União Africana suspende Egito

O Egito foi suspenso de todas as atividades da organização pan-africana até que seja reposta a ordem constitucional

A União Africana suspendeu, esta sexta-feira, o Egito de todos os trabalhos da organização, na sequência do golpe militar que afastou o Presidente Mohamed Morsi, democraticamente eleito.

A situação manter-se-á até que “seja restaurada a ordem constitucional”, afirmou Admore Kambudzi, secretário do Conselho para a Paz e Segurança da organização pan-africana, composta por 54 Estados e reunida em Ais Abeba, Etiópia.

Ao mesmo tempo, no Cairo, o Presidente interino, Adly Mansour, emitiu uma declaração dissolvendo o Conselho Shura (câmara alta do Parlamento), controlada pelas forças islamitas.

A Irmandade Muçulmana marcou, para hoje, uma jornada de protesto contra a deposição de Morsi, a que chamou “Sexta-feira da Rejeição”. Na manifestação já morreram três pessoas.

Ao fim da tarde, Mohamed Badie, o Guia Supremo da Irmandade Muçulmana, apareceu junto de milhares de manifestantes pró-Morsi, reunidos junto à mesquita Rabaa Al-Adaweya, na zona cairota de Nasr City, desmentindo assim as notícias de que estava detido.

Num discurso à multidão, afirmou que o golpe militar que afastou a Irmandade do poder é “inválido” e que há apenas um Presidente no Egito, Mohamed Morsi. “Não sairemos das ruas até que o Presidente Morsi seja reintegrado.”

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Artigo publicado no “Expresso Online”, a 5 de julho de 2013. Pode ser consultado aqui

Seis mortos no Cairo

A Irmandade Muçulmana apelou a uma sexta-feira de protestos. E o caos instalou-se no Cairo

Tropas egípcias dispararam balas contra manifestantes pró-Presidente que seguiam em direção ao quartel-general da Guarda Republicana, na área de Nasr City. Segundo a AFP, foram mortas seis pessoas.

Os manifestantes aproximavam-se do edifício onde Mohamed Morsi, o Presidente deposto, está detido.

A Irmandade Muçulmana convocou uma manifestação designada “Sexta-feira da Rejeição” para protestar contra o golpe militar que depos o Presidente. Os militares tinham autorizado o protesto.

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Artigo publicado no “Expresso Online”, a 5 de julho de 2013. Pode ser consultado aqui

Novo Presidente é civil e já está em funções

O ex-Presidente do Tribunal Constitucional egípcio tomou posse como Presidente interino. EUA e UE apelam a um processo democrático célere e inclusivo

Adly Mansour tomou posse hoje de manhã, escassas horas após Mohamed Morsi ter sido afastado pelos militares da presidência do Egito. O novo Presidente interino era, desde 1 de julho, presidente do Tribunal Constitucional.

Num breve discurso, Mansour saudou o Exército, a magistratura e a polícia e elogiou os órgãos de informação egípcios por “iluminarem o caminho da nação e descobrirem as falhas do regime anterior”.

Mansour homenageou ainda os jovens e todas as forças revolucionárias que participaram no “glorioso dia 30 de junho” — quando os opositores a Morsi saíram às ruas naquela que foi considerada a maior manifestação da história do Egito.

Nascido no Cairo, em 1945, Mansour presidiu às audiências constitucionais, em 2012, que rejeitaram a chamada lei do “isolamento político”, que proibia que membros do regime de Hosni Mubarak se apresentassem em eleições. Esta posição viabilizou a candidatura de Ahmed Shafiq, ex-primeiro-ministro de Mubarak, às presidenciais, onde, na segunda volta, seria derrotado por Morsi.

EUA e UE reagem com cautela

As reações internacionais à mudança de poder no Egito evitam a palavra “golpe”. Barack Obama expressou “grande preocupação” em relação à ação dos militares — que afastaram um líder democraticamente eleito —, mas não a condenou.

“Apelo agora aos militares egípcios que caminhem rápida e responsavelmente no sentido do regresso à autoridade total de um governo civil eleito democraticamente, o mais cedo possível e através de um processo inclusivo e transparente”, afirmou o chefe de Estado norte-americano.

Os Estados Unidos são o maior doador do Egito com uma ajuda anual de 1,5 mil milhões de dólares (1,2 mil milhões de euros).

