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Em direto: Serviços de informação turcos dizem que golpe de Estado foi travado

Primeiro-ministro confirma a tentativa de golpe. As fronteiras estão encerradas, ninguém entra ou sai do país. Erdogan apela para as pessoas virem para a rua. Forças especiais confirmam que há mortos e feridos

03h15 Encerramos aqui o acompanhamento em direto. Obrigado por ter estado desse lado

03h11 Na noite em que uma fação militar levou a cabo uma tentativa de golpes de Estado na Turquiam Erdogan dirigiu-se à popuulação com um discucurso vitorioso, em que assegurou que os reposáveis serão severemente punidos.

02h31 Pelo menos seis civis morreram e cem outros ficaram feridos em Istambul durante o caos gerado, esta noite, pela tentativa de golpe militar posta em marcha na Turquia, informam hoje os meios de comunicação social locais.

Segundo a emissora CNNTürk, no Hospital Haydarpasa Numune foram contabilizados pelo menos seis mortos e aproximadamente uma centena de feridos.

02h29 “A Turquia já não é a Turquia de antigamente”

02h26 “É um ato de traição [a tentativa de golpe de Estado]”, considerou o presidente turco, que voltou a reafirmar que o golpe foi levado a cabo “por um pequeno grupo de militares dentro da instituição

02h25 Erdogan fala agora em direto

02h16

02h03 – Jornalistas e outros funcionários da CNN Turk estão a ser feitos reféns na sede da estação televisiva

02h01 Há relatos sobre duas explosões na Praça Taksim

01h52 O comandante das forças especiais turcas confimou à televisão NTV que há mortos e feridos. No entanto, não avançou com números.

01h50

01h44 A televisão publica turca TRT voltou esta noite (01:00 de Lisboa) a emitir normalmente, depois de os soldados que a tinham tomado terem abandonado o local.

A apresentadora de televisão da TRT, que há algumas horas tinha lido um comunicado a anunciar a tomado do poder por parte do exército, anunciou que foi forçada a faze-lo pelos soldados que ocuparam a emissora.

Imagens transmitidas pela televisão mostraram centenas de pessoas a celebrar a saída dos soldados.

01h37

01h34 Os serviços de inteligência turcos dizem que a tentativa de golpe de Estado foi “repelido”.

01h27

01h17 Ainda pouco se sabe do paradeiro de Erdogan, mas correm rumores de que estará a chegar àTurquia (este tweet vem reforçar a teoria)

01h09 Primeiro-ministro, Binali Yildirim, informou que “a situação está amplamente controlada”.

01h04 Mais um testemunho de quem está na Turquia. Desta vez do correspondente do Expresso em Ancara, José Pedro Tavares: “Turquia no limbo. Para que lado cairá?”

01h Alguns turcos seguiram o apelo do presidente Erdogan (cujo paradeiro é desconhecido até ao momento) e saíram para as ruas em protesto.

Sedat Suna
Sedat Suna

00h59 Desde 1960, a Turquia já foi palco de quatro golpes militares bem sucedidos. Do último, em 1997, resultou o nascimento do Partido Justiça e Desenvolvimento que haveria de elevar Erdogan ao poder. Veja aqui o balanço.

00h53 Pelin Özen, 28 anos, é turca e vive em Istambul. Agora está em casa segura e escreveu ao Expresso um testemunho do que viu, ouviu e sentiu. “Estava em pânico e não sabia o que fazer. Nunca vi algo tão caótico”.

00h30 – Informações ainda não confirmadas oficialmente dão conta de um helicóptero dos revoltosos que foi abatido por um avião do governo turco

00h26 – Porta-voz da chanceler alemã apela ao respeito pela ordem democrática na Turquia

00h18 – O secretário de Estado norte-americano, John Kerry, diz esperar que a estabilidade se mantenha na Turquia

00h15 – Barack Obama pede que se evite “banho de sangue” e que os partidos respeitem o governo eleito democraticamente

00h08 – Dezassete polícias foram mortos durante os confrontos com os revoltosos, noticia a AFP. Essa informação não foi contudo confirmada ainda por fontes oficiais

00h02 – Segundo informações avançadas pela agência iraniana, Erdogan aterrou há instantes no Teerão

23h39 Segundo a AP, a NATO (Organização do Tratado Atlântico Norte) não fez comentários quando questionada cobre de que forma este golpe de Estado iria afetar a organização. A Turquia aderiu à NATO em 1952.

