Durante as movimentações militares, o Presidente Erdogan recorreu ao Facetime para dizer aos turcos que controlava o país. Ele, que odeia as redes sociais
BURAK KARA / GETTY IMAGES
Há cerca de duas semanas, após visitar o aeroporto de Istambul, onde 45 pessoas morreram e mais de 200 ficaram feridas na sequência de um ataque suicida, Recep Tayyip Erdogan fez um discurso violento contra a internet. “Sou contra as redes sociais. Fui atacado muitas vezes por causa disto. Sou contra o Twitter e todas as outras e não publico nada. Não as uso.”
Nessa altura, o Governo suspendera o acesso sobretudo ao Twitter e ao Facebook e muitos ultilizadores que conseguiam contornar o bloqueio através de acessos privados criticavam a mordaça imposta que impedia a partilha de contactos visando a ajuda a vítimas do atentado.
Esta sexta-feira, quando estava em curso uma tentativa de golpe de Estado e a televisão estatal estava sem emissão, Erdogan falou com a CNN Turca via Facetime — o “software” desenvolvido pela Apple que só funciona com rede de internet — para garantir que estava aos comandos do país. Secretamente, terá tido a esperança que a internet que tanto odeia pudesse ajuda-lo a travar o golpe.
Artigo publicado no “Expresso Online”, a 16 de julho de 2016. Pode ser consultado aqui
Primeiro-ministro confirma que há movimentação de militares nas ruas de Ancara e Istambul. As fronteiras estão encerradas, ninguém entra ou sai do país
Está em curso uma tentativa de golpe de Estado na Turquia. A confirmação foi dada pelo primeiro-ministro, Binali Yıldırım, ao começo da noite desta sexta-feira. As movimentações de militares terão começado por volta das 20h50 (hora de Lisboa).
“Esta é uma tentativa de golpe de Estado. Estamos a considerá-la como um levantamento militar, que não vamos deixar ter sucesso. Aqueles que fazem esta tentativa vão pagar um preço pesado”, disse o líder do Executivo aos jornalistas, citado pela imprensa turca.
Em comunicado, a fação militar que iniciou o golpe de Estado, afirma ter tomado “total controlo do país”. Segundo as forças armado, no texto citado pela agência turca Dogan, o objetivo é “reinstalar a ordem constitucional, a democracia, os direitos humanos, a liberdade, garantir que o Estado de direito volta a reinar no país e que a lei e ordem sejam reinstaladas”.
Ninguém pode sair ou entrar no país. “É oficialmente declarado agora que um golpe militar está a acontecer. Todas as fronteiras estão fechadas”, avança a estação de televisão governamental TRT.
O acesso às redes sociais foi restringido, escreve a Reuters.
Segundo testemunhas, vários aviões estão a sobrevoar Ancara a baixa altitude e tanques militares estão a bloquear parcialmente as duas pontes sobre Bósforo e o aeroporto. Al Jazeera acrescenta que também o aeroporto de Istambul foi encerrado e os voos cancelados.
Há informações que apontam para a ocorrência de uma explosão na Academia da Polícia e na sede dos Serviços Secretos turcos. Existem ainda rumores de que alguns sectores militares entraram em confronto com as forças da polícia.
No entanto, os golpistas deverão tentar neutralizar a polícia que é predominantemente pró-governo.
Artigo escrito com José Pedro Tavares, correspondente em Ancara, Liliana Coelho e Marta Gonçalves.
Artigo publicado no “Expresso Online”, a 15 de julho de 2016. Pode ser consultado aqui
Primeiro-ministro confirma a tentativa de golpe. As fronteiras estão encerradas, ninguém entra ou sai do país. Erdogan apela para as pessoas virem para a rua. Forças especiais confirmam que há mortos e feridos
03h15 Encerramos aqui o acompanhamento em direto. Obrigado por ter estado desse lado
03h11 Na noite em que uma fação militar levou a cabo uma tentativa de golpes de Estado na Turquiam Erdogan dirigiu-se à popuulação com um discucurso vitorioso, em que assegurou que os reposáveis serão severemente punidos.