Em nome da União Europeia, a chefe da diplomacia, Catherine Ashton, apelou “a todas as partes para que regressem rapidamente a um processo democrático, incluindo a realização de eleições presidenciais livres e imparciais e a aprovação de uma Constituição”.

Líderes da Irmandade presos 

Paralelamente, um tribunal do Cairo deu ordem de prisão, hoje de manhã, a Saad al-Katatni, líder do Partido Liberdade e Justiça (emanado da Irmandade Muçulmana) e presidente do Parlamento agora dissolvido.

Pouco antes, também Mohamed Badie, líder espiritual da Irmandade, e Khairat al-Shater, um empresário considerado o “homem forte” da organização islamita, foram presos por, segundo um tribunal, incitamento à morte de opositores a Morsi.

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Artigo publicado no “Expresso Online”, a 4 de julho de 2013. Pode ser consultado aqui

Golpe militar no Egito

O Presidente Mohamed Morsi foi afastado do poder pelos militares. O poder foi entregue ao Presidente do Supremo Tribunal Constitucional

Mohamed Morsi foi afastado da presidência do Egito. O anúncio foi feito pelo chefe de Estado do Exército, num comunicado lido em direto na televisão, três horas após ter terminado o ultimato dado ao Presidente para chegar a acordo com a oposição.

Ladeado por líderes militares e religiosos, Abdul Fatah Khalil al-Sisi anunciou a suspensão temporária da Constituição e a transferência da presidência do país, a título interino, para o Presidente do Supremo Tribunal Constitucional, Adli Mansour, até à realização de eleições presidenciais.

Entretanto, será formado um Governo de coligação, bem como um comité para emendar os artigos da Constituição mais polémicos.

“Espero que este plano seja o ponto de partida para um recomeço da revolução de 25 de janeiro”, reagiu Mohamed ElBaradei, em nome da Frente de Salvação Nacional, a principal coligação da oposição.

Festa na Praça Tahrir

“As Forças Armadas ficarão sempre fora da política”, afirmou ainda o general Al-Sisi. “O povo egípcio apelou às Forças Armadas para que cumpra os objetivos da revolução.”

O militar apelou ao povo egípcio para que não recorra à violência. Momentos antes da comunicação ao país, veículos militares tomaram posições em vários pontos do Cairo, especialmente nas áreas onde estavam concentrados milhares de egípcios, uns críticos de Morsi (na Praça Tahrir) e outros partidários do Presidente (Nasr City).

Militante da Irmandade Muçulmana, Mohamed Morsi foi eleito Presidente do Egito a 17 de junho de 2012 com 52% dos votos.

Artigo publicado no “Expresso Online”, a 3 de julho de 2013. Pode ser consultado aqui

 

Ultimato dos militares chega ao fim

Os egípcios aguardam a reação do Presidente Mohamed Morsi ao ultimato dado pelos militares: ou entende-se com a oposição ou é afastado do poder

Terminou às 17 horas de Lisboa (18 horas no Cairo) o prazo de 48 horas dado, na segunda-feira, pelos militares ao Presidente Mohamed Morsi para chegar a um acordo com a oposição.

Na ausência de um entendimento, os militares tomarão o poder, propondo-se aplicar o seguinte roteiro político:

— Suspensão da Constituição;

— Dissolução do Parlamento;

— Estabelecimento de um Conselho Interino até haver nova Constituição;

— Eleições presidenciais.

Hoje à tarde, na página da Presidência no Facebook, Morsi propôs a formação de um “governo de coligação consensual” até à realização de novas eleições legislativas.

Apoiantes e críticos de Mohamed Morsi — que tomou posse como Presidente a 30 de junho de 2012 — estão reunidos em dois pontos do Cairo, aguardando pela decisão do Presidente, de viva voz.

Na mítica Praça Tahrir — onde se organizaram os protestos que culminaram na deposição de Hosni Mubarak, a 11 de fevereiro de 2011 —, os críticos do Presidente exigem a sua demissão.

Quanto aos apoiantes de Morsi, esmagadoramente apoiantes da Irmandade Muçulmana, estão reunidos junto à mesquita Raba El-Adwyia, na área de Nasr City. Defendem a continuação do mandato do Presidente, democraticamente eleito.

Artigo publicado no “Expresso Online”, a 3 de julho de 2013. Pode ser consultado aqui