23h36 Governo português aconselha portugueses a ficar em casa ou hotéis

23h34 – Há relatos de festejos na Síria com as movimentações militares na Turquia

Stringer/Turkey
Reuters Tv

23h27 – Ouvem-se cânticos religiosos pró-governo. Paralelamente estão a ocorrer manifestações contra Erdogan

23h26 – População turca saiu à rua

23h24 – Estão a ocorrer trocas de tiros nas ruas de Istambul

22h20 Tanques militares estão a abrir fogo em frente ao edifício do Parlamento.

22h19 O vídeo da entrevista de Erdogan à CNN Turk, feita através de uma chamada via facetime

23h14 – Golpistas e militares estão em confrontos em Istambul

23h13 – O ambiente é de caos. Um helicóptero abriu fogo em Istambul. Imagens em direto mostram um grande aparato, com várias ambulâncias no local.

23h05 – Segundo pessoas que se encontram na Turquia, a população está a receber informação contraditórias. Os militares anunciam o controlo do país, enquanto Erdogan e o AKP dizem para continuar a vida normalmente e que tudo não passa de um grupo minoritário a causar confusão.

22h54 – O Presidente turco estará num voo que foi proibido de aterrar em Istambul a caminho da Alemanha, noticia a NBC America

22h51 – Uma forte explosão foi ouvida em Ancara, avança a AFP. Há indicações de que se ocorreu perto do edifício da TV estatal

22h50 A fação militar, pelo contrário, pede aos turcos que permaneçam dentro de casa.

22h49 Erdogan dirigiu-se à população numa chamada pelo Face Time.

22h47 “Para salvar a democracia”, Erdogan pede às pessoas para irem para as ruas.

22h45 O canal de televisão governamental TRT estão sem emissão.

22h42 O presidente Erdogan apela à população pessoas virem para a rua.

22h41 Há informações que apontam para a ocorrência de uma explosão na Academia da Polícia e na sede dos Serviços Secretos turcos. Existem ainda rumores de que alguns sectores militares entraram em confronto com as forças da polícia.

22h39 Vários aviões estão a sobrevoar Ancara a baixa altitude e tanques militares estão a bloquear parcialmente as duas pontes sobre Bósforo e o aeroporto. Al Jazeera acrescenta que também o aeroporto de Istambul foi encerrado e os voos cancelados.

22h37 “É oficialmente declarado agora que um golpe militar está a acontecer. Todas as fronteiras estão fechadas”, avança a estação de televisão governamental TRT.

22h34 Em comunicado, a fação militar que iniciou o golpe de Estado, afirma ter tomado “total controlo do país”. Segundo as forças armado, no texto citado pela agência turca Dogan, o objetivo é “reinstalar a ordem constitucional, a democracia, os direitos humanos, a liberdade, garantir que o Estado de direito volta a reinar no país e que a lei e ordem sejam reinstaladas”.

22h29 “Esta é uma tentativa de golpe de Estado. Estamos a considerá-la como um levantamento militar, que não vamos deixar ter sucesso. Aqueles que fazem esta tentativa vão pagar um preço pesado”, disse o líder do Executivo aos jornalistas, citado pela imprensa turca.

22h22 Está em curso uma tentativa de golpe de Estado na Turquia. A confirmação foi dada pelo primeiro-ministro, Binali Yıldırım, ao começo da noite desta sexta-feira. As movimentações de militares terão começado por volta das 20h50 (hora de Lisboa).

Artigo escrito com José Pedro Tavares, correspondente em Ancara, Liliana Coelho e Marta Gonçalves.

Artigo publicado no “Expresso Online”, a 15 de julho de 2016. Pode ser consultado aqui

Tropas americanas não retiram para já

O Presidente afegão pediu e Barack Obama acedeu. Cerca de 10 mil militares norte-americanos continuarão no Afeganistão até ao fim de 2016

De visita aos Estados Unidos, o Presidente afegão, Ashraf Ghani, ouviu o Presidente Barack Obama voltar atrás na promessa de que retiraria o contingente norte-americano do Afeganistão até ao fim do seu mandato.

