar na sofisticada Royalty Airlines, onde ambiciona servir nas rotas para Paris e em primeira classe. Concretiza o sonho e começa a viajar por todo o mundo. Nos hotéis, vai recebendo telefonemas dos serviços a comunicar-lhe a agenda de voos. Num deles, é informada que vai voar para Lisboa.

33. “OCEAN’S TWELVE” / “OCEAN’S TWELVE” (2004)

Numa conferência na Europol, a detetive Isabel Lahiti (Catherine Zeta Zones) traça o perfil de grandes ladrões e refere que o maior de todos os tempos foi Gaspar LeMarque, que poderá ter morrido em Portugal, em 1988, ou em Hong Kong, em 1996, ou poderá ainda estar vivo. Mais tarde, percebe-se que LeMarque está vivo, durante um diálogo entre Danny Ocean (George Clooney) e o Raposa Noturna (Vincent Cassel). Este diz que no mês anterior tinha ido a Portugal visitar LeMarque, o seu mentor.

34. “A INTÉRPRETE” / “THE INTERPRETER” (2005)

Silvia Broome (Nicole Kidman) é tradutora-intérprete nas Nações Unidas. Acidentalmente, houve uma conversa sobre uma tentativa de assassínio ao mais alto nível e torna-se a peça-chave nessa investigação. Alvo de ameaças, certo dia, quando está a arrumar os seus pertences no cacifo, assusta-se com a presença de um contínuo, que fala português (Paul de Sousa). Mais tarde, o mesmo funcionário é interrogado, após o apartamento de Silvia ter sido invadido e de se suspeitar que as chaves usadas para abrir a porta tinham sido roubadas do cacifo dela. O contínuo português explica que, nesse dia, não estava de serviço.

35. “OS FILHOS DO HOMEM” / “CHILDREN OF MEN” (2006)

Corre o ano de 2027 e a humanidade está a desaparecer, atingida pelo problema da infertilidade. Lisboa está entre as cidades afetadas. Diego Ricardo, o ser humano mais jovem do planeta, é uma celebridade mundial e acaba de morrer aos 18 anos. Em todo o planeta, chora-se a sua morte. Em Inglaterra, Kee, uma imigrante, surge grávida e torna-se uma grande esperança. Theo (Clive Owen) empenha-se em protege-la, para evitar que o bebé seja disputado. O seu objetivo é entregar Kee ao Projeto Humano, que supostamente tem uma comunidade nos Açores.

36. “X-MEN 3, O CONFRONTO FINAL” /
“X-MEN 3, THE LAST STAND” (2006)

Num mundo de mutantes, o Departamento de Segurança Interna reúne-se para tentar localizar Magneto (Ian McKellen), o inimigo dos X-Men. Uma das localizações possíveis é Lisboa.

37. “MIAMI VICE” / “MIAMI VICE” (2006)

Sonny Crockett (Colin Farrell) e Ricardo Tubbs (Jamie Foxx), detetives da polícia de Miami, dirigem-se a uma discoteca suspeita de ser usada para traficar mulheres. Sonny mete conversa com uma “barmaid” e pergunta-lhe de onde é. Ela diz que é de Lisboa, “que fica em Portugal”, e que se chama Rita (Ana Cristina de Oliveira).

38. “MR. WOODCOCK” / “UM PADRASTO PARA ESQUECER” (2007)

John Farley (Seann William Scott) é um escritor traumatizado pelas recordações das aulas de ginástica de Mr. Woodcock (Billy Bob Thornton), um treinador com métodos severos. Numa pausa na digressão de promoção do seu livro, “Esquecer: Como ultrapassar o passado”, Farley regressa a casa e fica chocado ao saber que a mãe, Beverly (Susan Sarandon), vai casar-se com Mr. Woodcock. Empenha-se, então, em tentar destruir a relação da mãe com o antigo professor. Tenta obter informações sobre o passado de Woodcock junto da sua ex-mulher, Sally (Melissa Leo), que lhe diz que o sexo com o ex-marido era tão fantástico que, um dia, ela até falou português sem conhecer a língua.

39. “PIRATAS DAS CARAÍBAS: NOS CONFINS DO MUNDO” /
“PIRATES OF THE CARIBBEAN: AT WORLD’S END” (2007)

No terceiro filme da saga “Piratas das Caraíbas”, Will Turner (Orlando Bloom), Elizabeth Swann (Keira Knightley), o Capitão Barbossa (Geoffrey Rush) e a tripulação do Pérola Negra resgatam o Capitão Jack Sparrow (Johnny Depp) do Baú de Davy Jones e preparam-se para lutar contra a Companhia das Índias Orientais, que deseja extinguir a pirataria. A dada altura, dois “diabretes” tomam de assalto a consciência de Jack. Um deles sugere-lhe um sítio para atracar, um porto, mas Jack acha que ele se refere à bebida — Porto — e diz que prefere rum.

40. “GREENBERG” / “GREENBERG” (2010)

O irmão de Roger Greenberg (Ben Stiller) vai com a família para o Vietname e Roger aproveita para se mudar de Nova Iorque para a casa do irmão, em Los Angeles, para refletir sobre que sentido dar à sua vida. Reencontra velhos amigos, entre eles Ivan Schrank (Rhys Ifans). Um dia, num restaurante, Roger e Ivan conversam sobre mulheres. O primeiro diz ao amigo que ele gosta de “portuguesas racistas”.