02h31 Pelo menos seis civis morreram e cem outros ficaram feridos em Istambul durante o caos gerado, esta noite, pela tentativa de golpe militar posta em marcha na Turquia, informam hoje os meios de comunicação social locais.
Segundo a emissora CNNTürk, no Hospital Haydarpasa Numune foram contabilizados pelo menos seis mortos e aproximadamente uma centena de feridos.
02h29 “A Turquia já não é a Turquia de antigamente”
02h26 “É um ato de traição [a tentativa de golpe de Estado]”, considerou o presidente turco, que voltou a reafirmar que o golpe foi levado a cabo “por um pequeno grupo de militares dentro da instituição
01h44 A televisão publica turca TRT voltou esta noite (01:00 de Lisboa) a emitir normalmente, depois de os soldados que a tinham tomado terem abandonado o local.
A apresentadora de televisão da TRT, que há algumas horas tinha lido um comunicado a anunciar a tomado do poder por parte do exército, anunciou que foi forçada a faze-lo pelos soldados que ocuparam a emissora.
Imagens transmitidas pela televisão mostraram centenas de pessoas a celebrar a saída dos soldados.
01h37
JUST IN: Member of Turkish parliament reached by phone tells Reuters lawmakers hiding in shelters at parliament: https://t.co/ulFOwFbMjE
01h17 Ainda pouco se sabe do paradeiro de Erdogan, mas correm rumores de que estará a chegar àTurquia (este tweet vem reforçar a teoria)
President Erdoğan: " I call on everyone to go to city squares and airports. I also will be with them"
— Presidency of the Republic of Türkiye (@trpresidency) July 16, 2016
01h09 Primeiro-ministro, Binali Yildirim, informou que “a situação está amplamente controlada”.
01h04 Mais um testemunho de quem está na Turquia. Desta vez do correspondente do Expresso em Ancara, José Pedro Tavares: “Turquia no limbo. Para que lado cairá?”
01h Alguns turcos seguiram o apelo do presidente Erdogan (cujo paradeiro é desconhecido até ao momento) e saíram para as ruas em protesto.
Sedat Suna
Sedat Suna
00h59 Desde 1960, a Turquia já foi palco de quatro golpes militares bem sucedidos. Do último, em 1997, resultou o nascimento do Partido Justiça e Desenvolvimento que haveria de elevar Erdogan ao poder. Veja aqui o balanço.
00h30 – Informações ainda não confirmadas oficialmente dão conta de um helicóptero dos revoltosos que foi abatido por um avião do governo turco
00h26 – Porta-voz da chanceler alemã apela ao respeito pela ordem democrática na Turquia
00h18 – O secretário de Estado norte-americano, John Kerry, diz esperar que a estabilidade se mantenha na Turquia
00h15 – Barack Obama pede que se evite “banho de sangue” e que os partidos respeitem o governo eleito democraticamente
00h08 – Dezassete polícias foram mortos durante os confrontos com os revoltosos, noticia a AFP. Essa informação não foi contudo confirmada ainda por fontes oficiais
00h02 – Segundo informações avançadas pela agência iraniana, Erdogan aterrou há instantes no Teerão
23h39 Segundo a AP, a NATO (Organização do Tratado Atlântico Norte) não fez comentários quando questionada cobre de que forma este golpe de Estado iria afetar a organização. A Turquia aderiu à NATO em 1952.
23h36Governo português aconselha portugueses a ficar em casa ou hotéis
23h34 – Há relatos de festejos na Síria com as movimentações militares na Turquia
Stringer/Turkey
Reuters Tv
23h27 – Ouvem-se cânticos religiosos pró-governo. Paralelamente estão a ocorrer manifestações contra Erdogan
23h26 – População turca saiu à rua
23h24 – Estão a ocorrer trocas de tiros nas ruas de Istambul
22h20 Tanques militares estão a abrir fogo em frente ao edifício do Parlamento.