Em vez de reduzir o número de militares dos atuais 9800 para 5500 até ao final deste ano, como previsto, e finalizar a retirada em 2016, a Casa Branca concordou em atrasar o processo. 

Entre as razões para esse compromisso estão deficiências na atuação das forças de segurança afegãs, pesadas baixas entre militares e polícias, a fragilidade do Governo de Ashraf Ghani e também receios de que combatentes do autodenominado Estado Islâmico possam ganhar posições no interior do Afeganistão.

Para além dos 9800 militares norte-americanos, há ainda cerca de 3000 soldados da NATO no Afeganistão. As forças internacionais não estão envolvidas em operações de combate, mas são cruciais para as operações com drones (aviões não tripulados), nas áreas onde se concentram forças talibãs.  

Talibãs dos dois lados

Na terça-feira, um ataque com um drone norte-americano matou nove combatentes islamitas paquistaneses na província afegã de Nangarhar (leste), junto à fronteira com o Paquistão.

Cinco pertenciam ao grupo Lashkar-e-Islam, sedeado na área tribal de Khyber, e quatro eram comandantes do Tehrik-i-Taliban Pakistan, ou seja, os talibãs paquistaneses. No início de março, as duas fações anunciaram uma aliança.

Nascidos em 2007 com o objetivo de fazerem a jihad contra o Governo central do Paquistão, os talibãs paquistaneses, aos poucos, têm estendido a sua ação ao vizinho Afeganistão. Paralelamente aos talibãs, também a Rede Haqqani, sedeada no Paquistão, tem visado o Governo de Cabul e as tropas estrangeiras no Afeganistão.

Afeganistão e Paquistão acusam-se mutuamente de darem guarida a forças islamitas com o objetivo de desestabilizar o vizinho.

Porém, esta tradicional relação hostil entre Cabul e Islamabade vive uma fase de desanuviamento desde a eleição de Ashraf Ghani para a presidência do Afeganistão, em setembro de 2014.

Em finais do ano passado, o primeiro-ministro paquistanês, Nawaz Sharif, declarou o seu apoio aos esforços do Presidente Ghani para sentar à mesa das negociações os talibãs afegãos.

Artigo publicado no “Expresso Online”, a 25 de março de 2015. Pode ser consultado aqui

Olhos no céu, tropas em terra

A NATO rendeu-se aos drones não armados e investiu numa frota que dá meia volta ao mundo sem abastecer

O ano de 2013 abriu a caixa de Pandora do potencial civil dos drones. Nas Filipinas, devastadas pelo tufão Haiyan, ONG recorreram a veículos
aéreos não tripulados para mapear a destruição e direcionar ajuda. No Quénia, drones baratos revelaram-se armas eficazes na proteção de elefantes, localizando caçadores furtivos e afastando manadas de zonas de risco. Nos EUA, a Amazon anunciou que irá fazer entregas recorrendo a estes aparelhos.

Estes exemplos revelam como, aos poucos, os drones se afirmam na área comercial e deixam de ser vistos exclusivamente como máquinas assassinas — perceção que decorre dos milhares de mortos, sobretudo
no Afeganistão, Paquistão e Iémen, por drones da CIA.

Talvez por isso, entre os militares, a palavra drone seja incómoda — preferem falar de veículos aéreos não tripulados (UAV). Porém, não escondem o entusiasmo perante o potencial civil destes aparelhos.

Um grande investimento em curso é o projeto de Vigilância Terrestre da NATO (AGS), que consiste na aquisição de cinco Global Hawk 40, não armados. Os portões da Base da Força Aérea dos EUA de Grand Forks, no Dakota do Norte, abriram-se ao Expresso e a cinco outros órgãos de informação europeus para um raro contacto com um destes drones. O ‘pássaro’, mais parecido a uma baleia branca, tem 40 metros de envergadura, 14,5 de comprimento e 4,7 de altura.

Equipado com sofisticadas câmaras, radares e sensores, sobe a 60 mil pés (18 km) — bem acima dos aviões comerciais — e voa ininterruptamente durante mais de 30 horas. Com um único tanque de combustível, dá quase meia volta ao mundo. Indiferente às nuvens e à poeira, o Global Hawk 40’ observa tudo o que mexe à superfície — até uma pessoa a andar.