(Foto: Imagem do filme “Casablanca” em que Rick Blaine e o Capitão Louis Renault vislumbram “o avião para Lisboa” D.R.)

Artigo publicado no Expresso Online, a 28 de fevereiro de 2016. Pode ser consultado aqui

Fidel, Portugal e os portugueses

Fidel esteve em Portugal por duas vezes. A primeira no Porto, em 1998, para participar na VIII Cimeira Ibero-Americana. A segunda em maio de 2001, para contactos institucionais. José Saramago, António Guterres, Jorge Sampaio, Pina Moura e Américo Amorim foram alguns dos portugueses que, em Portugal ou no estrangeiro, privaram com “El Comandante”. Fotogaleria de encontros históricos

José Saramago e Fidel Castro abraçam-se durante uma ação de solidariedade com Cuba, em Matosinhos, em 1998 REUTERS
Na fila atrás de Fidel, para além de Saramago, está Narciso Miranda, então presidente da câmara de Matosinhos REUTERS
O comício em Matosinhos realizou-se a 18 de outubro de 1998, dez dias após José Saramago ter ganho o Prémio Nobel da Literatura REUTERS
Fidel, Jorge Sampaio (Presidente de Portugal) e José Maria Aznar (primeiro-ministro de Espanha), na foto de família da VII Cimeira Ibero-Americana, em 1997, na Ilha de Margarita (Venezuela) ANDREW WINNING / REUTERS
A VIII Cimeira Ibero-Americana realizou-se no Porto, nos dias 17 e 18 de outubro de 1998. Fidel brinda com o monarca espanhol Juan Carlos, com um cálice de Porto JOSÉ MANUEL RIBEIRO / REUTERS
Ao lado de Andrés Pastrana (Presidente da Colômbia) e à frente Fraga Iribarne (presidente da Galiza), durante a cerimónia de entronização da Confraria do Vinho do Porto, a 17 de outubro de 1998 DESMOND BOYLAN / REUTERS
Sessão final da VIII Cimeira Ibero-Americana, realizada no edifício da Alfândega da cidade Invicta RICKEY ROGERS / REUTERS
Foto de família dos chefes de Estado e de Governo da América Latina, de Portugal e de Espanha participantes na VIII Cimeira Ibero-Americana, com a ponte da Arrábida como cenário MARCELO DEL POZO / REUTERS
Na companhia do empresário Américo Amorim e de Pina Moura, então ministro da Economia, após a visita a uma fábrica de cortiça, a 19 de outubro de 1998 REUTERS
Recebendo o Presidente português Jorge Sampaio, no aeroporto de Havana, a 14 de novembro de 1999 REUTERS
Sampaio participou na IX Cimeira Ibero-Americana, que se realizou na capital cubana, a 15 e 16 de novembro de 1999 REUTERS
Fidel Castro retribuiu a visita a Jorge Sampaio, no Palácio de Belém, a 17 de maio de 2001 REUTERS
O líder cubano passou por Lisboa após um périplo pelo Médio Oriente e Norte de África REUTERS
À conversa com o primeiro-ministro António Guterres, no Palácio de S. Bento, a 17 de maio de 2001 REUTERS

Com Guterres, num passeio animado pelos jardins do Palácio de S. Bento REUTERS

Artigo publicado no “Expresso Online”, a 18 de julho de 2014 e republicado a 26 de novembro de 2016. Pode ser consultado aqui e aqui

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Portugal saúda o novo Governo palestiniano

O Governo português está disponível para trabalhar com as novas autoridades palestinianas, afirma o ministro dos Negócios Estrangeiros em comunicado

O Executivo português congratulou-se, esta quarta-feira, com a formação do novo Governo de unidade nacional palestiniano, que tomou posse há dois dias. 

“Portugal sempre apoiou a reconciliação palestiniana, sob a liderança do Presidente Abbas e desde que o Governo de unidade respeite o princípio da não violência e os acordos anteriores no âmbito do processo de paz, incluindo o reconhecimento do Estado de Israel”, afirmou, em comunicado, o ministério dos Negócios Estrangeiros. 

“O Governo Português congratula-se, assim, com a declaração do Presidente Abbas assegurando que o novo Governo respeitará estes princípios e reafirma a disponibilidade para trabalhar com as novas autoridades comprometidas com a paz”, continuou o comunicado.

Chefiado pelo primeiro-ministro Rami Hamdallah e composto por tecnocratas, o novo executivo decorre do acordo de reconciliação celebrado entre as duas principais fações palestinianas, Fatah (do Presidente Mahmud Abbas) e Hamas (que não reconhece Israel).

“A reconciliação palestiniana é um passo necessário para a solução de dois Estados, Israel e Palestina”, concluiu o Governo de Lisboa “É agora urgente que as partes retomem as negociações no âmbito do processo de paz.”

Artigo publicado no “Expresso Online”, a 4 de junho de 2014. Pode ser consultado aqui