BREAKING: Tanks open fire around Turkish parliament building; gunfire heard at Istanbul airport – Reuters witnesses
23h14 – Golpistas e militares estão em confrontos em Istambul
23h13 – O ambiente é de caos. Um helicóptero abriu fogo em Istambul. Imagens em direto mostram um grande aparato, com várias ambulâncias no local.
23h05 – Segundo pessoas que se encontram na Turquia, a população está a receber informação contraditórias. Os militares anunciam o controlo do país, enquanto Erdogan e o AKP dizem para continuar a vida normalmente e que tudo não passa de um grupo minoritário a causar confusão.
MORE: Military helicopter opens fire over Turkish capital Ankara – Reuters witness
22h45 O canal de televisão governamental TRT estão sem emissão.
22h42 O presidente Erdogan apela à população pessoas virem para a rua.
22h41 Há informações que apontam para a ocorrência de uma explosão na Academia da Polícia e na sede dos Serviços Secretos turcos. Existem ainda rumores de que alguns sectores militares entraram em confronto com as forças da polícia.
22h39 Vários aviões estão a sobrevoar Ancara a baixa altitude e tanques militares estão a bloquear parcialmente as duas pontes sobre Bósforo e o aeroporto. Al Jazeera acrescenta que também o aeroporto de Istambul foi encerrado e os voos cancelados.
22h37 “É oficialmente declarado agora que um golpe militar está a acontecer. Todas as fronteiras estão fechadas”, avança a estação de televisão governamental TRT.
22h34 Em comunicado, a fação militar que iniciou o golpe de Estado, afirma ter tomado “total controlo do país”. Segundo as forças armado, no texto citado pela agência turca Dogan, o objetivo é “reinstalar a ordem constitucional, a democracia, os direitos humanos, a liberdade, garantir que o Estado de direito volta a reinar no país e que a lei e ordem sejam reinstaladas”.
22h29 “Esta é uma tentativa de golpe de Estado. Estamos a considerá-la como um levantamento militar, que não vamos deixar ter sucesso. Aqueles que fazem esta tentativa vão pagar um preço pesado”, disse o líder do Executivo aos jornalistas, citado pela imprensa turca.
22h22 Está em curso uma tentativa de golpe de Estado na Turquia. A confirmação foi dada pelo primeiro-ministro, Binali Yıldırım, ao começo da noite desta sexta-feira. As movimentações de militares terão começado por volta das 20h50 (hora de Lisboa).
Artigo escrito com José Pedro Tavares, correspondente em Ancara, Liliana Coelho e Marta Gonçalves.
Artigo publicado no “Expresso Online”, a 15 de julho de 2016. Pode ser consultado aqui
O Papa Francisco chega sexta-feira à muçulmana Turquia. O líder da Igreja Católica vai encontrar-se com o patriarca ortodoxo de Constantinopla, numa altura em que os cristãos correm o risco de desaparecer do Oriente
O Papa Francisco chega na sexta-feira à Turquia — onde 98% dos 74 milhões de habitantes são muçulmanos — para cumprir a sua quinta visita ecuménica. O líder da Igreja Católica tem previsto um encontro com o ortodoxo Bartolomeu I, Patriarca de Constantinopla, numa altura em que as minorias cristãs no Médio Oriente sofrem perseguições generalizadas — as mais graves das quais às mãos do “Estado Islâmico”, no Iraque e na Síria.
Estima-se que mais de 100 mil cristãos, ameaçados pelos extremistas, tenham sido forçados a fugir da província de Nínive, no norte do Iraque. Em agosto, o Sumo Pontífice admitiu que o uso da força contra o autodenominado Estado Islâmico “pode justificar-se”.