Ao serviço da justiça

Na era dos drones, os pilotos continuarão a ser necessários, mas já não se sentarão no cockpit. Os veículos serão dirigidos à distância — por vezes a milhares de quilómetros da área que sobrevoam — por operacionais sentados à secretária. De olhar no ecrã e mão no rato do computador, não ouvem sons nem sentem acelerações ou travagens. O drone voa programado por GPS e o piloto vai fazendo zooms sobre pontos de interesse que surjam no ecrã.

O ‘risco zero’ que estes drones implicam para quem os opera é uma mais-valia deste tipo de tecnologia. Outra é a possibilidade de os pilotos se revezarem sem que o aparelho tenha de interromper a missão.

Nos EUA — onde, por exemplo, na Universidade do Dakota do Norte já se ensina a pilotar drones —, há muito que as forças de segurança se renderam ao uso civil destes aparelhos. Marinha e Força Aérea usam o ‘Global Hawk? desde 1998. Também o Departamento de Segurança Interna possui dez ‘Predator B’, usados para patrulhar a fronteira e em missões policiais. Em janeiro, pela primeira vez, um americano foi condenado com base em imagens recolhidas por um ‘Predator’.

Quando receber a frota de ‘Global Hawk 40’ — prevê-se que em 2017 —, a NATO irá usá-los na escolta de frotas humanitárias, na identificação de povoações devastadas por catástrofes naturais, no apoio a populações em fuga de guerras ou na vigilância em alto-mar.

A recolha de informação em tempo real será também importante para apoiar forças militares em situações de conflito — “olhos no céu para tropas em terra”, como a NATO descreve o projeto. Em 2011, durante a intervenção militar da NATO na Líbia, liderada por franceses e britânicos, a Aliança dependeu fortemente de meios americanos sobretudo ao nível da vigilância terrestre.

Em San Diego, na Califórnia, onde se situa um dos Centros de Excelência de Sistemas Não tripulados da Northrop Grumman — o gigante da indústria da Defesa que está a produzir os ‘Global Hawk’ para a NATO —, as paredes de uma sala de reuniões estão repletas de capas de revistas onde os drones e seus antepassados são a estrela. Algumas têm dezenas de anos. Para a Northrop Grumman — cujas vendas em 2012 rondaram os $25 mil milhões (€19 mil milhões) —, o ‘Global Hawk’ é apenas a última novidade. Desde os anos 40 que a empresa, então chamada Northrop Corporation, se dedica a colocar espiões no ar, cada um mais sofisticado do que o anterior. E mais intrusivo também.

DRONES EM MISSÃO NOS EUA

11 DE SETEMBRO, 2001
Um ‘exército’ de robôs terrestres PackBot saiu às ruas para ajudar nas ações de resgate. “São socorristas que não são afetados pela carnificina, poeira e fumaça”, escreveu então o jornal “The New York Times”, “imunes à fadiga e ao desgosto”.

INCÊNDIOS NA CALIFÓRNIA, 2007
O Global Hawk juntou-se aos ‘soldados da paz’, voando dia e noite para identificar casas em perigo, focos de reacendimento e alterações bruscas na direção das chamas.

TERRAMOTO NO HAITI, 2010
No âmbito da operação “Resposta Unificada”, dos Estados Unidos, drones filmaram estradas e pontes para determinar vias transitáveis para a assistência humanitária.

DESASTRE DE FUKUSHIMA, 2011
Um Global Hawk estacionado na base de Guam sobrevoou a central nuclear japonesa para recolher dados e fornece-los ao Governo de Tóquio. Em 2013, Estados Unidos e Japão acordaram que “dois ou três” Global Hawk norte-americanos EUA ficariam em solo japonês.

FURAÇÃO LESLIE, 2012
A NASA aproveitou este furacão no Atlântico para estudar formas de “rastrear furacões e tempestades tropicais”. Um Global Hawk doado pela Força Aérea americana seguiu o Leslie durante dez horas para analisar a sua formação e alterações de intensidade.

AO SERVIÇO DA NATO

5
Global Hawk 40 serão comprados pela NATO para missões de vigilância terrestre. O projeto ficará sedeado na base de Sigonella (Itália), onde as informações recolhidas pelos drones serão analisadas e partilhadas

15
membros financiam o projeto — não é o caso de Portugal. A informação recolhida nas operações da NATO será disseminada pelos 28 membros e pelos 22 países da Parceria para a Paz. Durante a realização de exercícios, os dados serão partilhados apenas por quem pagou

1,7
mil milhões de dólares (1,2 mil milhões de euros) é o valor do contrato assinado entre a NATO e a empresa Northrop Grumman, na Cimeira de Chicago de maio de 2012. Os Estados Unidos pagam 42% do projeto

FORÇA AÉREA INVESTE NO UAV PORTUGUÊS

As Forças Armadas portuguesas ainda não usam aeronaves não tripuladas nas suas missões, mas a Força Aérea já desenvolveu e colocou no ar vários protótipos

As Forças Armadas portuguesas estão em contagem decrescente para começar a utilizar drones nas suas operações. Atualmente, o desenvolvimento de tecnologia para veículos aéreos autónomos não tripulados (UAV) é a grande prioridade do Centro de Investigação da Academia da Força Aérea (CIAFA). “A utilização destas aeronaves está a aumentar exponencialmente”, refere a major Maria Madruga Matos, subdiretora do CIAFA, durante uma visita guiada ao laboratório do Centro, na Base Aérea nº 1, em Sintra. “Aqui juntamos a necessidade de ter plataformas para testar tecnologia e necessidades operacionais da Força Aérea, que já começou a pensar como é que veículos não tripulados podem ser integrados em ações de vigilância marítima.”

Em situações de busca e salvamento, por exemplo, os drones têm várias vantagens comparativamente aos meios tripulados. “Já temos capacidade para fazer voos noturnos”, diz o tenente-toronel José Morgado, diretor do CIAFA. “E em caso de ventos ou mau tempo, os riscos podem ser mais assumidos do que quando se usam plataformas tripuladas, uma vez que não há ninguém a bordo.” Em termos de combustível, uma hora de voo numa plataforma destas fica-se pelos 50 cêntimos.

No CIAFA, os protótipos são construídos de raiz. Isso permite, nas palavras do tenente-coronel Morgado, “fazer o caminho das pedras: produzir um protótipo, instalar pilotos automáticos, fazer integração de sistemas, desenvolver algoritmos, etc. Não teríamos todo este conhecimento se nos limitássemos a comprar coisas feitas.”

A partir da base da OTA, o Centro já testou mais de 15 plataformas de três modelos diferentes, ultrapassando os 900 voos autónomos e as 500 horas de voo. Estes resultados são possíveis graças ao PITVANT — Projeto de Investigação e Tecnologia em Veículos Aéreos Não Tripulados (2008-2015), financiado pelo Ministério da Defesa (€2 milhões) e desenvolvido em parceria com a Faculdade de Engenharia do Porto.

Em julho, o PITVANT deu um ar da sua no exercício REP13, organizado pela Marinha. Ao largo de Portimão, 100 kg de pipocas despejados no mar simularam uma mancha de óleo. Aos drones coube identificar o navio poluidor, acompanhar a evolução da mancha e enviar informações, em tempo real, para o comando da operação, que nunca saiu de Lisboa.

TRÊS PERGUNTAS A

José Morgado
Tenente-coronel, diretor do Centro de Investigação da Academia da Força Aérea

O que já foi conseguido no âmbito do Projeto PITVANT? 
Entre 2009 e 2012, estivemos fechados na OTA a desenvolver tecnologia, capacidade de integração de sistemas e procedimentos de operação. Em 2012, começámos a operar os sistemas em ambiente marítimo. Este ano, queremos fazer voos de longa duração sobre o mar e estudar a forma como estas plataformas podem interagir com meios tripulados da Força Aérea.

Qual é a autonomia dos voos?
Em Porto Santo fizemos voos de hora e meia e em Santa Cruz e Portimão fizemos de três a três horas e meia. Atualmente, temos autonomias que vão até às seis horas e estamos a preparar plataformas que irão até às 15 horas para um objetivo específico que queremos concretizar em 2014: voar entre Porto Santo e as Selvagens (600 km, ida e volta).