O avião papal aterra no aeroporto de Ancara na sexta-feira à tarde, onde Francisco terá à sua espera o Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan. Na capital, o Papa visitará o túmulo de Mustafa Kemal Ataturk, o fundador da Turquia moderna (país herdeiro do Império Otomano), promotor de uma identidade nacional secular cada vez mais posta em causa por medidas de caráter islamizante impulsionadas pelo Presidente.
Sábado será o dia dedicado a Istambul e ao encontro com o representante da igreja ortodoxa. Francisco visitará também a Basílica de Santa Sofia (Hagia Sophia), construída no século VI para ser a Catedral de Constantinopla e convertida em mesquita após a conquista muçulmana da cidade, em 1453. Hoje, o templo é um museu.
Francisco será o quarto líder católico a visitar a Turquia – após Paulo VI (1967), João Paulo II (1979) e Bento XVI (2006). O início do diálogo entre estas duas igrejas cristãs remonta a janeiro de 1964, ano em que o Patriarca Grego Ortodoxo Atenágoras I de Constantinopla e o Papa Paulo VI se encontraram em Jerusalém. Foi o primeiro encontro ecuménico ao mais alto nível desde o Grande Cisma do século XI.
Discurso no Parlamento Europeu Antes da sua deslocação à Turquia, o Papa Francisco viajou até Estrasburgo. Na terça-feira, falou no Parlamento Europeu — o último Papa a discursar naquele hemiciclo foi João Paulo II, em 1988, ainda o Muro de Berlim estava intacto.
“É necessário enfrentarmos juntos a questão migratória. Não se pode tolerar que o Mar Mediterrâneo se torne um grande cemitério!”, alertou o Papa, cuja primeira viagem oficial, em julho de 2013, foi à ilha italiana de Lampedusa, ponto de chegada de milhares de imigrantes africanos em busca de trabalho na Europa.
“Nos barcos que chegam diariamente às costas europeias, há homens e mulheres que precisam de acolhimento e ajuda. A falta de apoio no seio da União Europeia arrisca-se a incentivar soluções particulares para o problema que não têm em conta a dignidade humana dos migrantes, promovendo o trabalho servil e contínuas tensões sociais.”
Artigo publicado no “Expresso Online”, a 26 de novembro de 2014. Pode ser consultado aqui
A visita de Obama a Israel começa a dar frutos. O primeiro-ministro Netanyahu telefonou ao homólogo turco e pediu desculpas pelo ataque de 2010 à frota humanitária. Segue-se a normalização das relações
O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, pediu hoje “desculpa” ao povo turco por “erros operacionais” que levaram à morte de nove cidadãos turcos, em 2010, que seguiam a bordo de uma frota humanitária que tentava chegar à Faixa de Gaza.
Netanyahu telefonou ao seu homólogo turco, Recep Tayyip Erdogan, hoje de manhã, quando o Presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, terminava a sua primeira visita oficial a Israel.
O chefe do Governo israelita informou Erdogan que Israel concorda em pagar compensações às famílias das vítimas. O jornal turco “Today’s Zaman” confirmou que Erdogan aceitou as desculpas.
Israel e Turquia acordaram ainda “normalizar as relações diplomáticas entre ambos, incluindo o regresso dos embaixadores e o cancelamento de processos judiciais contra soldados das Forças de Defesa de Israel”.
O diferendo remonta a 31 de maio de 2010, quando comandos israelitas tomaram de assalto uma frota de seis embarcações que tentava quebrar o bloqueio israelita a Gaza. Nove ativistas turcos foram mortos, a bordo do navio Mavi Marmara.
Um inquérito ao incidente concluiu que Israel violou o direito humanitário internacional.
O bloqueio a Gaza dura desde 2007, ano em que o movimento islamita Hamas tomou o poder através de um golpe.
Artigo publicado no “Expresso Online”, a 22 de março de 2013. Pode ser consultado aqui
Jornalista de Internacional no "Expresso". A cada artigo que escrevo, passo a olhar para o mundo de forma diferente. Acho que é isso que me apaixona no jornalismo.