O eventual alargamento da Zona Económica Exclusiva portuguesa aumenta a utilidade desta tecnologia?
Nesse cenário, este tipo de tecnologia faz todo o sentido. No processo de candidatura, Portugal tem de mostrar capacidade para vigiar e monitorizar toda essa área. Os veículos aéreos autónomos não visam substituir as plataformas tripuladas, mas sim complementá-las.

Viagem a convite da Missão dos EUA na NATO

Artigo publicado no Expresso, a 12 de abril de 2014

Cenário de guerra nas ruas do Cairo

Um jornalista espanhol conta o que viu, sexta-feira à tarde, nas ruas da capital egípcia, onde nenhum sítio parece ser seguro

O “dia da ira”, convocado em todo o Egito por apoiantes da Irmandade Muçulmana, saldou-se em pelo menos 27 mortos, segundo o Ministério da Saúde local. A Al-Jazeera noticiou 32 mortos, só na Praça Ramses (Cairo), e sete na cidade de Alexandria. Outros órgãos de informação falam em mais de 50 mortos.

Julio de la Guardia, jornalista espanhol, contou ao Expresso o que testemunhou, durante a tarde, nas ruas do Cairo:

“Acompanhei uma manifestação que partiu de Gizé em direção à Praça Ramses. Ao chegar junto ao Hotel Kempinski, a polícia tinha montado uma barreira e começaram os confrontos. Os manifestantes à pedrada. A polícia, no início, com gases. Depois começou a disparar, apesar dos manifestantes não terem armas nem terem disparado qualquer tiro. Mataram uma vintena de manifestantes e levaram bastantes feridos nas motas. Unidades especiais vestidas de preto, alguns com camuflados e outros com capacetes. Também francoatiradores. Eu estava resguardado na entrada do Four Seasons, pensado que era um lugar seguro. Errado! Começaram a disparar rajadas. Todo o vidro metralhado. Dois mortos ao meu lado.”

Os confrontos continuaram pela noite dentro, em desafio ao recolher obrigatório imposto pelas autoridades militares, entre as 19 horas e as seis da manhã (mais uma hora do que em Portugal continental).

Esta jornada de protesto foi convocada pela chamada Aliança Anti-Golpe, que se opõe ao golpe militar de 3 de julho que afastou do poder o Presidente islamita Mohamed Morsi, democraticamente eleito.

Na quarta-feira, a dispersão, pela força, de milhares de apoiantes de Morsi que ocupavam duas praças do Cairo fez, segundo o Ministério da Saúde, 638 mortos e mais de 4000 feridos.

Artigo publicado no “Expresso Online”, a 16 de agosto de 2013. Pode ser consultado aqui

União Africana suspende Egito

O Egito foi suspenso de todas as atividades da organização pan-africana até que seja reposta a ordem constitucional

A União Africana suspendeu, esta sexta-feira, o Egito de todos os trabalhos da organização, na sequência do golpe militar que afastou o Presidente Mohamed Morsi, democraticamente eleito.

A situação manter-se-á até que “seja restaurada a ordem constitucional”, afirmou Admore Kambudzi, secretário do Conselho para a Paz e Segurança da organização pan-africana, composta por 54 Estados e reunida em Ais Abeba, Etiópia.

Ao mesmo tempo, no Cairo, o Presidente interino, Adly Mansour, emitiu uma declaração dissolvendo o Conselho Shura (câmara alta do Parlamento), controlada pelas forças islamitas.

A Irmandade Muçulmana marcou, para hoje, uma jornada de protesto contra a deposição de Morsi, a que chamou “Sexta-feira da Rejeição”. Na manifestação já morreram três pessoas.

Ao fim da tarde, Mohamed Badie, o Guia Supremo da Irmandade Muçulmana, apareceu junto de milhares de manifestantes pró-Morsi, reunidos junto à mesquita Rabaa Al-Adaweya, na zona cairota de Nasr City, desmentindo assim as notícias de que estava detido.

Num discurso à multidão, afirmou que o golpe militar que afastou a Irmandade do poder é “inválido” e que há apenas um Presidente no Egito, Mohamed Morsi. “Não sairemos das ruas até que o Presidente Morsi seja reintegrado.”

FALTA FOTOGALERIA

Artigo publicado no “Expresso Online”, a 5 de julho de 2013. Pode ser consultado aqui